Capítulo Dezesseis

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– Eu estava com saudades – eu sorri para Alex quando ele entrou em meu quarto com meu café da manhã.

Ele sorriu de volta, talvez envergonhado.

– Bom dia Julie – ele colocou a bandeja com comida em uma mesa ao canto do meu quarto. – O Senhor pediu que trouxesse seu café da manhã aqui. E também disse que a esperaria no estábulo assim que terminasse de se arrumar.

Involuntariamente eu sorri.

– Obrigada, Alex – ele deu um sorriso leve e saiu do quarto.

Nick estava me esperando no estábulo. A gente ia sair hoje? Aonde íamos? Isso não importa, ele que me ver, quer sair comigo. Corri ao banheiro e tomei banho, havia perdido até a fome então apenas comi algumas uvas e vesti uma calça preta, camisa rosa de botões e botas.

Quando cheguei ao estábulo Nick estava me esperando, ele usava uma camisa azul e uma calça preta, assim como seus sapatos. Ele sorriu ao me ver e retribuí o gesto dele.

– Pensei de dar uma volta hoje – ele disse quando estava próxima o suficiente. – De cavalo ou a pé, como você quiser.

Pensei.

– A pé – sorri. Andando série mais proveitoso do que andar de cavalo. Eu nem ao menos sabia cavalgar ainda.

– Como quiser. – Ele respondeu e me puxou pela mão até a trilha que leva a floresta.

Caminhamos um pouco em silêncio, mas o tempo todo minha barriga ficou fria, gelada. Eu sorria por dentro por ver que ele ainda segurava minha mão.

– Está um belo dia, não acha? – Ele quebrou o silêncio entre nós.

– Claro, ótimo pra caminhar – respondi sorrindo. – Então… O grande senhor das Terras Obscuras hoje não tem nenhuma responsabilidade?

Ele riu.

– Nenhuma – ele respondeu. – Nada além de caminhar com uma bela garota de olhos jabuticaba e sorriso estonteante.

Meu rosto corou e ele mordeu o lábio inferior.

– Deveria me sentir grata – falei brincando. – Não se é todo dia que posso ficar em sua companhia, ontem aliás, mal vi você.

Ele respirou fundo.

– Eu estava muito ocupado ontem.

– Com o quê? – indaguei.

Ele mordeu o lábio outra vez.

– Problemas de um senhor – ele respondeu evasivo. – Nada que você entenderia.

Poderia ter considerado como um insulto, mas ele estava certo, não compreendia nada sobre os assuntos de senhores fadas.

– Em minha defesa – comecei a falar. – Eu pretendo aprender sobre a história de nosso povo. Ontem mesmo, eu aprendi que aqui onde estamos faz parte de Almont.

Ele arqueou uma sobrancelha curioso, porém havia divertimento em seu olhar.

– E o que mais você aprendeu Julie – ele instigou. Meu nome vindo de sua boca fez meu corpo se arrepiar.

– Aprendi que Almont é dividida em terras, essas que são governadas por senhores. Como você governa aqui as Terras Obscuras.

– Muito bem – ele sorriu.

– Aliás, esse nome não faz jus a essa terra. É tão bela, o nome faz parecer ser algo sombrio e maligno.

O corpo de Nick se enrijeceu e ele trincou o maxilar.

– E era – ele pareceu tenso. – Até que eu assumi o controle e as coisas mudaram.

Pela forma como a expressão de seu rosto foi de divertida a sombria preferi não perguntar por detalhes.

– E também aprendi que existe uma cidade, bem grande, chamada Hedley. Bem ao sul de Almont.

– É, existe. – Ele pareceu frio.

– O que tem lá? – perguntei, um pouco receosa.

– Hedley é uma bela cidade, lá vivem as fadas que não vivem em terras algumas. São livres para fazer o que quiserem, ou ao menos eram…

Semicerrei os olhos curiosa.

– Como assim?

Ele respirou fundo antes de continuar.

– As fadas viviam bem felizes antes da nova rainha de Almont subir ao trono e se revelar deveras tirana.

– Então Almont é governada por uma rainha?

– Infelizmente sim.

– E o que ela pode ter feito de tão ruim?

– Isso é história pra outro dia – ele forçou um sorriso e continuamos a caminhar em silêncio.

Depois de algum tempo resolvi fazer uma pergunta – que não fosse relacionada a rainha de Almont.

– Quem é Carrie? Ela é senhora de alguma terra?

– Não, não existem terras governadas por senhoras. 

– Por quê?

– Porque sempre foi assim, apenas os homens tem poder para governar terras. Se algum dia eu tiver uma filha, ela não poderá assumir as Terras Obscuras.

Fiquei curiosa e um pouco chateada com isso de mulheres não poderem governar. A rainha de tudo isso não é uma mulher, qual o motivo disso.

– E então ficaria na mão de quem as Terras Obscuras?

– Ela teria de se casar e então seu marido as governaria.

– Isso é ridículo! Então se você se casar, sua esposa não seria senhora e não ajudaria você?

– Não.

Não falei mais nada. Isso não fazia sentido.

– Continuando a sua pergunta sobre Carrie… – olhei pra ele. – Ela não é senhora, mas é filha de um senhor, Trevor, senhor das Terras do Alvorecer.

– E como ela conhece Luke?

O corpo de Nick se enrijeceu outra vez.

– Luke é senhor das Terras da Meia Noite, eles tem muito contato Julie. Além de que… – ele fez uma pausa. – São amantes.

Luke e Carrie…

– Então quer dizer que Luke não tem problemas com Trevor?

– Não. Por que ele teria?

– Ele tem problemas com você, imaginei que teria com os outros.

Nick hesitou em falar.

– Meus problemas com Luke também são histórias pra outro dia.

Droga! Não estava conseguindo resposta alguma, tudo que me restava eram mais perguntas.

– E o que Carrie fazia aqui?

– Estava apenas me trazendo uma mensagem de seu pai.

Pensei em perguntar que mensagem seria essa, mas as chances dele me contar seriam mínimas. Continuamos a caminhar até chegar ao penhasco. O penhasco onde eu falara com Luke certa vez. No chão da grama bem de frente para a bela vista do céu rosada que tocava as montanhas, havia uma toalha estendida ao chão e uma cesta de piqueniques.

– Espero que esteja com fome – Nick sorriu.

Midnight Obssession (Juke-JATP-Acotar)Onde histórias criam vida. Descubra agora