Eu detesto Bruxas

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E enquanto isso, três jovens chegam à rua da Feira do Reino Celestial.
— Enfim chegamos! — Disse Lana. — Lembre-se do que eu disse, não saiam de perto de mim para não se perderem.
— Pode deixar! — Responderam Gamabray e Niara, ao mesmo tempo em que se deslumbravam com aquela enorme feira, com milhares de barracas por todos os lados.
— Eu a imaginei grande! Mas não sabia que a Fçira do Reino Celestial era tão grande assim! — Disse Gamabray, olhando por todos os lados, admirado com tanta coisa que estavam vendendo e, o que ele mais queria naquele momento, era entender o que os vários feirantes gritavam ao mesmo tempo.
— POÇÃO AQUI É MAIS BARATO!
— TROCO ITENS AZUIS POR AMARELOS!
— FRASCOS PARA SUA POÇÃO É AQUI!
Eles foram andando pela feira até que uma barraca enorme, onde tinha uma baia com vários cavalos, chamou a atenção do jovem guerreiro que ficou encantado ao ver um lindo cavalo branco de enormes crinas que chegavam a tocar o chão, e que havia em sua pata direita dianteira um lindo desenho de uma estrela. Após passarem pela baia, Gamabray avistou outro cavalo branco de enormes crinas, que também chegavam ao chão, só que desta vez o cavalo estava em uma jaula e, após ver que o cavalo também tinha uma estrela desenhada em sua pata, o jovem guerreiro resolveu se aproximar para poder ver melhor. Assim que se aproximou, o cavalo olhou bem no fundo dos seus olhos, e o jovem guerreiro decidiu passar a mão no animal.
— Não faça isso! — Gritou Lana, dando um tapa na mão de Gamabray, impedindo que o jovem guerreiro colocasse sua mão dentro da jaula. Nessa hora todos ali ao redor começaram a rir e Gamabray vê uma boca com enormes dentes se fechar bem à sua frente, dentro da jaula.
— Mas o que é isso! — Gritou Gamabray, se assustando.
— O que você está pensando que está fazendo? — Disse Lana, olhando nos olhos de Gamabray. — Colocando a mão dentro de uma jaula com um Dragão Visão, só pode estar querendo perder um braço, só pode! Disse dando as costas para o jovem guerreiro e voltando a caminhar. — Claro que seu braço iria se regenerar logo, mas pensou o quanto isso nos atrasaria hoje?
— Eu não sabia que era um Dragão Visão, eu pensei que fosse um lindo cavalo branco, igual ao que eu tinha visto minutos antes. — Disse Gamabray, se apressando para chegar ao lado de Lana, seguido por sua irmã Niara.
— Você está de brincadeira comigo? — Perguntou Lana, parando de caminhar. — Como você não sabia que era um Dragão Visão?A marca do Dragão fica estampada na testa dele! Mesmo se ele fizer o vê-lo como o último animal que você viu, que no caso foi o cavalo branco, mesmo assim a marca continua estampada em sua testa, saber reconhecer um Dragão Visão é praticamente obrigação de todos que querem sobreviver nesse mundo.
— Eu nunca vi um Dragão Visão na minha vida! — Disse Gamabray.
— Pega leve com ele, Lana! Até eu poderia ter caído na ilusão do Dragão! — Disse Niara.
— O que sua mãe está fazendo com vocês? — Perguntou Lana. — Criando vocês ou escondendo vocês do resto do mundo? Ah, deixa isso pra lá e vamos à biblioteca. — Disse e voltou a caminhar por entre a multidão. — Pelo menos me seguir vocês sabem?
— Sim! Mas pega leve! — Respondeu Niara, um pouco chateada com o comentário da amiga e, assim que Lana viu o olhar de Niara com o de seu irmão, ela tratou de pedir desculpas.
— Desculpa pela minha grosseria! Estou um pouco nervosa em não ter notícias do meu pai e acabei descontando em vocês, me desculpem.
Não se preocupe! — Respondeu Niara. — Eu no seu lugar estaria do mesmo jeito. — E nisso, uma senhora de cabelos despenteados e muito mal cuidados, que usava um vestido preto todo rasgado, pegou na mão da Lana.
— Me deixa ler seu Ostium, minha querida. — Disse a senhora, passando a mão no símbolo que havia na palma da mão de Lana.
— Não, obrigada! — Respondeu Lana, retirando a sua mão das mãos da senhora, que insistiu em pegar de volta.
— É de graça minha querida, não vou cobrar nada. — Disse a senhora.
— Não! Obrigada eu disse!
— Posso ver o seu futuro! — Disse a velha senhora.
— Deixa ela ver sua mão! — Disse Gamabray. — Senão ela não vai nos deixar em paz!
— Vai! — Disse Lana. — Lê logo isso que estou com muita presa. — E nisso, a senhora, passando a mão no símbolo que havia na palma da mão de Lana, disse:
— Humm, vejo em seu Ostium que você é uma caçadora e tanto, tem muito talento, e vejo também que você está em busca de um amor.
— Pronto! Já leu! Agora está bom! — Disse Lana, retirando sua mão das mãos da senhorinha mas, antes mesmo de Lana se retirar dali, a senhorinha continuou dizendo:
— E digo mais, você o encontrara no Reino dos mortos, minha querida.
Lana virou as costas para a senhora e voltou a caminhar, seguida por Gamabray e Niara.
— Eu detesto Bruxas. — Ela disse, limpando sua mão em sua roupa e, após andar por alguns metros, os três ouviram a Bruxa gritar:
— E eu acho melhor você se apresar, minha querida, antes que quem o sequestrou o mate!
Lana, ao ouvir aquelas palavras, se virou o mais rápido possível e olhou bem nos olhos da senhora, que saiu andando em sentido contrário ao dela e Lana, percebendo que a senhora estava fugindo, começou a segui-la.
— Espere, minha senhora! O que você me disse? — Ela perguntou. Mas assim que a Bruxa percebeu que Lana estava indo atrás dela, começou a correr sem parar. Lana, mais que depressa, correu atrás da bruxa. Gamabray e Niara ficaram sem saber o que fazer naquela situação e, após um olhar para o outro, saíram correndo no mesmo instante atrás da sua amiga. — Parem essa bruxa! — Gritou correndo, mas ninguém sequer ligava para o que ela estava dizendo e, por mais que ela corresse, a Bruxa sempre estava se distanciando. — Alguém pare essa Bruxa!
Niara, ouvindo sua amiga gritar desesperada para que parassem a Bruxa, retirou de sua aljava uma flecha, equipou em seu arco e mirou em sentido à senhorinha que corria mais rápido que os três jovens juntos. Com o seu olhar de águia para sua presa, parou de correr e, após não sentir mais a presença de ninguém ao seu redor e a sensação de que o ar estava parado tomar conta do seu ser, libera a flecha que vai rasgando o vento na direção exata da cabeça da senhorinha. Assim que a flecha toca seus cabelos, a senhora, com uma velocidade espantosa, desvia da flecha que vai e acerta um dos cavalos da baia que ficava no começo da feira. O cavalo, ao ser acertado pela flecha, dá um salto, dispara um coice no ar que vai em direção ao lampião que estava pendurado na coluna da baia e o derruba em cima de um monte de feno que havia no chão. Assim que ele coloca sua pata de volta no solo, o seu corpo se endurece por completo e o dono do cavalo, vendo aquela situação, correu em direção ao seu animal para ver o que estava acontecendo com ele. Mas antes mesmo dele chegar até o cavalo, o fogo que estava dentro do lampião se espalhou pelo feno, levantando uma enorme fogueira, assustando todos os restos dos cavalos que estavam dentro da baia. Um dos cavalos, ao sair correndo de medo por causa do fogo, pulou a cerca e acabou esbarrando e derrubando a jaula que prendia o Dragão Visão, fazendo com que a porta da jaula se abrisse com a queda, libertando o Dragão Visão que saiu voando, cuspindo fogo em tudo o que via, fazendo com que todos que estavam naquele local se desesperassem.
Lana, ao ver a confusão à sua frente e aquele Dragão tacando fogo em tudo a sua volta, olha para trás e vê sua amiga, Niara, com o arco em suas mãos.
— O que você fez, Niara? — Ela perguntou.
— Só tentei parar a velhinha!
— Qual velhinha? A que deixamos fugir? — Perguntou Lana e nisso, ela vê soldados da princesa se aproximando e um deles olha para ela e diz:
— Olhem a Lana lá! — E todos os guardas começaram a correr em sua direção.
— Niara! Gamabray! Sigam-me! — Ela disse correndo para fora da feira por uma pequena viela que ligava a rua da feira com a rua de baixo. Assim que os três chegaram á rua de baixo, Lana continua pedindo para que seus amigos a segam por outra viela, só que agora sem saída, a não ser pela porta de madeira da cor marrom escuro que ficava no fim da viela. Assim que chegaram lá, Lana corre bater na porta. — Senhor Jhorin, abre a porta, sou eu, a Lana! Senhor Jhorin! Você está em casa? — E nisso, a porta se abre e os três jovens entram correndo na casa, então a porta se fecha.
— Mas o que está acontecendo, Lana? — Perguntou um pobre senhor de cabelos e barbas brancas.
— Preciso que o senhor nos esconda! — Disse Lana.
— Mas o que está acontecendo, minha filha? — Perguntou o senhor Jhorin.
— Não temos tempo para conversa agora. — Disse Lana. — Nos esconda e, depois que tudo acalmar, eu explico tudo certinho para o senhor, o exército da princesa está atrás da gente!
— Ta Bom! Entendi! — Respondeu o senhorzinho de barba branca. — Sigam-me! — Disse saindo da sala e entrando em um corredor escuro, sem lâmpada, e com cheiro de mofo no ar. Após abrir a única porta que tinha naquele corredor, o cheiro de mofo tomou conta dos pulmões dos três jovens — Fiquem aqui e não façam barulho por nada.
— Mas como vamos ficar nessa sala escura e com esse cheiro insuportável? — Perguntou Gamabray.
— Tó! Comam isso! — Disse Jhorin, entregando uma barra de pasta de amendoim na cor vermelha pra cada um dos jovens.
— Quanto tempo vamos ficar aí dentro com esse cheiro? — Perguntou Niara.
— Assim que comerem essa barra, não sentirão mais cheiro nenhum! Confiem em mim, não saiam e não façam nenhum barulho! — Disse o senhorzinho, saindo dali e voltando para a sala.
— Pode deixar, Jhorin! Não vamos sair e nem fazer nenhum barulho, não importa o que aconteça. — Disse Lana. — Eu confio no senhor!
— Que bom! — Disse o velhinho indo até sua estante, pegando uma caixa de xadrez e colocando-a em uma pequena mesa de centro que estava em cima de um tapete vermelho no centro de sua sala. Então ele começou a montar o tabuleiro, peça por peça e, assim que ele terminou, encostou suas costas no encosto do sofá e disse: — Agora é só esperar.

Gamabray A Nova Era (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora