Surely

536 65 8
                                    

— Você conseguiu tudo? — Izzy perguntou baixo, sentada na beira da cama de casal. Alexander não aguentava olhar muito tempo para sua irmãzinha tão triste assim -não sem chorar- ele já podia sentir aquela ardência conhecida em seus olhos enquanto enfiava suas roupas em uma mala de viagem.

— Falta apenas as roupas. — Respondeu, engolindo em seco. — Cadê Max?

— Mamãe mandou ele para a escola. — Ela respondeu e Alec se sentiu um pouco mais pesado, como se houvesse uma pedra em seus ombros. — Ela… Ela está furiosa desde ontem, ela gritou com a gente também.

— Desculpa por isso. — Engoliu, largando a última camisa em mãos e finalmente erguendo o olhar. Sua pequena Isabelle parecia tão pequena. — Oh Izzy. — Suspirou, se aproximando dela e abriu os braços, onde prontamente foi aceito pela garota de dezessete, quase dezoito anos. — Eu meti vocês em problemas.

— Você não fez nada, Alec! — Ela o empurrou um pouco, arregalando os olhos para ele. — A culpa não é sua! É deles! Eles não podem fazer você escolher algo… algo assim, pelo anjo!

— Calma, shh… não se estressa. — Pediu, um sorriso fraco nos lábios. — Eu vou ficar com Magnus, ele está me esperando lá fora.

— Boa. Mamãe realmente não gostaria de ver o Mags aqui. — Izzy tremeu, voltando a cruzar as pernas na cama.

— Não me importo mais com o que ela pensa. — Respondeu, mordendo fracamente a própria língua antes de decidir continuar a arrumar a mala.

Maryse nunca gostou exatamente da amizade deles por motivos puramente mesquinhos, o principal era por causa da ausência de uma conta bancária forrada e, consequentemente, não do mesmo círculo social que eles. Alexander realmente não se importava e bateu os pés todas as vezes que tentaram o afastar do mais velho. 

— Vai levar só isso? — Sua irmã perguntou, franzindo o cenho para as duas malas médias, uma com sapatos e outra com roupas, assim como documentos.

— Sim, qualquer coisa você pode mandar o resto? — Pediu. — Eu precisava apenas dessas coisas imediatas. — Ele fechou a mala, a pondo de pé, não estava exatamente pesada, felizmente. — Não acho que Magnus vá querer ficar emprestando as roupas dele todo o tempo.

— Você sabe que ele faria qualquer coisa para você, irmão. — Ela revirou os olhos e Alec engoliu, ignorando o calor que subia por sua face, escolhendo empurrar aquelas malditas borboletas em seu estômago para o esquecimento. Não era hora para isso. — Quer ajuda com as malas?

— Eu agradeceria muito. — Assentiu. — Leva a de sapatos?

Ela apenas assentiu, praticamente pulando da cama para pegar a mala preta próxima ao criado mudo. Alexander gostaria de dizer que ele conseguiu pelo menos chegar ao fim do corredor sem encontrar problemas -Maryse- mas isso não foi possível já que a mesma o esperava no fim das escadas, a expressão severa.

Alexander odiava se sentir como se tivesse voltado a ter seis anos de idade e fazia algo de errado.

— Você vai mesmo levar essa palhaçada em diante? — Ela perguntou e Alec sentiu vontade de bater palmas com isso, porque… uau, isso foi o mais controlado dela que ele a viu em mais de vinte e quatro horas, mesmo com o desprezo evidente em sua voz.

— Sim. — Respondeu, descendo os degraus com cuidado. — Eu gostaria que não chamasse isso de palhaçada.

— Tudo bem. — Maryse bufou, olhos fixos em seu filho mais velho. — Saiba que conversei com o seu pai, você está fora do testamento da família. Se quiser tirar o nome Lightwood pode tirar, se ficar com ele não vai ter uso nenhum para você. Não queremos que essa criança bastarda tenha nosso nome.

“Oh…” Foi a única coisa que ele conseguiu pensar antes de abaixar a cabeça mais uma vez, o maxilar travado enquanto descia mais um degrau, e outro… e outro, uma mão firme no corrimão enquanto a outra ainda estava na mala. Então era oficial, não era? Ele não era mais um Lightwood, ele realmente foi tirado da família?

Tudo isso por… por querer aquele bebê?

“Oh…” Pensou, dessa vez mais amargurado. Isso realmente aconteceu.

Se alguém perguntasse, ele não saberia dizer quando começou a chorar, mas ele desejava que Maryse não tivesse visto isso. Mas, o que sabia, era que lágrimas gordas e pesadas rolaram de seus olhos quando chegou ao lado de fora da casa.

Se alguém perguntasse, ele não saberia quando braços quente e acolhedores o rodeiam. Mas, o que sabia, era que era um bom abraço, era o abraço de Magnus… os abraços de Magnus sempre foram os melhores.

— Vamos para casa querido. — Magnus sussurrou contra seu cabelo. — Shh, não chore aqui… eles não merecem. — Pediu.

Alexander realmente queria conseguir parar de chorar, mas a voz doce de amor era demais. Tão preocupado com ele… e odiava deixar Magnus assim.

Mas era impossível parar de chorar! Mesmo quando ele foi posto no banco do passageiro e o cinto preso ao seu redor. "Malditos hormônios!" Praguejou em silêncio, podendo pelo menos culpar a algo por ter tantas lágrimas em seu corpo e por seu coração parecer cacos de vidro… hormônios estúpidos!

Em casa, quando sentaram no sofá, as malas deixadas de lado perto da sapateira… Alec chorou, mais uma vez, os braços de Magnus o rodeando como se quisesse o esconder do mundo, Alexander aceitaria isso sem reclamar.

— Tudo vai ficar bem Alexander. — Magnus tentou o tranquilizar, acariciando o cabelo escuro que roçava seu rosto enquanto seu melhor amigo mantinha o rosto aninhado em seu pescoço.

— Ela… ela disse que… — Alec fungou, seu nariz parecendo desastrosamente entupido. — … ela tirou meu nome, eu n-ão… — Soluçou, fazendo Magnus o apertar ainda mais. — Não sou mais um Lightwood.

“Aqueles… Aqueles filhos da puta!” Xingou, fechando os olhos, por um momento sendo difícil não levantar a voz e gritar como todo aquilo era injusto. Ele queria socar alguém! Ele queria socar Robert e esfregar algumas boas verdades na cara daquela mulher que gerou seu doce Alexander… ele… droga.

Alexander não precisava disso no momento.

— Se você precisar de um nome… você tem o meu. — Magnus disse, sério, não se atrevendo a afastar Alexander de si, mesmo que quisesse olhar nos olhos de Alec ao dizer isso. — Os anjos sabem que ninguém além de nós vai se importar com isso.

— M-Magnus… — Alec sussurrou, se encolhendo contra ele. — Você é um amigo tão bom, droga, eu não… e-eu não mereço você!

— Alexander… — Magnus não escondeu o sorriso machucado. — Você merece as melhores coisas que o mundo puder dar a você e eu serei tudo o que você precisar.

It's Just LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora