Capítulo 7

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Naquela manhã de terça feira, Gerard felizmente não acordou queimando em febre e teve o prazer de não ser incomodado com sonhos como nos dias anteriores, porém, ainda não se sentia bem o suficiente para ir ao trabalho. Acordou com a música padrão do despertador acertando seus ouvidos como dezenas de socos na cara, enviando o lembrete de que deveria ser um bom pai e levantar da cama para se despedir da filha. Mas antes enviou uma mensagem a Hayley avisando que não estava apto para trabalhar naquele dia, e pediu para a secretária ver se algum dos professores estava disponível para lhe substituir, já que, acreditava que o professor Ross não iria poder fazer a gentileza de atuar como professor substituto novamente.

Após fazer o que tinha de fazer, Gerard colocou a cabeça no travesseiro e torceu para ter um resto de descanso sem sonhos na manhã fria de outono. Infelizmente, não conseguia controlar seu subconsciente, era algo fora de seu alcance, e como uma maldita pegadinha de mal gosto num primeiro de abril, teve o mesmo pesadelo macabro envolvendo Lindsey. Dessa vez, não acordou completamente, ficou ali por vários minutos, sentindo-se meio desperto, porém, ainda preso ao mundo dos sonhos. Sentiu todos os músculos de seu corpo tensos, não conseguia se mexer de maneira alguma, muito menos abrir os olhos e encarar a realidade, sua respiração falhava a cada segundo, era como se alguém estivesse lhe sufocando no mundo real, apertando sua garganta com dedos pesados e torcendo como se fosse um pano sujo e molhado que acabou de ser usado para esfregar o chão.

Ele abriu os olhos e inclinou o próprio corpo para sentar-se na cama. Sentiu uma tontura súbita, e sua cabeça estava doendo tanto que parecia que iria explodir a qualquer momento. Deus, aquilo era algum tipo de punição divina, ou algo assim? Sonhar com Lindsey de novo não era um bom sinal, não que acreditasse que algo de ruim iria acontecer consigo mesmo por conta de um pesadelo, um sonho profético era a menor de suas preocupações, na verdade, não acreditava nesse tipo de coisa. O problema era com sua mente, de alguma forma sentia que estava regredindo centenas de passos de sua evolução psicológica, e isso não era nada bom.

Mesmo com as dores constantes, resolveu levantar e tomar um banho quente. Assim que saiu do banheiro, vestiu um moletom velho e uma calça cinza de flanela, iria ficar em casa o dia todo, então não via necessidade alguma em vestir algo diferente daquilo.

Algum tempo depois, enquanto tomava uma xícara de café sentado no banquinho da bancada da cozinha, com a xícara entre os dedos da mão esquerda e um livro na mão direita, Gerard encarou o celular posicionado de maneira desleixada sob o mármore gelado. Tinha que responder a mensagem de Frank, mas será que deixá-lo lhe fazer uma visita era uma boa ideia? Estava doente, poderia acabar passando esse maldito resfriado, gripe, ou qualquer coisa que isso fosse para ele, mas... Gerard sentiu um espirro vindo, largou o livro de imediato e levou a área do antebraço de encontro ao próprio rosto, e o som baixo do espirro ecoou pela cozinha silenciosa.

Mas não é como se fosse ter algum tipo de contato com Frank, eles mal apertavam as mãos um do outro, quanto mais algo tão íntimo quanto um abraço ou... Ou um beijo. Aquilo passou pela cabeça de Gerard tão rapidamente, mas foi o suficiente para se amaldiçoar por sequer considerar algo assim.

Depois de pensar um pouco, Gerard mandou uma mensagem respondendo Frank.

G: Claro. Eu tô doente, então é melhor você não chegar muito perto, senão é capaz de pegar um resfriado hahahahaha

E digitou o endereço da casa, que por um milagre, conseguiu decorar na cabeça.

Já que estava com o celular nas mãos, resolveu checar as mensagens do grupo com Bert e Mikey. Deslizou os dedos até achar a conversa em questão, e clicou quase que de imediato.

B: O QUE? Que maluquice. Passei todo
esse tempo querendo surrar o cara por nada.

B: Isso muda tudo

Time Flies [Frerard]Onde histórias criam vida. Descubra agora