☎️ - thirteenth

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Feliz natal, vidas!



— Você tem certeza que escondeu direito? — Narcisa Malfoy perguntou, seguindo seu filho pela casa, nervosa.

— Sim, mãe. Não se preocupe. O anel está bem escondido, embora seja desnecessário já que ele não virá aqui.

Terminou de guardar seus materiais, olhando o relógio. Resmungou, percebendo que estava atrasado, mas riu animado quando ouviu a voz de Harry chamá-lo do outro lado da porta.

— Sem comentários. Nos falamos depois, mãe!

— Mas...

Rapidamente a driblou, escapando da casa e puxando Potter para longe, percebendo a sua expressão confusa. Quando finalmente estava longe da casa e bem seguro, deixou um selar sobre sua bochecha.

— Bom dia, Hazz.

— Bom dia, Dray.

Sorriram, afobados, antes de continuarem o tedioso não tão tedioso caminho da escola. Assim que chegaram, alguns olhares foram direcionados ao ainda não casal, relembrando os horripilantes momentos da última vez em que estiveram lá.

Envergonhados, abaixaram a cabeça e seguiram trilhando o pátio, se refugiando juntos dos olhares curiosos da maioria dos estudantes presentes enquanto uma sequência de cochichos começava.

Sentaram em seus lugares na habitual sala, não tendo muito tempo para conversar pois logo o professor adentrou a sala, carregando seus materiais provavelmente pesados, equilibrando em seus dois braços enquanto conversava com alguém no celular apoiado em seu ombro contra sua orelha.

Ele jogou seus materiais de forma desleixada sobre a mesa de madeira, suspirando pesadamente e desligando a ligação. Olhou a sala que se enchia de alunos aos poucos e sorriu miúdo, sentando-se em sua cadeira e abrindo um dos livros.

A aula entediante logo se passou e vieram mais algumas antes de poderem ser liberados para almoçarem. Draco e Harry deixaram animadamente a sala, conversando sobre qualquer coisa que lhe dessem vontade.

Pegaram suas comidas e se sentaram na tão comum mesa afastada, conversando pelo dia que passaram longe um do outro, usando e abusando de suas mentes para criarem novos assuntos, como se tivessem passado anos e anos sem manterem contato e aquela fosse a primeira vez depois de tanto tempo de espera.

— Você tá livre amanhã? — Como quem não quer nada, Draco perguntou quase cem por centro espontaneamente, entre uma conversa ou outra.

— Eu acho que sim. Não faço nada demais durante a semana. Por quê?

— Você sabe que sexta é o baile, então amanhã não terá aula para a preparação dele. Não sabe?

— Sei sim. Nós vamos juntos. — Ele sorriu, parecendo verdadeiramente feliz pela confirmação que fez. — Mas não sei onde você quer chegar com esse assunto ainda.

— Então, eu queria te convidar para ir no chalé da minha família. Ele não é muito grande e é no meio do mato, bem afastado, mas eu posso pedir o carro dos meus pais emprestado e tenho certeza que eles vão deixar. Lá é super seguro e voltaremos na sexta a tempo de irmos ao baile juntos. Mas isso tudo só se você quiser, é que eu tenho algo importante a te falar e eu queria muito que fosse em uma ocasião mais especial mas tudo bem caso você não-

— Dray, respira. — Com um riso fraco, Harry pediu, apoiando sua mão livre em suas costas. — Eu adoraria ir. De verdade, então fique tranquilo. Posso falar com os meus pais logo hoje, e tenho certeza que eles me deixarão ir, já que é com você e para um lugar seguro. — Ele sorriu, apoiando sua cabeça em seu ombro e rodeando o braço de Draco com os seus próprios, suspirando pesadamente. — Obrigado por ter me chamado.

Malfoy sorriu, sem dar uma resposta literária, deixando Harry ouvir os seus batimentos acelerados como a resposta mais pura que seu corpo poderia transmitir. Deixou sua cabeça tombar e deitar por cima da sua, em silêncio.

O resto do intervalo pareceu retardar e passou-se lentamente. Os dois jovens aproveitaram o leve calor de seus corpos unidos em um toque singelo que sempre era compartilhado entre os dois. Com o final do horário de descanso, todos voltaram para a sala impacientes, sem o mínimo de vontade de continuarem nas - quase sempre - falhas de absorver as aulas.

A falta de compromisso e responsabilidade - como disse um dos professores do último tempo - irritou os mais velhos que tentavam aplicar suas matérias, o que resultou em um sermão de longos minutos que foi abruptamente interrompido por uma menina de cabelos azuis desconhecida pela maioria.

— O que leva um adulto nitidamente irritado a frustar seus alunos pela falta de "compromisso"? Você sabe o que é uma falta de compromisso? Eu fico satisfeita em te dizer. — Irritada mas mantendo seu tom calmo, ela prosseguiu. — Falta de compromisso é você diminuir nosso trabalho e esforço para ter um motivo para se queixar por aí. Você já passou pela nossa idade, e até hoje tem plena consciência de como é difícil continuar nos esforçando com tantas outras preocupações como o que seremos daqui a um ano. Em vez de nos pressionar ainda mais, deveria se colocar em nosso lugar e parar de querer que sejamos perfeitos. Deveria entender que erramos e necessitamos de compreensão agora.

Toda sala se calou diante da sua esplêndida coragem de falar alguma coisa, rebatendo firmemente os insultos do professor. Até mesmo o mais velho, que ficou visivelmente desconcertado, murmurou algo inaudível antes de dar as costas e continuar escrevendo no quadro, mexendo seu pescoço para os lados durante alguns minutos.

— Ela foi muito corajosa em falar aquilo. — Draco murmurou quando a aula acabou e eles deixaram a escola juntos.

— Pois é! Eu nunca conseguiria falar algo assim. E ela nem gaguejou!

Continuaram andando lado a lado. O crepúsculo estava se fazendo presente, exibindo orgulhosamente seu céu alaranjado difundindo-se com o rosa pálido. Abaixo daquela imensidão, os dois quase namorados andavam juntos, se distanciando da aglomeração de alunos que também saíam juntos da escola.

— Seu cabelo tá lindo. — Potter murmurou quando pararam próximo da casa de Draco, acariciando os fios macios e escurecidos. — Passou o dia inteiro preto, mas eu não consegui pensar em um motivo que o deixasse assim. Não fizemos nada de muito alarmante hoje, então o que significa? — Curioso, ele perguntou.

— É paz. Passamos o dia juntos, sem muitas emoções, apenas quietos. E isso me trouxe uma paz enorme. — Ele sorriu antes de segurar o seu rosto gordinho com as mãos, deixando um tímido beijo em seus lábios macios, se afastando logo depois.

Harry não elaborou uma resposta, apenas acariciou a sua cintura antes de apontar para a porta com sua cabeça, indicando que ele deveria entrar. E assim ele o fez, acenando até mesmo depois de fechar a porta e vê-lo dar as costas pela janela, sumindo de sua visão, deixando para trás uma saudade repentina e o céu colorido, como a alma repleta e turbulenta de Draco.

Colors - drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora