Capítulo Vinte e Dois

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Dois dias se passaram e eu decidi que iria sair ao jardim. Pouco me importava se eu veria Nick, o casamento irá acontecer em cinco dias e eu não posso ficar me escondendo pra sempre. A casa estava mais movimentada que nos últimos dias – ainda mais movimentada do que quando houve o baile.

O sol bateu forte em mim e ver sua luz tinha se tornando estranho pra mim, afinal eu ficara quase uma semana trancada em casa. Enquanto caminhava pela trilha na floresta rumo ao penhasco, eu desacelerei meus passos e decidi ficar apenas no jardim da mansão. Não queria vê-lo também…

Me sentei debaixo da sombra de uma enorme árvore, e me encosto no tronco dela, admirando a imensidão do céu rosado. Não sei por quanto tempo fiquei ali, parada apenas, apenas olhando o céu.

– Julie? – alguém me chamou. E num pulo fiquei de pé e vi o dono da voz, melhor… a dona da voz.

– Oi – falei a medida que Carrie se aproximou de mim.

Ela estava muito bonita em um vestido rodado floral que chegava até os joelhos dela, usando sandálias de salto muito bonitas. Seu cabelo caramelo estava solto e o vento batia nele. Ela estava sempre bonita.

– Como vai? – Ela sorriu pra mim e esticou a mão para que eu a cumprimentasse.

– Bem – respondi e peguei em sua mão.

– Que ótimo – ela deu um gritinho batendo as mãos. – Queria conversar com você sobre o casamento.

Meu Deus?! Nick havia contado a ela sobre nós? Eu não podia acreditar. Ele não faria isso, faria?

– Estava pensando em ajudar você a escolher um vestido para usar no casamento.

– Ah – fiquei aliviada.

Antes que eu pudesse argumentar e dizer que não iria ao casamento ela segurou minha mão e praticamente me arrastou até meu quarto. Quando chegamos ela me empurrou pra sentir e fechou a porta atrás de si.

– Olha Carrie… – comecei a dizer mas ela ergueu a mão para que eu me calasse.

Quando parei de falar ela sorriu e se aproximou de mim. Ela voltou a segurar minha mão e me puxou para que pudéssemos sentar na cama.

– Eu quero ser sincera com você. – Ela começou a falar. – Meu casamento com Nick é por interesse, ele não sente nada por mim que faz com que ele esteja feliz com essa união. Porém assim, ele irá selar a paz com meu pai e as Terras Obscuras e as Terras do Alvorecer poderão se tornar aliadas.

Até agora nenhuma novidade.

– Ele não me vê como eu gostaria que ele me visse – ela continuou. – Porém eu acho que podemos fazer desse casamento de interesses, uma relação com sentimentos. Vamos nos casar e a última coisa que eu gostaria é ficar com alguém que não sente nada por mim pelo resto da vida.

– Então por que aceitar se casar com ele? – Interrompi.

– Querida – ela deu uma risada fraca. – É o meu dever. Nós fadas prezamos muito por isso, diferente dos humanos que colocam as vontades do coração acima de tudo.

Ela não mentiu sobre o coração humano e como a emoção é algo que nos afeta.

– Porém para que algo entre eu e Nick aconteça, ele precisa estar livre. Se Nick está envolvido com alguém no momento, isso precisa ter um fim. – Senti meu estômago se revirar, onde essa conversa chegaria? – Sei que a única mulher que ele tem estado próximo é você. Não acredito que ele seria estúpido o bastante para se envolver com uma humana, mas sei que estiveram juntos em passeios pela floresta.

Me perguntei se ela já sabia sobre o que havia entre eu e Nick e esperava que eu dissesse algo. Isso não vai acontecer, não devo satisfação nenhuma a ela.

– Fui sincera com você. Agora seja sincera comigo – ela respirou fundo antes de prosseguir. – Aconteceu algo entre Nick e você? Algo que eu deva saber?

– Não – fui rápida em responder para evitar levantar suspeitas. – Não existe nada entre Nick e eu. Apenas somos amigos, nem sei se posso chamar de amizade a relação que tenho com ele.

– Mas vocês pareciam bem íntimos em seus passeios e…

– Olha – eu a interrompi. – Não se preocupe. Eu sou uma humana e Nick é uma fada, somos de mundo completamente diferentes. Mesmo que houvesse algo entre nós isso não teria um final bom. Acredita em mim. – Me doeu dizer isso, tentei colocar isso em minha cabeça nos últimos dias e dizer agora em voz alta machucava. – E eu não vou ao casamento. – Completei.

Ela semicerrou os olhos, um pouco intrigada talvez.

– Não posso críticá-la por isso. Seria de fato desconfortável para você estar num lugar repleto de fadas. – Ela se colocou de pé. – Foi bom ter essa conversa.

Quando ela sorriu, forcei meu rosto a colocar um sorriso nos lábios. Ela abriu a porta e antes de sair de meu quarto parou e disse:

– Espero que o que me disse hoje seja verdade. Você não me quer como inimiga – e com um sorrisinho ela saiu.

Midnight Obssession (Juke-JATP-Acotar)Onde histórias criam vida. Descubra agora