Floresta Urmanso

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No meio da floresta Urmanso, um cervo está comendo sossegado seu broto de árvore sem se preocupar com nada, quando de repente um barulho lhe chama a atenção e, antes mesmo que percebesse o perigo, uma flecha de 80 centímetros de comprimento, com uma ponta de metal extremamente afiada, atinge o seu peito, perfurando a sua pele, rasgando a sua carne até encontrar o seu coração e, antes mesmo que ele pudesse sentir dor, o metal pontiagudo encontra seu coração e o perfura como uma faca aquecida entrando em um tablete de manteiga. No mesmo instante em que o metal vai se aproximando do centro do seu coração, ele libera minúsculas partículas brancas que anestesiam todo o seu corpo no mesmo instante, fazendo com que o cervo não perceba que em seu peito há uma flecha encravada e que seu coração está sendo congelado ao ponto de não conseguir dar mais nenhuma batida. Todo o seu sangue para de circular pelo seu corpo e, então, o Cervo cai no chão, já sem vida.
A vinte metros dali, escondido atrás de em uma pequena moita, um caçador observa o cervo caído ao chão, já sem vida. Pelos poros do cervo estava começando a sair pequenas gosmas das cores azuis que começaram a subir por seus pelos e, ao chegar à ponta de cada um, a gota de gosma azul, ao invés de cair ao chão, começa a flutuar e fica suspensa acima do cervo morto. De gota em gota a gosma vai crescendo até atingir o tamanho de uma bola de Beisebol e, nesse instante, ela começa a brilhar e a se transformar em uma bola de energia azul transparente. Após terminar sua transformação a bola de energia azul começa a voar na direção da moita em que estava escondido o caçador e, com uma velocidade incrível,  atravessa a moita e atinge o peito do caçador.
— Você conseguiu, Greyktor! Você é o melhor caçador de todos os Reinos! — Gritou o jovem que estava escondido em cima de uma árvore. — Eu não conheço nenhum outro caçador que conseguiu matar sua caça com uma só flechada 36 vezes seguidas!
Nisso surge o caçador por entre a moita e começa a caminhar em sentido ao cervo:
— Pare de gritar, garoto. Desse jeito você vai espantar todos os animais da floresta e vai acabar atraindo monstros em nossa direção. — Disse Greyktor Francer, um caçador nato que, apesar dos seus 185 centímetros de altura e seus 90 quilos, conseguia passar despercebido na floresta. Seus cabelos eram longos, sua barba grisalha e, apesar de ninguém do Vilarejo Água Verde saber sua verdadeira idade, sua aparência era de um homem de 40 anos de idade.
— Eu não estou gritando! — Respondeu o jovem descendo da árvore e, antes mesmo de chegar ao chão, sua mão escorrega do galho em que estava se segurando, fazendo ele cair em cima de um arbusto.
— E nem chamando a atenção! — Sussurrou o caçador para si mesmo chegando perto de sua caça. Após se ajoelhar ao lado do cervo, ele segura com sua mão esquerda a flecha que ele tinha cravado em seu peito e, em um movimento quase imperceptível, a retira e coloca sua mão direita no local perfurado para estancar o sangue que vazava. Após surgir um pequeno brilho entre os vãos de seus dedos ele retira sua mão e, no local perfurado, não havia mais sequer uma gota de sangue escorrendo e o buraco da flecha estava cicatrizado.
— Sua vida por uma vida! Sua energia será de bom uso! — Disse Greyktor se levantando do chão, limpando a flecha em sua calça e, após guardá-la em sua aljava que estava em suas costas, ergue o braço esquerdo até a altura de seu queixo e diz — DREXTAL! — E nisso uma tela azul, medindo 22 centímetros de comprimento e 16 centímetros de altura, surge acima das costas de sua mão.
— Quanto você está de energia, Greyktor? — Perguntou o Jovem observando a tela azul por de trás do caçador.
— Nunca mais se aproxime assim de mim se quiser continuar respirando, Consmagu! — Disse Greyktor em um tom de voz firme, abaixando a sua mão esquerda e fazendo a tela azul desaparecer.
Consmagu era um jovem mago, mesmo com sua aparência de um adolescente de 17 anos, já tinha perdido as contas de quantas primaveras tinha passado sem sua mãe.
— Nossa! Quanto estresse. Eu só queria ver quanto você ficou de energia após matar o cervo. — Respondeu o jovem mago apanhando sua mochila que estava aos pés de uma árvore Aroeira e, após colocá-la em suas costas, retira do bolso traseiro de sua calça um gorro da cor marrom e o coloca em sua cabeça, escondendo todos os seus longos fios de cabelos loiros.
— Greyktor usa suas mãos enormes e fortes para segurar no couro do animal morto e, o erguendo do chão, coloca em seu ombro direito. Mas assim que percebe que o seu bracelete se desabotoou e parte da sua tatuagem que havia em seu pulso direito estava amostra, o caçador mais que depressa soltou o cervo no chão e tratou de abotoá-lo.
— Mas que tanto quer esconder essa tatuagem? — Perguntou Consmagu.  —Isso que é arrependimento em fazer uma!.
— Vamos! — Disse o caçador voltando a colocar o cervo em seus ombros. — Eu não tenho nenhuma tatuagem para esconder!. — Ele disse começando a caminhar mata adentro.
— Espere! Deixe-me ir à frente, dessa vez eu acerto o caminho! — Disse o jovem mago correndo para poder ultrapassar o caçador.
— Por mim tudo bem! Mas se você errar o caminho outra vez, além de preparar o cervo, vai ter que lavar toda a louça sozinho de uma primavera a outra. — Disse Greyktor.— Um ano lavando a louça sozinho? Por mim tudo bem! Praticamente eu já faço isso desde que mudamos para o Vilarejo! Então combinado! — Respondeu o jovem mago caminhando e ultrapassando o caçador.
E assim eles foram caminhando pela Floresta Urmanso em sentido à suas casas que fica ao lado do Vilarejo Água Verde. De repente, após passar por debaixo de um galho enorme de uma árvore de Sabina, algo no chão chama a atenção do caçador que para, começa a observar o que era aquela marca no chão e, enquanto observava, Consmagu ia caminhando todo feliz porque estava acertando o caminho, pois fazia tempo que seu tio Greyktor não o chamava a atenção. Nisso ele olha para trás, percebe que estava caminhando sozinho e, no desespero, ele volta para procurar o seu tio:
— Greyktor! Cadê você?. — Ele gritou.
— Mas você nunca aprende mesmo! — Disse Greyktor. Consmagu para e tenta descobrir qual foi a direção em que veio a voz do seu tio quando uma pedra acerta sua nuca. — É nessa direção!. — Diz o caçador.
— Eu sei a direção! — Disse o jovem mago caminhando na direção em que a pedra veio. — Só estava observando aquele passarinho ali na árvore! — Ele disse apontando para a árvore, mas não havia nenhum passarinho ali. Ele avista seu tio ajoelhado no chão ao lado de uma enorme raiz de árvore que saia e subia quase 2 metros de altura para depois retornar ao solo. — Chega de caçar, Greyktor! Desse jeito não vamos chegar até o Pântano Sapo Seco antes de escurecer. — Disse ao se aproximar de seu tio.
— Olha só essa pegada, garoto! —Disse Greyktor passando a mão por sobre a pegada. — Quem fez essa pegada não foi nenhum animal ou monstro dessa floresta!
— Pra mim essa pegada é igual a última que seguimos e encontramos nosso jantar aí! —Disse Consmagu apontando para o cervo no chão.
— Não fale besteira, garoto! Essa pegada é completamente diferente! — Disse Greyktor. — Olha essa marca aqui!. — Ele disse apontando para a pegada. — Quem fez essa pegada tem espinhos nas laterais das patas e eu só conheço um animal que tem espinhos nas patas, ou melhor dizendo, eu só conheço um monstro que deixa esse tipo de rastro. Mas para ter certeza eu preciso fazer uma análise. Você tem uma poção para análise aí com você?. — Perguntou estendendo sua mão na esperança que seu sobrinho lhe desse um frasco.
— Não trouxemos nenhuma poção desse tipo! — Respondeu o jovem mago mexendo dentro de sua mochila.
— Eu preciso fazer um relatório então. — Disse o caçador passando sua mão direita por sobre a pegada enquanto erguia seu braço esquerdo e, após dizer outra vez a palavra “DREXTAL” a tela azul volta a surgir sobre as costas da sua mão. Analisando o texto que ali surgiu na tela azul, Greyktor diz:  “Muito estranho isso viu!”.
— A única coisa que eu vejo de estranho é essa sua obsessão por caçar qualquer coisa que você cisma que está estranho. — Disse o jovem mago fechando o zíper de sua mochila e, após —colocá-la em suas costas, ele volta a caminhar em sentido à sua casa. —Você vai ficar aí? — Ele parou e perguntou.
Greyktor se levanta do chão, balançando sua cabeça de um lado para outro, como se estivesse voltando de um transe.
— Ah sim, vamos! — Ele disse apertando um botão na tela azul fazendo com que ela desaparecesse. — Mas não vamos mais passar a noite no Pântano Sapo Seco. Vamos direto para o Vilarejo Água Verde.
— Mas por quê? — Perguntou Consmagu com um olhar de quem não estava entendendo nada. —O Vilarejo fica a três dias de caminhada. Não me diga que é por causa dessa pegada aí que você esta querendo fazer isso. — Ele aponta o seu dedo para a pegada no chão. — Eu já disse Greyktor, chega de caçar!
— Tem algo estranho nessa pegada aí. Eu preciso voltar no Vilarejo para colher algumas informações. — Disse o caçador voltando a caminhar.
— Você diz isso toda vez que encontra algo diferente! — Respondeu o jovem mago, agora seguindo o seu tio.
— É o meu instinto! — Respondeu o caçador começando a caminhar de volta para casa.
— Mas me diz aí, o que há de tão estranho nessa pegada? — Perguntou Consmagu. — Não vai me dizer que você não tem o registro dela no seu banco de dados.
— Não é isso, moleque, por mais que essa pegada tenha sido feita há 10 dias o meu DREXTAL conseguiu identificá-la. A questão é; Como ela veio parar aqui na floresta Urmanso? — Respondeu o caçador. — É esse o motivo que eu queria uma poção de análise, não quero achar o dono da pegada, mas sim saber como ele veio para aqui!
— Ah... Sei lá!!!!! — Disse Consmagu. — E se o dono dessa pegada cansou do seu habitat natural e veio esfriar a cabeça aqui na floresta, ele não pode querer fazer isso? — E nesse momento ouve um silêncio no ar.  — Greyktor? Greyktor? Cadê você?— Perguntou desesperado, olhando para todos os lados, tentando encontrar seu tio.
— Eu estou aqui! — Disse Greyktor levantando sua mão enquanto caminhava na mata para que Consmagu conseguisse ver sua localização. — E se você continuar errando o caminho desse jeito não vamos conseguir fazer a trajetória em três dias de jeito nenhum.
— Me espere aí! — Gritou o jovem mago, correndo na direção de seu tio e, assim que ele chegou ao seu lado, perguntou: — Você acha melhor encantarmos a carne?
— Por que encantá-la? — Perguntou o caçador.
— Três dias de viagem, com ela exposta assim, nunca vamos comê-la com gosto de carne fresca. — Respondeu Consmagu.
— Você tem razão. Vê aí o que você consegue fazer. — Disse o caçador soltando o cervo no chão e sentando em um tronco de árvore que estava caído ali perto. — Mas vê se não enrola! — Ele disse.
— Deixe me ver o que eu tenho aqui. — Disse o jovem mago colocando sua mochila no chão e abrindo o seu zíper. — Uma poção boa para essa ocasião seria o Óleo de Melaleuca, com uma pitada certa de magia, teremos carne fresca por uns 10 dias. —Disse balançando um pequeno frasco com um líquido rosado em seu interior que começou a brilhar enquanto ele balançava. — Só quero deixar uma observação, três dias de viagem sem descansar vai gastar praticamente toda minha energia e isso não é legal caso aconteça algum imprevisto. Disse jogando o líquido rosado por todo o cervo. — Pronto!
— É só você me seguir e parar de fazer suas besteiras que não haverá imprevisto nenhum. —Disse o caçador pegando o cervo no chão e colocando em seus ombros. — Vamos. — Disse voltando a caminhar no sentido do Vilarejo Água Verde.
— Espere eu guardar minhas coisas na mochila. —Disse Consmagu guardando seus frascos o mais rápido possível em sua mochila e, em seguida, correu para alcançar o seu tio.
Três dias se passaram e eles chegaram ao Vilarejo Água Verde sem nenhum imprevisto, um vilarejo pequeno que fica ao norte do Reino da Floresta Central e, apesar de suas poucas ruas e seus poucos habitantes, é um local muito aconchegante de se morar. E sem enrolação eles foram em sentido á casa de Greyktor que fica a leste desse vilarejo, ela é simples, cercada por uma mata densa e seu acesso é por uma trilha estreita cercada por espinhos de Pingo Faltaar.
— Sabe, garoto! Aquela pegada que encontramos no final da floresta Urmanso, eu ainda não achei uma razão óbvia para aquela pegada estar lá na floresta. — Respondeu o caçador. —Minha preocupação é de pensar que alguém trouxe!— Mas quem ia transportar um monstro e simplesmente soltar na Floresta Urmanso? –Perguntou Consmagu estranhando o comentário. — Isso não faz sentido!
— A não ser que essa pessoa não transportou o monstro para soltar na floresta e sim para soltar aqui no vilarejo e por algum motivo ele acabou escapando na Floresta Urmanso!
— Deixe isso pra lá, Greyktor! Você tem que parar com essa mania de só pensar em caçar e em conspiração! Larga o bichinho lá. Vamos pensar no jantar que eu estou com uma fome de leão e eu até sei o tempero que vou usar para preparar esse cervo. — Disse Consmagu caminhando para atravessar o vilarejo e chegar até a trilha. Mas assim que ele a atravessou, parou de andar e ficou completamente imóvel, como se estivesse congelado. — Greyktor, me ajude! Greyktor, cadê você? — Perguntou olhando pra trás, na esperança de ver seu tio ali, pronto para te ajudar, mas ele não o avistou em lugar algum. — Onde ele foi se meter justo nessa hora? — Perguntou para si mesmo, enquanto voltava a olhar para frente e encarar aqueles vários dentes pontudos que ficavam cada vez maiores com o rosnado da fera que havia surgido em sua frente. — E agora, o que eu vou fazer? —  Aqueles olhos vermelhos no meio da escuridão ficavam cada vez maiores ao se aproximarem. Então ele pensou em pegar algo na sua mochila que pudesse iluminar aquele local escuro mas, antes mesmo de ele conseguir encontrar algo, o som do impacto das patas do dono daqueles enormes dentes pontiagudos  tomaram conta do ar. Assim que ele conseguiu achar uma tocha e acende-la, ele viu em câmera lenta enormes patas levantando poeira do chão enquanto corria em sua direção. E sem ter tempo para reação, observa a fera saltar sem piedade com suas duas patas dianteiras em seu peito e a única reação do jovem mago foi soltar um grito desesperador: —GREYKTOR!.
— Hã?! — Foi o que respondeu Greyktor enquanto apanhava uma maçã da macieira que estava perto da trilha Pingo Faltaar e dava uma enorme mordida, consumindo praticamente metade dela. De boca cheia ele disse — Estranho! Parece que ouvi alguém me chamar!
E sem se preocupar com nada, o caçador volta a caminhar pela trilha. Assim que ele entra, avista seu sobrinho deitado no chão com uma fera enorme sobre ele, o caçador não muda a sua expressão e continua caminhando e comendo o resto da maçã que faltava até chegar perto da fera que estava mostrando todos os seus dentes para Consmagu a ponto de, a qualquer momento, cravá-los no jovem mago caído ao chão. O caçador, com a sua enorme mão direita, vai em direção a cabeça daquela enorme fera e, olhando nos olhos dela, diz:
— ¬Belo trabalho, Bruke! — E nisso ele acaricia a cabeça do seu cachorro, da raça São Bernardo, e continua andando até chegar em frente de sua casa.
— Ei, tio! — Grita Consmagu. — “Belo Trabalho” você diz? Sabe que minha energia está praticamente acabando e eu posso morrer a qualquer momento né? Tire-me daqui! — Mas Greyktor ignora o pedido de ajuda de seu sobrinho, abre a porta de sua casa e entra.
Alguns minutos depois Consmagu também entra na casa e vê seu tio mexendo no armário da cozinha.
— Você sabe me dizer onde está a minha carteira de charuto? — Perguntou Greyktor.
— Eu não acredito que você não tirou o Bruke de cima de mim! — Disse o jovem mago para seu tio, todo coberto de baba.
— Mas me parecia que vocês estavam se dando tão bem. — Respondeu o caçador dando uma pequena risada ao fechar a porta do armário.
— Seu charuto está na gaveta do criado mudo. — Disse Consmagu apontando com a mão esquerda para um pequeno criado mudo da cor marrom tabaco que estava ao lado da lareira, enquanto sua mão direita enxugava com um pano as babas que Bruke tinha lhe deixado.
Antes de pegar seu charuto, Greyktor se senta no sofá e diz:
— Coloquei o cervo sobre a mesa do lado da pia.
— Onde você estava na hora que eu te chamei? E se fosse algum monstro me atacando? Eu poderia ter morrido! Você sabia que eu estou praticamente sem energia? — Reclamou Consmagu indo até a cozinha ver o cervo.
— Sorte sua que não era! — Disse Greyktor indo pegar seu charuto.
— Ah! Deixa para lá. — Disse Consmagu. — Vou tomar um banho para tirar a canseira e toda essa baba do Bruke e depois volto para temperar o cervo. Ele disse puxando uma enorme babada que estava em seu peito.
— Mas antes disso, acenda a lareira para nós. — Disse o caçador mostrando o charuto para seu sobrinho.
— Deixe me ver se tenho energia suficiente para isso. — Disse o jovem mago erguendo seu braço esquerdo até a altura de seu queixo e, após dizer a palavra “DREXTAL”, uma tela azul surgiu acima das costas de sua mão. — Acho que é o suficiente. — Disse após analisar a tela por alguns segundos.
Consmagu observa com seus olhos azuis a sua mão direita, após dizer a palavra “BLOODTALL”, junta seu dedo polegar com o dedo mínimo e, assim que ele desencosta os dedos, uma pequena chama completamente vermelha surge flutuando a cinco milímetros de distância de seu dedo mínimo. Assim ele também faz com os seus outros dedos, anelar, médio e indicador. Após ter uma chama em cada dedo ele fecha a mão e, após abri-la, as chamas deram lugar a uma pequena bola fogo do tamanho a uma bola de gude que ele arremessa nas lenhas da lareira, fazendo com que peguem fogo no mesmo instante.
— Pode deixar que eu lavo a louça! — Disse  Greyktor acendendo seu charuto no fogo da lareira e, após acender, ele volta a sentar-se no sofá e coloca seus pés na mesa de centro que havia no meio da sala.
Alguns minutos depois, após ter tomado um belo banho, Consmagu retorna a cozinha para preparar o jantar.
— Agora estou pronto para preparar o cervo! — Após Consmagu ter dito isso, um barulho surge na porta improvisada, feita na porta principal da casa, que foi especialmente detalhada para que Bruke possa entrar e sair da casa a hora que ele quisesse. Nisso surge Bruke olhando e farejando por todos os lados. — Eu disse que vou preparar o cervo, Bruke, e não que ele está pronto! Agora vai deitar no tapete da sala e espere eu chamar. E para de ficar entrando dessa maneira pela porta que uma hora você vai acabar derrubando tudo. — Disse indo para o armário da cozinha onde tinha vários frascos coloridos enquanto Bruke abaixava as orelhas e a cabeça e vai se deitar no sofá ao lado do seu dono. — Agora me deixe ver o que eu tenho aqui para preparar um belo ensopado de cervo. — Disse olhando os frascos da prateleira, procurando o melhor ingrediente para aquela ocasião. Nisso ele apanha um frasco que estava à frente de todos os outros. — Vou experimentar essa poção aqui que a Tabata me deu semana passada pra testar. Uma nova poção para regeneração da energia, que é exatamente o que estou precisando no momento, e junto vou colocar mais esses dois temperos. Disse ao apanhar mais outros dois frascos da prateleira. — E é claro que eu não posso deixar de fora o meu ingrediente secreto. — Disse pegando mais um frasco do fundo da prateleira e, após colocar todos os frascos na mesa central da cozinha, apanha o enorme caldeirão que estava debaixo da pia, coloca sobre o fogão a lenha que ficava ao lado da prateleira e então começa a preparar o jantar.
— O que é que tem de especial nessa poção? — Perguntou o caçador olhando para trás, na tentativa de ver a poção que Consmagu estava falando.
— Eu não sei dizer ao certo! — Respondeu o jovem mago. — A Tabata me entregou faz alguns dias e me pediu para testar Me disse que essa nova poção vai recuperar a energia mais rápido que todas as outras poções anteriores, o único problema é que ia sair um pouco mais cara. Foi a única coisa que ela me disse sobre a poção.
— Falando em Tabata, não vejo a hora de conversar com ela. Preciso mostrar esse relatório da pegada que achei no final da floresta Urmanso e ver o que ela acha. — Disse o caçador enquanto tragava seu charuto e olhava fixamente para a tela azul do seu Drextal, observando o relatório da pegada que ele tinha achado na floresta.
— Dá um tempo aí no seu Drextal, para um pouco de pensar em caçar e me responde uma coisa: Como é que você vai preferir o cervo? — Disse Consmagu encostando uma faca enorme no cervo.
— A minha parte eu quero a coxa inteira, o resto você faz como achar melhor. —Disse o caçador. — E o que sobrar da sopa você coloca em frascos com poções conservantes porque a nossa próxima viagem vai ser demorada.
— Viagem demorada? — Perguntou o jovem mago. — Então você está querendo me dizer que desta vez, nós vamos para o submundo de Lestro?
— Ainda não, meu jovem mago. — Respondeu o caçador. — Mas não se preocupe que um dia eu te levo para conhecer o submundo de Lestro, eu já te disse isso.
— Você fala isso a varias primaveras e até hoje nada. — Disse Consmagu colocando os pedaços do cervo dentro do caldeirão. — E pelo visto vou ter que continuar juntando ouro até dar o valor para eu conseguir comprar meus três dentes de Lestro, pois se eu esperar a sua vontade de me levar lá para consegui-los vai demorar uma eternidade.
— Calma, meu sobrinho, não precisar ter pressa para trocar de energia, você tem muito que aperfeiçoar suas magias ainda e, no tempo certo, você vai ter a sua poção DESTRAROXAL completada. Espere e verá. — Disse Greyktor.
— Espere e verá! — Consmagu repetiu a frase de seu tio enquanto derramava os ingredientes do tempero dentro do caldeirão. — Então se não vamos para o submundo de Lestro, vamos para onde?
— Assim que Tabata nos der uma posição sobre como o Marresflo foi parar na Floresta Urmanso, nos vamos atrás do malfeitor.
— Malfeitor? Tem um malfeitor nessa história? — Perguntou Consmagu. — E quem é Marresflo?
— Não posso afirmar com certeza se realmente há um malfeitor nisso antes de uma análise! — Respondeu Greyktor. — E sobre o Marresflo, por enquanto você não precisa saber nada sobre ele!
— Por mim tanto faz! O que eu quero saber é dos meus ingredientes que faltam.  — Disse o jovem mago mexendo a sopa e, após passar alguns minutos, ela ficou pronta. Então ele coloca as tigelas sobre a mesa e pega uma enorme concha de madeira para poder servir. — Pode vir, seu babão! Disse colocando a sopa para o Bruke em uma tigela que estava no chão, ao lado do fogão, usando a enorme concha de madeira. Bruke sai de cima do sofá e vai direto à sua tigela saborear a sopa de cervo, enquanto Greyktor retira os seus pés da mesa de centro da sala e segue em direção a cozinha, vai até o armário procurar sua tigela e, após procurar por alguns instantes, ele a vê nas mãos do seu sobrinho.
— Sabe que eu só como nessa tigela. — Disse o caçador retirando a tigela das mãos do seu sobrinho. — Será que dessa vez você acertou no tempero? — Ele perguntou colocando a sopa em sua tigela.
— Espero que sim! — Respondeu o jovem mago dando um sorriso enquanto colocava a sopa em sua cumbuca. —Eu ia usar os temperos de costume mas resolvi experimentar outro tempero que a Tabata inventou, ela o chamou de Dillmanjesa e me disse que, se eu gostar do tempero, vai me arrumar um pote cheio dele e não vai me cobrar nada!
— Bem, só há um jeito de descobrir se o tempero é bom. — Disse o caçador. — Appetitus boni! — Ele disse levantando sua tigela para o alto.
— Appetitus boni para todos nós. Disse o jovem mago empolgado, erguendo sua colher de sopa para o alto enquanto Bruke dá duas latidas e volta a se lambuzar com a sopa.
— Maravilhoso! — Disse Greyktor ao experimentar a sopa —O tempero está maravilhoso, combinação perfeita! Dessa vez você acertou.
— Que bom que você gostou, tio! — Disse o jovem mago. — E você, seu babão, também gostou da sopa? — Perguntou para o cachorro que estava se esbanjando na sopa. Bruke olha para Consmagu com sua língua de fora e balança a cabeça para cima e para baixo, respondendo que gostou. — Que bom que gostou! — Disse colocando a sopa em sua cumbuca e depois ,sentando-se na cadeira, começa a tomar a sua sopa de cervo.
— Não se esqueça de guardar todo o resto da sopa em frascos para viagem. — Disse Greyktor raspando a tigela, provando que a sopa estava realmente boa e, em seguida, apanha a coxa do cervo que estava no prato reservado para ele em cima da mesa e começa a comê-la. Antes mesmo de terminar, o caçador levanta da cadeira e vai até o seu amigo Bruke e, após terminar de comer, solta o osso que restou do cervo no chão. — Eu já estou indo me deitar, pode deixar a louça toda aí na pia que amanhã cedo eu lavo. Disse indo se deitar no sofá da sala.
—E você Bruke, vai dormir na sala junto com o Greyktor e nem pense em ir para o meu quarto. — Disse o jovem mago olhando na direção onde estava o cachorro comendo a sopa, mas a única coisa que ele avistou foi à tigela vazia no chão e, ao olhar para o tapete da sala, não avistou Bruke deitado, então só restou abaixar a cabeça, pegar sua tigela vazia, apanhar a tigela que estava no chão, colocar tudo sobre a pia e começar a separar o resto da sopa em vários frascos. — Vou montar três marmitas para levar amanhã para a Tabata. E então foi se deitar no quarto. Assim que ele entra avista Bruke deitado em sua cama, mas ao aproximar-se, o cachorro rosna para ele. — Deixe me pegar pelo menos minha coberta! — Disse tentando pegar a sua coberta que estava embaixo de Bruke, mas o cachorro da uma latida e mostra todos os dentes para o jovem mago que pega, vai deitar no tapete de seu quarto e dorme.

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