Capítulo 10

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Kenma estava ciente de que Kuroo não tinha muito tempo.

  Estava escrito em cada um de seus traços, ouvido nas batidas de seu monitor cardíaco, que só ficava mais fraco a cada dia. Ele era uma sombra de quem era quando Kenma o conheceu anos atrás; as sombras haviam apagado toda a sua luz. Seus sorrisos fáceis agora substituídos por um nada vazio que partia o coração de Kenma todos os dias sem falhar.

  Mas Kuroo não havia dito essas três palavras para Kenma ainda; algo que ele lembrava a si mesmo a cada momento. Contanto que ele não os dissesse, isso significava que eles tinham tempo.

  O puxão cruel nas cordas do coração de Kenma o avisou que não havia muito mais tempo que ele seria capaz de pensar assim.

  Ele tentou ignorar.

  Estava sentado de pernas cruzadas na cama de Kuroo, apenas olhando para ele. Assistindo a difícil ascensão e queda do peito de Kuroo enquanto cada respiração claramente doía mais do que a anterior. Estava apenas claro que ele estava acordado pelo sutil vinco de sua sobrancelha, a única maneira que Kenma aprendera a interpretá-lo nos últimos meses.

  Kenma lutou contra as lágrimas que ameaçavam picar seus olhos ao pensar no que sua alma gêmea estava passando; o que ele deveria estar sentindo. Kuroo era quem estava sofrendo; e Kenma era o único a ser um bebê sobre isso. Não parecia certo. Ele nem sabia o que fazer. A impotência de Kenma estava se tornando um fardo cada vez mais difícil de suportar. Não importa o que ele fizesse ou dissesse, ele não poderia tornar as coisas melhores para Kuroo. Era um inútil.

  No entanto, não queria dizer que estava desesperado ainda.

  "Kuroo," chamou Kenma. Ele não tinha um motivo para fazer isso, a não ser aquele mesmo puxão em seu coração, aludindo-o ao fato de que era a coisa certa a fazer.

  Kuroo disse um "hmm" em resposta, as pálpebras nem mesmo tremendo.

  Esse foi o primeiro sinal de que era pior do que Kenma pensara, pior do que ele estava disposto a admitir.

  "Kuroo?" Ele chamou novamente.

  Nada.

  O fraco bipe do monitor cardíaco era no que Kenma estava tentando se concentrar. Um lembrete seguro de que Kuroo não havia partido, que ele ainda estava ao alcance de seu braço. Que ele ainda estava ali. Que Kenma não estava sozinho ainda.

  Pareceu um infinito antes de Kuroo finalmente falar, sua voz tão frágil e trêmula como um pássaro perdido em uma tempestade tumultuosa.

  "Kenma."

  Kenma pulou do pé da cama, caindo de joelhos ao lado dela, agarrando a mão mole de Kuroo para alertá-lo de sua presença.

  "Estou bem aqui. O que foi?"

  "Kenma, isso dói."

  E ah, como o coração de Kenma se despedaçou.

  Nem uma vez Kuroo vacilara assim; nenhuma vez ele reclamou de nada. Ele não reclamou quando foi diagnosticado, nem quando os sintomas o dominaram, nem mesmo sobre como isso iria acabar inevitavelmente. Apesar do que o universo havia jogado nele, ele lidou com isso com uma integridade que Kenma mal conseguia compreender. Para o bem de Kenma, mais do que para si mesmo.

  Kenma não se enganou. Ele estava hiper ciente do fato de que Kuroo havia passado mais tempo tentando proteger o coração de Kenma do que expressar suas próprias lutas. Não importa quantas vezes Kenma disse a ele que estava tudo bem, ele não se movia; mais teimoso do que nunca.

A Galáxia é Infinita (Pensei Que Nós Também) | Tradução Onde histórias criam vida. Descubra agora