Capítulo 11

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Kenma mudou seu peso de um pé para o outro. Ele sabia que precisava fazer isso, só não tinha previsto o quão difícil seria a tarefa.

  Ele não havia pisado em seu apartamento desde antes de Kuroo ir embora, sabendo que ele estava cheio de inúmeras memórias que Kenma ainda não estava pronto para enfrentar.

  Kenma pressionou a chave na fechadura. Ele tinha que enfrentá-las. No final, eram as únicas coisas de Kuroo que Kenma tinha.

  Ele girou a chave. Não queria enfrentá-las.  Elas eram muito dolorosas, duas semanas não foram o suficiente para fugir.

  Ele empurrou a porta. Era agora ou nunca.

  Entrar em seu apartamento foi mais chocante do que ele temia. Ele meio que esperava que Kuroo o cumprimentasse na porta, do jeito que ele tinha feito um milhão de vezes antes. Enquanto caminhava, olhou para ver se Kuroo estava parado na cozinha, cantando alto e desafinado enquanto cozinhava como sempre fazia. Ele até esperava ver Kuroo sentado no sofá cercado por trabalhos de pesquisa que explicaria a Kenma naquela noite, os olhos brilhando devido à alegria não adulterada da química.

  Mas é claro, ele não estava lá.

  O apartamento estava tão escuro e vazio quanto Kenma deveria saber que estaria.

  Com as pernas trêmulas, Kenma empoleirou-se no sofá, a cabeça entre as mãos. Ele não sabia o que fazer, a vida não vinha com um manual de como processar a perda de todo o seu universo.

  Ele não desejava nada mais do que Kuroo estar ali, segurando sua mão. Ele saberia o que dizer. Ele sempre sabia.

  Kenma se levantou de um salto. Uma das últimas conversas adequadas com Kuroo foi ele dizendo que havia deixado algo para ele. Kenma confiava que talvez, apenas talvez, Kuroo o conhecesse bem o suficiente para guiá-lo.

  Ele se arrastou até o quarto, abrindo o armário e erguendo o olhar para a prateleira que Kuroo havia apontado. Ele sempre brincou com Kenma por não ser capaz de alcançá-la, e de alguma forma ele sentiu que essa era a maneira de Kuroo de dar a última risada. Ele não se incomodou com isso.

  Kenma bufou enquanto pegava um banquinho da prateleira de baixo, equilibrando-se nele para revelar o que estava na prateleira. Ele foi saudado pela visão de uma caixa com um padrão de estrelas marcando-a. Kenma hesitantemente estendeu a mão para ela, agarrando-a contra o peito enquanto pulava e se movia para se sentar na cama.

  Havia um envelope colado na caixa, com um escrito grande e rabiscado "Para Kenma". Kenma olhou para ela, agarrando a caixa com força, como se estivesse preocupado que ela desapareceria se ele não segurasse.

  Cuidadosamente, ele tirou o envelope da caixa, abrindo-o com uma precisão lenta para garantir que não rasgaria uma das únicas coisas restantes que tinha de Kuroo.

  Puxou as folhas de dentro, revelando páginas e mais páginas de um escrita que era tão familiare, mas incrivelmente estrangeira. Era claramente de Kuroo, seu estilo de caligrafia claro como o dia, mas havia uma qualidade instável nele, como se a caneta tivesse escorregado enquanto ele a escrevia.

  Lágrimas brotaram dos olhos de Kenma pela primeira vez em duas semanas, Kuroo deve ter escrito isso antes de deixar o hospital pela última vez. Ele não conseguia nem imaginar o quão difícil deve ter sido escrever em seu estado, o quanto Kuroo o amava o suficiente para fazer isso.

  Kenma esfregou os olhos com a mão livre, segurando a carta como uma tábua de salvação na outra. Ele não podia chorar agora, ele tinha que segurar um pouco mais, para ver o que Kuroo tinha a dizer a ele.

A Galáxia é Infinita (Pensei Que Nós Também) | Tradução Onde histórias criam vida. Descubra agora