O Reino Celestial

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Algum tempo depois, Tabata chega á casa da Dorai e encontra a porta aberta.
— O de casa! — Ela grita e uma mulher, bem acima do peso ideal para sua estatura de 1,62 metros, de pele branca, cabelos escuros, comendo batata frita em um pequeno saco feito de papel, aparece na sala para ver quem estava gritando á sua porta. Era Dorai, a professora alquimista de Lana da escola Água Verde.
— Olá, Tabata! Que honra vir me visitar, fiquei feliz — Ela disse, convidando-a entrar.
— Como você sabe meu nome? — Perguntou Tabata, entrando na casa.
— Conheço a mãe de todos os meus alunos, até as mães que nunca foram em uma reunião sequer dos seus filhos. — Ela respondeu indo se sentar no sofá.
— É que eu ando muito ocupada ultimamente. — Disse Tabata.
— Ocupada ao ponto de nunca ir á escola para pelo menos perguntar como está o aprendizado de seus filhos? Mas tudo bem! Isso não vem ao caso! A não ser que você veio aqui para saber exatamente isso. — Disse Dorai pegando uma batata e oferecendo para sua gata, que tinha acabado de subir no sofá, ela aceita e devora a batata em segundos.
— Mas que gata mais linda! — Disse Tabata admirando aquela gata de pêlos pretos e olhos azuis iguais aos da sua dona.
— Pode se sentar! Fique à vontade! — Disse Dorai, e Tabata vai, se senta ao lado da gata e a acaricia.
— Essa é a Juá! — Disse Dorai. — Ela ama batata com molho de frango. — Disse entregando mais um pedaço da batata para a gata, que aceitou no mesmo instante. — Mas diga aí! Por que veio me procurar?
— Preciso fazer uns testes em um laboratório e a Lana me disse que você é a melhor alquimista da vila e que tem um laboratório em sua casa.
— Vai me dizer que você não tem um laboratório em sua casa. — Perguntou Dorai.
— Claro que não! Por que eu teria um laboratório? — Perguntou Tabata, com seu batimento cardíaco um pouco acelerado por causa da pergunta que Dorai acabara de fazer. — O que uma arqueira iria fazer com um laboratório em casa? — Perguntou dando uma pequena risada sem jeito.
— O que uma arqueira iria fazer com um laboratório eu não sei, mas uma alquimista igual a você iria fazer muitos testes! — Respondeu Dorai, pegando e comendo mais uma batata.
— Mas como assim alquimista? — Perguntou Tabata suando por todos os poros de seu corpo.
— Eu sei tudo sobre você, Tabata! — Ela disse. — E eu entendo porque você se finge de arqueira! Eu no seu lugar faria o mesmo!
— Pelo poder celestial, eu lhe imploro que não conte isso para ninguém. — Disse Tabata levantando-se do sofá.
— Se acalme, “muié”! Eu não vou contar nada para ninguém, não quero ser responsável por uma tragédia. — Disse Dorai se levantando do sofá e indo em direção da sua cozinha. — Você quer um suco?
— Mas como você descobriu que eu sou uma alquimista? E pior! Como você sabe tudo sobre mim? Quem é você de verdade? — Perguntou Tabata, pegando disfarçadamente no cabo de seu punhal que estava escondido em suas costas.
— Conheci pessoas que ficaram na mesma situação que você. — Ela disse voltando da cozinha com dois copos de suco de morango nas mãos e entregando um para Tabata, que larga o cabo de seu punhal e pega o copo.
— Mas que situação? — Perguntou Tabata, agora entendendo menos ainda a conversa que estava acontecendo ali.
— Só digo uma coisa para você, Tabata! Se um dia o seu ex-marido descobrir sua localização e colocar a mão em você, pode deixar comigo que eu vou lhe ensinar uma boa lição! — Disse Dorai voltando a se sentar no sofá. — Aonde já se viu ter que viver disfarçada para se esconder de homem. — Disse apertando a batata que estava em sua mão com tanta força que a esmagou e fez com que o molho de frango que cobria a batata passasse por entre seus dedos e escorresse até o seu pulso.
— Marido?! — Disse Tabata para si mesma. — AH, sim! Meu marido, realmente Dorai, eu me disfarço de arqueira para me esconder do meu ex-marido, um homem muito violento, então eu lhe peço que não conte para ninguém que eu sou uma alquimista. Lhe peço não, eu imploro, pelos poderes celestiais, que você guarde esse meu segredo.
— Pode ficar despreocupada, Tabata, eu nunca falaria algo que prejudicaria alguém.
— Muito obrigada! Mas me tira, uma duvida, como você descobriu que eu era uma alquimista?
— Você nunca apareceu em uma reunião dos seus filhos, nunca os levou ou os buscou na escola, então eu tive que investigar se eles estavam sendo bem tratados em casa. Fui te espionar e um dia te vi no quintal de sua casa conjurando uma Diendun e passando ela para uma flecha. Eu, sendo uma alquimista, para ser bem específica, uma professora de alquimia, sei que uma Diendun é conjurada só por alquimistas para paralisar seus oponentes, então o máximo você poderia usar era uma poção de Diendun feita por uma alquimista para encantar sua flecha, e não conjurá-la. E a partir desse dia eu entendi todo o motivo de você não se expor muito na rua e por que fingiu ser uma arqueira.
— Fiquei surpresa agora em saber que você andou me espionando e eu nem percebi nada.
— Mais um motivo que me levaram a crer que você não era uma arqueira, apesar de que sou ótima em espionar! — Disse Dorai dando uma enorme gargalhada estranha, que assustou Tabata.
“Greyktor tem razão! Acho que eu estava um pouco fora de mim ultimamente, fui espionada e nem percebi.” Tabata pensou.
— Vamos parar de falar e vamos conhecer o meu laboratório, terei o maior prazer em ajudar você nesse teste que você precisa fazer e quem sabe eu possa lhe ensinar alguma coisa para você se defender do seu ex-marido, porque nem nas aulas das mamães solteiras, que eu dou como voluntaria no final de semana, você aparece para aprender alguma coisa. — Disse Dorai deixando o saco de batata em cima do sofá e seguindo indo direto para seu laboratório, acompanhado por Tabata.
E antes mesmo delas entrarem no laboratório, Lana, Niara e Gamabray chegam até a sala de recepção do portal da Vila Água Verde para se teletransportarem para o Reino Celestial.
— Eu quero três passagens do portal para o Reino Celestial. — Disse Lana para o guarda que estava atrás do balcão na entrada da sala de recepção do Portal, um homem de pele escura e cabelos grisalhos, responsável pelo controle de entrada e saída do portal.
— São dozes moedas de ouro! — Respondeu o guarda.
— Quanto? — Perguntou Lana com olhar de espanto. — Semana passada eu precisei usar o portal e paguei duas moedas, como estamos em três pessoas tem que ficar seis moedas. não doze!
— Sinto muito! — Respondeu o guarda. — A energia para ativar o portal esta cada vez mais escassa e por isso teve esse aumento de duas para quatros moedas de ouro para cada travessia.
— Mas isso é um roubo! — Disse Lana enfurecida contando suas moedas. — Se eu pagar as dozes moedas vão me sobrar apenas onze, aí não vou ter o suficiente para voltarmos!
— Não se preocupe, Lana! — Disse Niara. — Eu tenho moedas de ouro aqui comigo para pagar a minha e a passagem do meu irmão. — Disse pegando um pequeno saquinho que estava escondido no fundo da sua aljava e dele, ela retira oito moedas de ouro e as coloca em cima do balcão.
Lana então pega quatro moedas do seu saquinho, junta com as oito e as entrega para o guarda.
— Toma aqui as dozes moedas de ouro! — Ela disse e nisso, o guarda pega as moedas e as guarda na gaveta do seu balcão. Em seguida ele pega três pequenas pedras, no formato de uma folha que estava na gaveta, e entrega uma pedra para cada um.
— Entreguem isso para o Anilton assim que passarem o portal. Disse o guarda.
— Mas pra que serve isso? — Perguntou Lana analisando aquela pedra, já imaginando ela em uma das folhas do seu álbum.
— Ordens da princesa! — Respondeu o guarda. — Todas as vilas receberam pedras para travessias do portal principal e, com essa pedra, seus dados ficam registrados nela. Com isso o Reino Celestial tem controle de todo mundo que atravessa.— Mas e se eu quiser atravessar sem a pedra? — Perguntou Lana.
— Os Alquimistas celestiais vieram aqui e configuraram a base do portal, por isso você não consegue atravessar sem estar portando essa pedra! —Respondeu o guarda apontando para a pedra que estava nas mãos de Lana.
— Ta! Tudo bem! Ma seu eu então atravessar o portal e não entregar a pedra para o guarda, ninguém vai saber que eu atravessei o portal! — Disse Lana.
— Aí que você se engana, pois assim que atravessar o portal o seu registro vai automaticamente para a base do portal deles, a pedra serve só para ter controle da quantidade de travessias que fomos liberados a fazer e, assim que as pedras acabarem, temos que comprar mais deles.
— Agora virou um roubo mesmo! — Disse Lana. — E afinal de contas, quem é esse tal de Anilton?
— Anilton é o guarda responsável pela entrada e saída do portal treze do Reino Celestial.— Ele respondeu.
— Tudo bem! — Disse Lana. — Vamos logo atravessar esse portal que hoje não podemos perder tempo.
— Eu nunca atravessei um portal Principal antes! — Disse Gamabray com um olhar assustado.
— Fique despreocupado, Gamabray, só segure essa pedra e me siga. — Disse Lana fechando a mão de Gamabray, que estava com a pedra, e em seguida ela sai da sala para ir até a sala do portal.
— Vamos, meu irmão! — Disse Niara segurando na mão de Gamabray e seguindo os passos de Lana.
— Você sabe que eu não estou com medo né, Tata? E que você e Lana podem ficar despreocupadas, pois vou protegê-las! — Ele disse saltitante enquanto saia da sala de recepção.
— Uma passagem para o Reino Celestial! — Disse um homem entrando na sala de recepção do portal com o rosto coberto pelo capuz de sua blusa e, assim que se aproximou do balcão, jogou quatros moedas de ouro para o guarda.
— E o que você pretende fazer no Reino Celestial? — Perguntou o guarda, contando as moedas.
— Sua função é receber as moedas de ouro e não ficar interrogando as pessoas para saber o que elas fazem ou deixam de fazer. — Respondeu o homem com o rosto coberto, pegando a pedra em formato de folha da mão do guarda que acabara de retirá-la da gaveta.
— Sua voz é familiar! — Disse o guarda tentando ver o rosto do homem.
— Se você não tem o que fazer, eu tenho! — Disse o homem misterioso saindo da sala de recepção e indo em sentido a sala do portal.
— Eu só queria ser gentil! — Disse o guarda para si mesmo, pegando um pano e o passando sobre o balcão.
E após passar ao lado de três portas pelo enorme corredor, Lana entra na sala à direita e em seguida Niara Também entra, mas Gamabray para na entrada da sala e fica ali, imóvel!
— Não sabia que o portal era tão grande assim! — Ele pensou olhando para aquele enorme painel espelhado de energia.
— O que foi, Gamabray? — Perguntou sua irmã. — Não me diga que você está com medo. — Perguntou dando uma pequena risada, sabendo que isso iria fazer com que ele perdesse o medo.
— Eu sou um guerreiro e guerreiros não tem medo de nada! — Ele respondeu apertando em sua mão a pedra no formato de uma folha. — É que eu estou achando melhor se o Kulran for com a gente, para ele passear um pouco.
— O Kulran pode se perder no meio da multidão e alguém pode sequestrá-lo e fazer alguma maldade com ele. — Disse Lana ao se aproximar do jovem guerreiro. — E você já imaginou o quanto ele vai ter orgulho de ver você sem medo?
— Eu já disse que não tenho medo de nada! — Disse Gamabray e então, sem pensar, correu na direção do portal, saltou naquele espelho de energia e desapareceu da sala.
— Eu acho melhor não demorarmos em atravessar o portal, vai que ele se perde lá do outro lado. — Disse Lana
— Concordo! — Respondeu Niara e as duas amigas, mais que depressa, correram em sentido ao portal.
— Espere, Lana! — Disse Niara parando de correr. — Olhe aquele símbolo no portal! É igual o símbolo que estava na Locus do seu pai! — Disse apontando o seu dedo indicador na direção do símbolo que estava estampado na parte superior da base do portal.
— Você tem certeza?
— Certeza eu não tenho! Mas olhando para ele, me vem na memória aquele símbolo não chão! Pena que eu não consegui ver direito para ter certeza. — Respondeu Niara.
— Esse símbolo nunca esteve aí, o colocaram por esses dias. — Disse Lana. — Mas olhando bem e com mais calma, eu acho que já cheguei a ver um livro cheio de escritas e símbolos iguais a esse em algum lugar. — Mas agora vamos logo pegar o livro na biblioteca porque cada minuto que perdemos pode ser um minuto a menos de vida para meu pai. — Então as duas amigas atravessaram o portal de energia e apareceram em outra sala.
— Onde estamos? — Perguntou Niara.
— Nossa, Tata, por que demorou tanto assim para atravessar? — Perguntou o jovem guerreiro.
— Estávamos vendo um detalhe lá, mas deixe isso pra lá! Já chegamos! — Disse Niara.
— Sabe, Niara! Na hora em que entramos no portal eu tive a sensação que alguém estava nos observando!
— Acho que foi coisa da sua cabeça.  Disse Niara. — Estávamos dentro do quartel da Vila Água Verde! Lá está cheio de soldados do exército, talvez algum desses soldados estava chegando à sala e você acabou sentindo sua presença.
— Pode ser! — Disse Lana.
— Vamos logo lá fora! Estou louco para ver um Reino grande! Ainda mais o Reino Celestial. — Disse Gamabray, empolgado.
— Então vamos! — Disse Lana caminhando em sentido a saída da sala e, após entrarem na sala de recepção do Reino Celestial, ela observa o guarda Anilton dormindo em sua cadeira atrás do balcão. Sem dizer uma só palavra, ela coloca a pedra no formato de uma folha sobre a mesa do guarda e continua sua caminhada para fora da recepção, seguida por Niara e Gamabray. Enquanto isso, na sala do portal da Vila Água Verde, um corpo parecido como o de um ser humano, mas totalmente transparente, sem rosto e feito completamente de energia, estava entre o teto e a parede lateral. Num piscar de olhos o corpo se transforma em uma fumaça branca que sai e vai até a sala vizinha onde encontra um homem de cabeça baixa, com um capuz escondendo sua face. Então o homem estende a sua mão e a fumaça entra na sua palma através do seu brasão, olha seu DREXTAL e, após guardar a tela azul, verifica sua espada que estava em suas costas.
— Aonde será que ela chegou a ver a escrita da princesa Yasmim? A princesa não costuma escrever na sua língua natal em qualquer lugar! — Ele disse caminhando até o portal e o atravessando.
— Nossa! — Disse Gamabray ao sair da sala do terceiro portal do Reino Celestial e avistar os quilômetros e quilômetros de construções do castelo do, todo enfeitado com milhares de estátuas. — Como é lindo!
— Realmente é muito lindo esse Reino! — Disse Niara, que também estava admirada com a paisagem.
— Não saiam de perto de mim! — Disse Lana, começando a caminhar. — A Biblioteca fica no centro do Reino Celestial e, para chegar até lá, vamos precisar passar pela feira do reino que fica atrás daqueles prédios. Lá é um lugar muito movimentado. — Disse mostrando vários prédios construídos em várias formas geométricas.
— Mas é muito longe! — Disse Gamabray ao ver a distância em que estavam os prédios.
— Por isso não podemos perder tempo com conversas! — Disse Lana começando a caminhar em sentido a feira do reino.
— Pode deixar! — Respondeu Gamabray, pegando na mão de sua irmã. — Não vamos perder você de vista por nada desse mundo.
— Verdade! — Disse Niara começando a seguir sua amiga Lana de mãos dadas com seu irmão.

Gamabray A Nova Era (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora