Seu nome será Kulran

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Enquanto isso, no CAMPO FLORADO, dois jovens caminham tranquilamente entre as flores quando de repente um deles para e segura o outro pelo braço.
- Espere, Niara! Não de mais um passo sequer!.
- O que ouve, Gamabray? - Ela perguntou assustada olhando para os lados.
- O último a chegar ao lago Pizul é a mulher do sapo. - Disse o pequeno jovem soltando o braço de Niara e correndo em direção ao lago.
- Me espere! Não me deixe aqui sozinha. - Disse Niara, correndo atrás de Gamabray.
Niara, que por mais que seja mais alta que seu irmão Gamabray, ela é mais nova que e não sai de casa sem suas luvas brancas, que combinam perfeitamente com suas mechas de cabelo cinza que ela tem entre os seus longos cabelos castanhos claros. Seus olhos verdes-mares deixam ela com uma fisionomia muito meiga e costuma carregar em suas costas o seu arco e flechas. Já seu irmão carregava uma espada nas costas e usava uma luva preta na mão direita enquanto na esquerda não usava nada. Seus olhos eram da cor verde escuro enquanto seus cabelos eram negros e longos ao ponto de esconder suas orelhas arrendadas.
Assim que os dois jovens passam em frente a pequena entrada de uma gruta, dois olhos vermelhos como sangue surgem na escuridão da gruta e observam os jovens correndo em sentido ao lago, mas assim que Gamabray percebe a sua presença, ele para de correr imediatamente e sua irmã, sem perceber que ele parou, acaba trombando com ele e os dois caem no chão.
- Sai de cima de mim, Niara! Você está cega? Não viu que eu parei de correr? - Disse Gamabray empurrando sua irmã para poder se levantar.
- Nossa, Gamabray, eu não percebi pois você parou de correr de repente. - Respondeu Niara se levantando e limpando o seu vestido da cor azul celeste de rendas brancas. - Você me deixou sozinha e eu fiquei com medo, estava correndo olhando para trás, por isso não percebi que você tinha parado. Ela disse apanhando suas flechas do chão.
- Você estava olhando para trás porque também sentiu a presença dele? - Perguntou Gamabray.
- Presença dele quem? - Perguntou Niara olhando desesperada para os lados. - Pelos poderes das energias celestiais, nós vamos ser atacados? Vamos morrer aqui? Eu não acredito! Eu sou muito nova para morrer. Disse em desespero.
- Para de frescura! - Disse Gamabray continuando a caminhar em sentido ao lago Pizul. - Ninguém vai nos atacar!
- Como você tem tanta certeza assim? - Ela perguntou correndo para alcançar seu irmão.
- Simplesmente porque não existem monstros ou criaturas nessa região!
- Mas se você sentiu uma presença, então pode ser um monstro sim. - Disse Niara segurando no braço de seu irmão.
- Não é um monstro! - Respondeu Gamabray. - É algum animal pequeno que tem uma energia diferente, só isso! Acho até que não é do nosso Reino, por isso você está estranhando sua energia.
- Mas eu não senti a presença de energia nenhuma.
- Como assim não sentiu a presença dele? - Você acabou de me dizer que estava olhando para trás!
- Disse que estava olhando para trás porque você me deixou sozinha e não porque eu senti a presença de alguma coisa!
- Mas e agora, você está sentindo sua energia? - Perguntou Gamabray.
- Eu não! - Ela respondeu. - E Você?
- Também não! Acho que foi minha imaginação! - Disse Gamabray.
- Eu já não quero mais ir nadar no lago! - Disse Niara.
- Para de fressura e me segue! - Disse Gamabray saindo correndo em direção ao lago Pizul.
E enquanto os dois jovens corriam em sentido ao lago, aqueles olhos vermelhos os observavam por entre as moitas de bambus, quando surgem abaixo dos olhos vários dentes afiados que cortam um broto de bambu e depois desaparecem junto com os olhos vermelhos por entre as moitas. Gamabray observa a natureza a sua volta, tudo no mínimo detalhe, como se estive vendo tudo em câmera lenta. Então ele vê uma maçã se desprendendo do seu galho, caindo em direção ao chão e, antes mesmo da maçã tocar o solo, ele chega até o lago, um lago de águas cristalinas que refletiam a margem do outro lado do lago como um espelho, uma paisagem extremamente perfeita que, quem olhava, pensava estar vendo duas paisagens da natureza, uma na margem do lago e outra dentro do lago. Gamabray não pensou duas vezes e, mais que depressa, tirou sua espada, suas adagas e colocou todas em cima de uma pedra. Após tirar sua roupa, ficando só com um short branco, foi correndo em sentido ao lago e, sem pensar, deu um salto para dentro da água. No mesmo instante em que ele tocava a água do lago Pizul, uma garra afiada cravava a maçã caída ao chão e a arrastava para dentro da moita e, assim que a maçã desaparece, Niara surge nas margens do lago indo se sentar na pedra que seu irmão deixou as roupas, mas antes ela retira o arco de suas e costas e encosta na pedra. Nisso aqueles olhos vermelhos como sangue voltam a aparecer, surgindo bem discretos entre as árvores nas margens do lado oposto do lago, fazendo seus olhos se refletirem no espelho da água enquanto observava Gamabray nadar e, assim que ele submergiu, o reflexo dos olhos vermelhos desaparecem.
Niara retira de seu bolso um pequeno canivete, corta o galho de árvore que estava acima de sua cabeça e, com a lâmina super afiada, aplica vários golpes no galho que vai se transformando em uma flecha.
- Até que horas você vai ficar aí nadando, Gamabray? - Ela pergunta para seu irmão.
- Vou apanhar um peixe primeiro e depois vamos para casa! - Respondeu o jovem guerreiro submergindo outra vez.
- Então vê se não demora! Pega logo esse peixe e vamos sair daqui, estou com mau pressentimento, parece que alguém está nos observando - Disse Niara olhando para os lados enquanto terminava de moldar a flecha e, depois de tantas facadas no galho, a flecha estava pronta e ela guarda junto com suas outras em sua aljava enquanto esperava por seu irmão sair do lago com o tal peixe. Mas Gamabray começou a demorar muito para voltar à superfície e isso começou a deixar ela mais preocupada pois era muito tempo para alguém ficar sem respirar. Nisso ela ouve um barulho que vinha logo atrás dela e, por reflexo, pegou seu arco que estava encostado na árvore, retirou a flecha que ela tinha acabado de moldar de dentro da aljava, equipou em seu arco e em seguida disparou na direção em que veio o barulho. - Quem está ai? Apareça! - Disse olhando para mata e nisso uma maçã já mordida rola para fora até os seus pés e, assim que Niara a apanha do chão, ela escuta outro barulho, só que agora vinha das bolhas de ar que estavam estourando na superfície da água do lago Pizul. - Mas o que está acontecendo? - Perguntou olhando para aquele fenômeno que estava acontecendo quando ela avista dois olhos vermelhos surgirem no fundo do lago e vindo em sua direção por entre as bolhas de ar que ainda estavam submergindo e se estourando na superfície. - É você, Gamabray? - Pergunta dando um passo para trás e, antes mesmo dela conseguir dar o segundo passo, os olhos vermelhos saltaram da água em sua direção. Então ela fecha os olhos e acaba não vendo o que atingiu o seu peito, fazendo com que ela caísse de costas no chão e, com medo, ela começa a se espernear quando, de repente escuta seu irmão cair na gargalhada. Ela abre os olhos e vê um enorme peixe em seus braços. - GAMABRAY, EU TE MATO! - Disse arremessando o peixe na direção do seu irmão que se abaixa, desviando do peixe que cai no meio do mato.
- Você tinha que ter visto a sua cara, Tata. - Disse o jovem guerreiro pegando suas roupas de cima da pedra (Tata era um jeito carinhoso que Gamabray chamava sua irmã de vez em quando).
- Você vai ver a sua cara como vai ficar a hora que eu te pegar! - Ela disse indo para cima de seu irmão, mas um enorme barulho na mata chama a sua atenção. - Que barulho foi esse? - Ela perguntou parando de correr.
- Provavelmente foi o peixe! Vou buscá-lo! - Ele disse colocando a espada nas costas e entrando na mata.
- Não! Espere! - Disse Niara, mas não dava mais tempo, o seu irmão sumiu na mata adentro e, antes mesmo dela começar a se preocupar de verdade, o seu irmão retorna da mata com o peixe em suas mãos. Assim que ele chega frente a frente com Niara ele para e fica imóvel. - Gamabray, você está bem? - Ela pergunta.
- Não é nada não! - Ele respondeu. - Eu achei que tinha sentido a presença daquela energia outra vez, mas pelo visto me enganei. - Disse amarrando o peixe em suas costas.
- Você quer me matar de susto? - Disse sua irmã apanhando suas flechas, seu arco e se equipando.
- Você se assusta a toa, Niara! - Disse Gamabray começando a caminhar de volta para casa.
- Eu não me assusto a toa, primeiro eu ouvi um barulho na mata, aí eu disparo uma flecha e me sai rolando uma maçã mordida, em seguida você me arremessa esse enorme peixe em cima de mim, depois você fica parado que nem bobo olhando para mim, diz que talvez tenha sentido a presença de algo e ainda por cima você vêm me dizer que eu assusto a toa! - Retrucou Niara já acompanhando os passos de seu irmão.
- Maçã mordida? Você disse que rolou uma maçã mordida na sua direção? - Perguntou Gamabray, estranhando a situação.
- Sim! - Ela respondeu.
- Tem algo de errado, Tata, use o seu Mapeador e verifica as presenças de energia ao nosso redor.
- Que Mapeador? - Perguntou Niara.
- Você não trouxe a poção?
- É claro que não né! Saímos para nadar no lago Pizul no Campo Florido! Pra que eu iria trazer uma poção de Coegi? - (Coegi é a poção usada para mapear tudo ao redor).
- Vamos direto para casa sem parar! - Disse o jovem.
- Vamos sim, mas eu não quero mais passar na frente da gruta outra vez!
- Então vamos dar a volta por cima e atravessar o riacho! Siga-me! - Disse Gamabray. E então os dois jovens começaram a caminhar até chegar a uma pequena ponte. - Agora é só atravessar essa ponte e pegar a trilha para a Vila Banmipars! - Disse ao começar a travessia seguido por sua irmã. Um pouco mais para baixo, no riacho em sua margem, aqueles olhos vermelhos aparecem para observar os dois jovens atravessando a ponte e, assim que eles chegam na outra margem do riacho, Gamabray para e olha exatamente para o local onde apareceram aqueles olhos vermelho, mas não havia mais nada ali, só capins tocando a água do riacho.
- O que houve, Gamabray?
- Nada! - Ele respondeu voltando a caminhar mas, antes mesmo dele dar seu segundo passo, ele volta a parar e olhar para o outro lado da margem, exatamente pelo caminho que eles vieram.
- O que está acontecendo?
- Tata! Estamos sendo seguidos por alguma coisa. - Disse Gamabray olhando fixamente para o outro lado do riacho.
- AI, MEU DEUS! Vamos correr! - Disse Niara começando a correr de um lado para outro.
- NÃO! Espere! - Retrucou seu irmão. - Não sabemos o que é! E o pior é que eu não consigo identificar sua energia pois um instante eu sinto sua energia e já em seguida não sinto mais nada. Você conseguiu sentir a energia agora?.
- Não! - Ela respondeu. - E o que devemos fazer agora?.
- A Vila Banmipars está muito longe daqui e como eu não consigo identificar a direção certa que essa presença de energia está vindo, e você está pior ainda pois nem a presença dele você está conseguindo sentir, eu sugiro irmos para a Caverna dos Morcegos Gigantes e fazer uma emboscada para capturarmos o dono dessa energia que está nos seguindo.
- Voto para irmos direto para a Vila Banmipars, pois morro de medo de morcegos e fora que é muito arriscado fazermos uma emboscada para uma criatura que nem conseguimos identificar sua energia.
- Para de ser medrosa, você está junto com o futuro marechal do exercito Celestial, então não precisa temer nada.
- Então me diz, o que o futuro grande marechal do exercito celestial está planejando em fazer nessa emboscada? - Ela perguntou, sarcasticamente.
- Após a curva da primeira montanha existe uma fissura que leva á trilha que liga á Caverna dos Morcegos Gigantes. - Disse Gamabray apontando para a montanha logo adiante. - Vamos caminhar normalmente até lá e, assim que chegarmos ao pé da montanha, a gente corre e entra na fissura, só assim conseguiremos chegar à trilha que leva até a entrada da caverna e, se tivermos sorte, vamos despistar nosso rastro já no começo da montanha. - Ele disse voltando a caminhar normalmente.
- Para mim essa armadilha está meio estranha! - Ela disse acompanhando seu irmão na caminhada.
- Calma que isso aí não é a armadilha! - Respondeu Gamabray. - Eu vou pensar nela assim que chegarmos á caverna!. - Disse dando uma pequena risada enquanto passava suas mãos em seus cabelos até que seus dedos tocaram sua orelha.
- Mas acho melhor você pensar em algo rápido, Gamabray, a entrada para a trilha está logo ali e esperar a gente entrar na caverna primeiro para depois pensar em algo, talvez não dê tempo.
- E ao invés de você ficar aí reclamando, por que não me ajuda a pensar em algo? -Retrucou seu irmão.
- Eu não faço a mínima ideia. - Disse a jovem olhando para seu irmão e vendo uma gota de suor escorrer em seu rosto. "Que estranho!" Ela pensou. "Parece que tem realmente algo incomodando meu irmão! Ele nunca responde assim! Mas eu não consigo sentir a presença de nada! O que será que está acontecendo? Será mais uma brincadeira dele? Mas essa fisionomia! Melhor eu prestar mais a atenção e tomar um pouco mais o controle da situação sem que ele perceba".
- Se não faz nenhuma ideia, então não me atrapalhe!- Disse Gamabray.
- Gamabray, só me responda uma coisa, você ainda está sentido a presença da tal energia?
- Você não está percebendo? Ele está nos alcançando! Mas fique despreocupada que eu não estou com medo e vou te proteger!
- Você pode pedir para que eu não tenha medo, mas eu tenho! Então assim que entrarmos na caverna eu vou me proteger com uma bolha de energia e para você não me deixar mais preocupada vou te proteger com uma bolha de energia também.
- Você é muito medrosa! - Ele respondeu. - Mas se com isso você me prometer que vai se esconder e não vai me atrapalhar, eu deixo você me encantar!.
- Combinado! - Ela respondeu. - Eu te encanto e corro me esconder!.
- Perfeito! - Disse Gamabray. - Chegamos ao pé da montanha e a fissura está ali! Assim que eu te der a ordem você corre o máximo que puder e não olhe para trás, você entendeu Niara?
- Sim! - Perfeitamente!
- OK! É agora! Corra! - Disse Gamabray saindo em disparada e entrando na rachadura que cortava a montanha seguido por sua irmã e, assim que pegaram a trilha, correram direto para dentro da Caverna.
- Pronto, chegamos. E agora, deixa eu te encantar? - Disse Niara tirando sua luva branca da mão direita e a guardando em seu bolso no seu vestido enquanto seu irmão olhava fixamente em seu brasão desenhado em sua mão. - Tudo bem? Gamabray? - Ela perguntou olhando para seu irmão que estava tirando sua luva preta e expondo uma enorme cicatriz em sua palma esquerda. - Gamabray! O Que ouve? GAMABRAY!
Gamabray fica estático, como se entrasse em transe, e começa a refletir consigo mesmo sobre seu passado:"- Oi! - Eu respondi parando de ver a minha mão e levantando a cabeça para ver quem me chamava, foi quando eu avistei uma mulher sentada no banco ao lado de uma menina de vestido branco.
- Sai daí do meio, seu moleque! Você não foi escolhido! Agora sente aqui e fique olhando seus amiguinhos normais jogarem bola. - Ela me disse.
Eu a reconheço! É a minha professora da quarta serie, Crislalva, e por que será que eu não fui escolhido? O que tenho de errado? E por que minha mão não tem nada? Pensava isso enquanto olhava para minha mão. Foi quando escutei risadas e, ao olhar, avistei dois garotos rindo, olhando para mim e depois olhando para suas mãos. Por que a palma da minha mão é tão lisa? Cadê o meu Ostium? Por que está demorando tanto para sair? Mamãe disse que vai conseguir uma poção para fazer ele aparecer e aí vou ser uma criança normal! Mas quando será esse dia?
- Sai da frente, seu estranho! - Disse um garoto gordinho vindo em minha direção com uma bola rolando no chão e, antes mesmo que eu pudesse ter uma reação, ele se aproximou, me empurrou e eu acabei caindo de costas no chão. Mesmo sendo pisoteado pelos outros garotos que corriam atrás daquele garoto com a bola, eu consegui ver aquele gordinho desajeitado chutar e marcar um gol. Depois disso levantei meio atordoado com o tombo e os pisões que me deram na cabeça que me fizeram ouvir varias risadas, mas eram muitas risadas, Mas espere um pouco! Não era imaginação! Todos ali estavam rindo de mim, inclusive aquela menina de branco sentada no banco, quem é ela? Cadê minha irmã nessa hora? Não posso mais esperar que minha mãe consiga fazer uma poção para os meus problemas! Tenho que me virar sozinho. Foi nessa hora que saí dali e corri para o meio da floresta.
- Mas aonde ele pensa que vai? - Perguntou a menina de branco para a professora.
- Deve estar voltando para o lugar da onde saiu! - Disse o gordinho desajeitado e todos ali caíram na gargalhada.
Mesmo já longe da escola eu conseguia ouvir aquelas gargalhadas em minha cabeça, acabei não percebendo que havia um galho de árvore caído no chão e acabei caindo de cara, minha vontade era não sair dali! Na verdade, se tivesse como cavar esse chão, me enfiar no buraco e ali ficar para sempre, seria melhor que essa vida! E ali fiquei por um tempo, parado, olhando as formigas carregarem seus alimentos para dentro de sua casa enquanto meus olhos enchiam de lágrimas. Nisso eu senti algo em meu rosto, eu levantei passando a mão, ao olhar o que era vi um monte de excremento e, ao olhar para cima, avistei um pequeno pássaro olhando para mim.
- Era só o que me faltava! - Eu disse limpando a mão em minha roupa e depois, ao olhar para ela para vê-la se estava limpa, eu vi que ainda tinha marca do excremento em minha palma. Olhando bem para aquela marca em minha mão me parecia algo familiar, algo que eu desejava muito, então eu decidi que era isso mesmo que eu ia fazer, peguei com minha mão direita meu canivete que carregava em meu bolso traseiro e coloquei sua ponta na palma da minha mão esquerda e ali fiquei olhando para o canivete sendo molhado por algumas gotas de minhas lágrimas que escorriam até a minha palma, até que se misturaram com o líquido vermelho que começou a sair com o corte que fiz. - É isso ai! Agora ele tem que surgir!
- Gamabray! Gamabray! Gamabray! Olha aqui para mim! Gamabraaaaaaay!
- Oi! - Eu respondi e, ao olhar para os olhos em minha frente, eu vejo minha irmã Niara! Como assim? Onde eu estou? Que caverna é essa?
Aos poucos Gamabray vai saindo de seu transe. Niara diz:
- Você entrou em transe outra vez! E a culpa foi minha! Desculpe-me!.
- Você não tem culpa! - Disse Gamabray. - Ninguém tem culpa de eu ser estranho! - Disse chateado.
- Você não é estranho, meu irmão! Você é especial! - Ela disse enquanto passava as duas mãos em volta de todo o corpo de Gamabray, sem tocá-lo, e nisso uma energia da cor verde começou a sair de suas mãos e encostar-se ao corpo de seu irmão até que ele ficou envolvido completamente pela energia. - Pronto! Agora eu vou me energizar e depois vou me esconder ali atrás daquela pedra, você vai ter que nos proteger pois eu não quero morrer aqui hoje! - Disse se energizando.
- Ninguém vai morrer hoje, Tata! Eu vou te proteger! Você tem muita sorte em ter o melhor guerreiro de todos os tempos ao seu lado! - Ele disse retirando sua espada da sua bainha e indo se esconder atrás da pedra que estava logo na entrada da caverna enquanto sua irmã ia se esconder atrás de outra pedra que ficava mais ao fundo da caverna.
"Melhor eu ficar bem atenta! Por mais que eu acredite que não tenha nenhuma criatura nos seguindo, meu irmão ficou muito abalado." Pensou Niara pegando um frasco de um pequeno estojo, tomando todo o seu liquido e em seguida fica de prontidão, espiando pelo canto da pedra a entrada da caverna e o seu irmão ao mesmo instante.
"Preciso ter coragem!" Pensou Gamabray. "Ele está chegando e eu tenho que proteger minha irmã! Se ela não fosse tão frágil eu poderia até pedir a sua ajuda, mas ela não conseguiu nem sentir a presença dessa criatura, que inclusive já chegou, é agora! Preciso protegê-la! Que o poder Celestial esteja agora!". Pensou saindo correndo detrás da pedra com sua espada erguida e com os olhos fechados. Nisso Niara observa seu irmão correndo na direção da entrada da caverna, ela avista um par de olhos vermelho, parados, olhando para seu irmão e indo em sua direção.
- Gamabray! - Gritou Niara. - NÃO ATACA! PARA! PARA! - Mas o jovem guerreiro não deu atenção para os gritos que sua irmã estava dando e continuou correndo de olhos fechado na direção dos olhos vermelho. E então, sem ter outra escolha, Niara salta de trás da pedra e corre na direção de seu irmão que, mesmo sem olhar, defere o golpe com sua espada na direção dos olhos vermelhos e, antes mesmo que a lâmina de sua espada tocasse a face da criatura, Niara segura o golpe deferido com sua mão. Ao perceber que sua espada foi parada, Gamabray abre os olhos e vê sua irmã segurando a lâmina afiada de sua espada.
- Mas o que significa isso? - Ele perguntou.
- Olhe! - Ela disse apontando para a criatura dona dos olhos vermelho sangue.
- Mas isso aí é um animal! - Respondeu Gamabray. - Cadê a criatura com aquela energia assustadora que acabou de entrar aqui na caverna?
- Mas você viu a criatura?
- Não! - Ele respondeu com vergonha, pois estava com os olhos fechados.
- Não existe criatura nenhuma, meu irmão! Era só esse coelhinho que estava usando a energia dele para se conectar com a sua, por isso você estava sentido a sua presença e eu não!
- Mas como isso é possível? Por que ele tentaria unificar a nossa energia?
- Aí já não sei responder! - Disse Niara indo pegar seu arco e flecha que ela tinha deixado atrás da pedra no fundo da caverna. - Com certeza o senhor Nicolas deve ter uma resposta para isso!
- Ele não para de olhar para mim! - Reclamou Gamabray olhando para o coelho branco de olhos vermelho olhando fixamente para ele.
- Vai ver ele gostou de você. - Respondeu Niara voltando e pegando o coelho no colo. - Mas ele é tão fofinho. - Disse acariciando o coelhinho.
- Você me desculpa por ter te assustado, Tata? - Perguntou o jovem guerreiro enquanto olhava para o corte que estava sangrando em seu braço.
- O que aconteceu com o seu braço? - Perguntou Niara pegando no braço de seu irmão para analisar o corte.
- Acho que eu raspei em alguma pedra pontiaguda na hora em que eu vim correndo! - Disse Gamabray passando a mão em seu corte. - Olha quanto líquido vermelho saindo de mim, por que eu sou tão estranho Tata? Por que eu tenho esse líquido vermelho dentro de mim?
- Venha cá, me deixa curar essa ferida. - Disse Niara colocando o coelho no chão e pegando o braço ferido de seu irmão. -Me desculpa por mostrar o meu Ostium direto na sua visão àquela hora, eu estava um pouco nervosa com a situação.
- Não precisa pedir desculpas, Tata, você não tem culpa de eu ser um estranho. - Respondeu Gamabray.
- Você não é estranho, meu irmão, você é especial e muito importante para minha vida, então não fique se culpando e não tenha medo que esse líquido vermelho sai de você, a mamãe já disse que isso aí se chama sangue e era isso que mantinha o povo antigo vivo naquela época. - Ela disse.
- Mas eu não quero isso! Eu só queria ser igual a todo mundo. - Ele respondeu virando o rosto para não olhar mais para aquele corte do braço enquanto sua irmã o analisava.
- SANA VULNERA. - Disse Niara ao passar sua mão direita por sobre a ferida de seu irmão. Nesse instante pequenas bolhas da cor cinza saem de sua mão e vão penetrando no corte que no mesmo instante vai se cicatrizando. Em poucos segundo o corte desapareceu e ficou só a marca do sangue em seu braço. - Pronto!
- Muito obrigado, Tata. - Disse o jovem guerreiro que voltou a fixar seu olhar no coelho, se aproximou e o pegou em seus braços. - Vamos pra casa, Tata!
- Vamos! - Respondeu Niara acompanhando seu irmão para fora da caverna. Assim que saíram, pegaram a trilha e voltaram para a montanha.
- Gamabray, o que é aquilo em cima da árvore? - Perguntou Niara apontando para uma árvore que estava no alto da montanha.
- Parece ser uma pessoa. - Ele respondeu.
- Pelo amor do poder celestial, Gamabray, será que ele me viu usar magia de alquimia? - Perguntou Niara com um olhar de preocupada.
- Estávamos dentro da caverna, Tata! Não tinha como ele ter visto nada.
- A não ser que ele estava nos espionando! - Disse Niara pegando seu arco com uma flecha. - Vou paralisá-lo e interrogá-lo para ter certeza que ele não viu nada. - Ela disse disparando a flecha na direção da pessoa que estava em cima da árvore no alto da montanha.
- Eu não tinha pensado nisso. - Respondeu o jovem guerreiro enquanto observava aquela pessoa cair da árvore, atingida pela flecha que sua irmã disparou. - E agora, o que fazemos?
- Vamos até lá! - Ela respondeu, mas nem deu o seu primeiro passo e a pessoa se levantou do chão e saiu correndo para dentro da mata.
- Você usou uma flecha comum? - Perguntou Gamabray, espantado.
- Eu usei uma flecha encantada! - Respondeu Niara com um olhar sério. - Não era qualquer pessoa que estava ali, era alguém com bastante poder de energia.
- E você não sentiu sua presença?
- Era alguém bem habilidoso! E isso prova que ele realmente estava nos espionando.
- E agora, Tata?
- Vamos pra casa e contar tudo para a mamãe.
- Vamos! - Respondeu Gamabray. - Mas Tata, tem um pequeno problema.
- O que foi?
- Eu esqueci o peixe lá na caverna.
- Corre lá buscar que eu espero você aqui, e aí depois vamos pra casa.
- Combinado! - Ele respondeu entregando o coelho para sua irmã e correndo o mais rápido possível

Gamabray A Nova Era (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora