Capítulo 4

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🎼Temporary Home🎼
Essa é a minha casa temporária
Não é onde eu pertenço
Janelas e quartos
Pelos quais eu estou passando
São só paradas
Na estrada para onde estou indo
Eu não tenho medo porque sei
Essa é a minha casa temporária

Jake estava sentado de cabeça baixa, no banco de trás do carro, a caminho de "casa". É nossa casa ainda, quando tudo o que realmente importa, não existe mais? Quando se sabe que sua mãe não estará mais te esperando? Nunca mais?
Quem guiava em silêncio eram amigos queridos de Sarah, Stu e Cloe, além do pequeno Max. Sarah trabalhava para eles como empregada. Antes de começar a trabalhar todas as tardes, Jake ia almoçar com sua mãe algumas vezes na casa deles. Eles eram o único contato deles. Max adorava Jake, pois ele era o único que tinha paciência de ler para ele.

- Jake, eu quero que nesses primeiros dias, você fique conosco - Cloe virou-se para ele - E fique tranquilo quanto ao enterro - Ela o tranquilizou - Nós cuidaremos de tudo, ok?

- Obrigado - Jake agradeceu, ainda de cabeça baixa. Max então pegou a mão dele.

- Vai ficar tudo bem Jake! - Ele tentou animar seu amigo - Você vai ver! Nós somos sua família agora, certo mamãe?

- Certo querido - Cloe sorriu para Jake e Max.

- Certíssimo - Stu concordou - Jake agora é como nosso filho mais velho.
Eles estacionaram e os vizinhos pareciam já saber. Como? Rostos tristes olhavam o solitário garoto que entrou para pegar suas coisas. Mari latia animadamente e quando ele entrou, ela parecia procurar por Sarah. Jake se abaixou e pegou a cadelinha em seus braços.

- Oi Mamô-chan... agora somos só eu e você garota - Ele murmurou, abraçando sua cachorrinha - Vem, vamos ficar uns dias fora - Ele entrou em seu quarto para pegar suas poucas coisas, colocando-as em uma mochila. Ele olhou a foto deles. Ele pegou o porta retrato e guardou na mochila, tentando segurar o choro. Mari pulava nele, animada. Jake colocou a mochila nas costas, e foi pegar o pote de comida para Mari, além de sua pequena cama, que estava no quarto de Sarah. Jake respirou fundo e entrou no aposento, recolhendo rapidamente a cama da cachorrinha. Ele colocou tudo em uma grande sacola e pegou Mari nos braços. Ele então trancou a porta, sem olhar para trás. Ele sentou-se no carro novamente e partiu para seus novos e solitários dias.
Stu e Cloe deixaram o quarto de hóspedes pronto para ele e Mari. Eles o deixaram se ajeitar em paz naquele dia. Jake então deitou-se na cama e Mari o acompanhou, deitando na barriga dele. Jake abraçou o travesseiro e fechou os olhos apertado enquanto as lágrimas desciam.

Cloe preparou o jantar e o chamou. Jake então foi juntar-se a eles e claro, Mari. Ela havia feito vários tipos de massa e o cheiro estava delicioso. Todos estavam sentados e Jake se preparou para começar a comer. Mas quando ele tentou engolir, não conseguia. Ele tentou mais uma vez. Nada. Ele respirou fundo, pegou um guardanapo e precisou cuspir. Cloe colocou a mão em seu ombro.

- Cloe me desculpe a desfeita... mas eu não consigo nem engolir a comida - Ele apoiou a cabeça em suas mãos, os cotovelos sobre a mesa.

- Jake, não tem que se desculpar de nada - Stu disse a ele. Se dê um tempo garoto. Você quer um copo de água, suco?

- Água - Ele respondeu timidamente.

- Eu te sirvo - Stu colocou a água para ele e entregou a Jake. Jake agradeceu e começou a beber. A água desceu. Todos voltaram a jantar. Jake estava cercado de pessoas, mas sentia-se só.

Na manhã de segunda, Jake não chegou cedo como sempre e de certa forma isso desapontou You. Ela olhava inquieta para a porta, mas ele não entraria. Ela sabia. Então o professor Will parecia conversar atentamente na porta com o diretor. Os olhos dele pareceram tristes e ele concordou com a cabeça. Will então entrou e fechou a porta.

- Bom dia classe. Eu acabei de saber pelo diretor nesse momento, que a mãe do colega de vocês, Jake, faleceu ontem e essa é a razão dele não ter vindo hoje. Eu peço à vocês que tenham muito cuidado, respeito e empatia. Ele só tinha a mãe dele - Will mantinha as mãos nos quadris, olhando atentamente para a sala.

- Empatia? - Evan perguntou, segurando o riso.

- Empatia é se colocar no lugar do outro, seu acéfalo! Mas você deve desconhecer o significado das duas palavras, porque é um típico boyzinho privilegiado dessa escola - You o encarava furiosa e Evan arregalou os olhos.

- You... por favor se acalme - Will pediu educadamente.

- Ninguém vai ao funeral? Ninguém vai dar os pêsames para ele!? O que tem de errado com vocês!?

- You, onde você vai? - Will a olhou confuso.

- Vou descobrir onde é o funeral e vou prestar meus sentimentos ao Jake. Ele não é invisivel! - Ela pegou suas coisas e saiu.  Acelerada como era, You conseguiu mesmo! E em 20 minutos, Ben a deixava na porta do cemitério.

- Tem certeza disso, You? - Ben olhava com incerteza. Mas ela estava decidida.
You entrou pelo campo verde com tumbas procurando qualquer aglomeração. Lá estava! Ela viu Jake parado perto de uma árvore, proximo a um grupo de pessoas. Ela correu até ele.

- Jake? - Ela o chamou e ele virou a cabeça confuso, para ver quem era. O rosto bonito estava cansado, os olhos vermelhos e tristes.

- Rodas? - Ele pergubtou baixinho. You então deu um abraço nele, que ficou completamente sem jeito.

- Meus sentimentos Wifi - Ela disse, com sinceridade.

- Como você... - Ele não entendia.

- Eu sou uma hacker. Eu sei tudo.
Jake conseguiu dar um leve sorriso. Então ele olhou no pescoço dela: havia um pingente em formato de chave. Jake olhou ao redor. Ele olhou para ela novamente.

- Obrigado - ele disse e ela pegou sua mão, em silêncio. Jake segurava a mão dela, em silêncio também.

- Você precisa segurar a mão de alguém agora. Segure a minha - Ela sorriu para ele e apertou sua mão - Você não está sozinho, Jake. Eu vejo você  - Ela disse e ele sentiu uma corrente elétrica percorrer todo seu corpo, até chegar ao coração.

Um pedido às estrelas - JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora