ATENÇÃO:
a cor é bege, mas não tem
nenhum emoji e esse foi o
mais próximo do tom que eu
achei.— Hoje o dia tá tão quente!
Em plenas sete da manhã, os alunos se encontravam em um poço de agitação. Dias quentes demais não eram comuns, mas quando aconteciam, certamente eram ruins. A disposição para estudar já não era algo tão constante ali - apesar da fama pelas boas notas que aquele colégio proporcionava -, e em dias quentes como aqueles em especial a disposição se tornava ainda mais escassa.
Jogados de qualquer maneira sobre a cadeira, com as pernas abertas e os braços escorados nos braços das cadeiras, os dois evitavam o máximo de contato físico possível. Obviamente queriam se abraçar ou dar uma bitoquinha aqui ou ali, mas o calor tornava impossível qualquer que fosse a aproximação.
— Eu acho que em dias como hoje deveriam suspender as aulas. Não é nem um pouco inspirador estudar assim. Nem o ar condicionado mais potente é capaz de nos esfriar agora.
E era verdade. Todos estavam de mal humor, irritados com até mesmo a possibilidade de serem tocados de leve por alguém. A medida que o suor descia pela lateral de seus rostos e suas respirações profundas se tornavam ofegantes, as suas amígdalas se sentiam ainda mais estimuladas a mandarem o máximo de estímulo para o hipotálamo, obrigando-o a produzir corticotrofina e darem aos jovens a flor da pele o máximo de raiva que podiam sentir.
Mas é claro que nem todo calor do mundo poderia atingir a completa bolha cor de rosa onde os dois rapazes viviam incansavelmente. Enquanto mais da metade dos colegas produziam mais corticotrofina do que um ser humano normal seria capaz de aguentar, os dois exalam oxitocina, a mais brilhante e cor de rosa possível. Mesmo com seus corpos longes, seus pés cobertos pelas meias e livre dos tênis se tocavam em cima da cadeira, enquanto eles trocavam olhares apaixonados.
Completamente rendidos a qualquer movimento alheio que fosse, não prestavam atenção alguma a qualquer sinal de alguma movimentação por fora da colorida e cheia de glitter bolha de amor. Por isso, não notaram quando o tempo começou a passar e as primeiras aulas foram embora em um piscar de olhos sem que eles desfrutassem ao menos um pouco do que deveriam. Tão estressado quanto os alunos, o professor não manteve disposição nem para brigar com todos aqueles que não tentavam esconder que não estavam dando a mínima para o que acontecia na frente da turma.
A pressão psicológica foi tão pesada que no meio da aula a professora sentou-se na cadeira e não tentou mais ensinar. Dessa vez nem tinha sido culpa dos alunos; ela parecia menos disposta ainda a tentar ensinar algo. E ela suava. Suava muito, então ela simplesmente sentou e esperou seu horário acabar, dando um gole em sua garrafa a cada cinco segundos contados.
— O horário vai tocar em dez minutos. O dia nunca se passou tão rápido assim. Acho que não foi tão ruim o dia ter amanhecido tão quente como hoje. — Uma das alunas sussurrou, enquanto balançava seus pés apoiados na mesa.
— Pelo menos uma coisa boa tinha que vir disso.
Dito e feito. Um pouco mais tarde o sinal ecoou, fazendo os adolescentes saírem correndo de suas salas - o que era engraçado já que eles reclamaram tanto do calor - para guardarem seus lugares nas mesas que logo se tornaram cheias.
— Hoje eu fiz cookie caseiro. Foi minha primeira vez, então pode estar ruim. — Cuidadosamente Draco ofereceu o biscoito, analisando a expressão que surtia do rosto a medida que ele mastigava. — Como tá?
— Tá bom. Tá muito bom, na verdade. Muito, muito bom! Você não consegue errar pelo menos na primeira vez?
— Que bom que você gostou tanto...
— Com um sorriso pequeno, Draco deixou um singelo selar na bochecha morna de Harry.— Ah, não... — Murmurando, Harry colocou as mãos sobre o rosto, suspirando pesadamente. Antes que Draco pudesse ter alguma reação, Cedrico Diggory sentou-se ao seu lado, com um sorriso sacana. — Precisa de alguma coisa, Diggory?
— Não, nada. Só vim sentar com meus amados amigos. Para colocarmos a conversa em dia.
Instintivamente, Draco abaixou sua cabeça e largou o talher sobre a mesa. Juntou as mãos em frente ao seu corpo, alinhadas em seu colo, batendo seu pé contra o chão enquanto seu cabelo se tornava mais claro, até estar completamente bege.
— Eu não sei o que você quer aqui, mas por favor, deixe-nos em paz. Estávamos comendo e conversando juntos, eu e ele. Você não faz parte disso, então peço que se retire. Estou pedindo educadamente.
— Por que você parece tão irritado, gracinha? Isso nunca tinha acontecido entre nós dois antes. — Provocativo, Diggory não limitou seu sorriso, se mexendo sobre o banco e empurrando de leve Malfoy com o quadril.
— Quer parar de falar sobre isso? Não é legal, eu não gosto! Ficamos, certo. Mas faz tempo, eu não gosto de você, então pode parar de me perturbar como se fossemos ter um futuro feliz repleto de crianças e amor? Isso me incomoda e incomoda mais ainda Draco. Se você não parar com essa merda de insistir em algo irreal e sem a mínima possibilidade de tornar a acontecer, eu vou adorar corrigir você usando meus punhos. — Irritado, Harry socou a mesa, olhando no fundo dos olhos calmos de Cedrico, este que apenas reprimiu uma risada e levantou.
Entretanto, antes de sair, ele apoiou a mão no ombro de Draco. — Eu você tomaria cuidado. Não se apegue demais. Nunca se apegue.
— Considere isso para sua vida! Anda, Cedrico! — Ainda mais frustado ele insistiu, vendo o moreno dar as costas e ir embora, sumindo completamente do seu campo de visão. Ele suspirou, sentando ao lado de Draco. — Por favor, me diga que bege não é insuficiência ou qualquer coisa assim.
Incapaz de elaborar uma resposta, Draco levantou seu olhar triste com seus lábios trêmulos e o rosto avermelhado. Conhecendo-o bem como conhecia, Harry sabia que ele estava prestes a chorar - tanto por Cedrico quanto por, visivelmente, bege ser o que ele temia - então tratou de agarrar o seu corpo, deixando-o esconder seu rosto em seu peito e usar o seu corpo pequeno e magro como apoio, apertando o tecido de suas vestes entre seus dedos gelados e deixando a sua dor ser completamente esvaziada junto às lágrimas.
— Está tudo bem, Dray... Tudo bem. Pode chorar, ok? — Acariciando as suas costas, Harry agradeceu pelo resto do refeitório não ter percebido o que acontecia naquela mesa. Quando Draco finalmente levantou novamente o seu olhar Harry sentiu seu peito apertar por ver o seu rosto daquela forma. — Por favor, não se sinta insuficiente. Nem comparado a Cedrico, nem a ninguém. Você é único, Dray. Você é especial, você vale mais do que todas as pedras preciosas juntas. Nunca se diminua por ninguém, reconheça o tamanho enorme do seu valor e nunca deixe ninguém contestar a sua preciosidade. Sendo o garoto que eu gosto ou não, você vai ser sempre a minha alma gêmea e a pessoa que eu mais amei nessa vida e em todas as outras que a gente possa viver juntos.
— Eu te amo... — Uma resposta curta, mas com uma vasta imensidão de significação por trás. E Harry sabia perfeitamente disso.
No fim, disseram à diretora que se sentiam enjoados pelo biscoito comido mais cedo e puderam sair antes do horário normal. Passaram em uma praça e ficaram o resto da tarde sentados no balanço, com a rajada forte do vento balançando seus cabelos a medida que o balanço ia para frente e para trás.
Daquela vez, foi Harry que o deixou em casa. Com um selar suave nos doces lábios de Desço ele o deixou em sua porta sozinho, indo embora para sua própria casa com o coração mais aliviado ao saber que Malfoy estava bem.
Era esse o preço de amar tanto alguém?
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Colors - drarry
Fanfiction[DRARRY VERSION] Com uma doença onde as cores do seu cabelo indicam seus sentimentos, Draco Malfoy desafia o melhor amigo pelo qual é secretamente apaixonado, desvendar todas as cores que seu cabelo pode mostrá-lo. capa por Kery__