Capítulo 12

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Laura

A conversa que tive com a mãe de Ian no dia anterior ainda pairava pela minha cabeça, eu realmente não havia entendido o motivo da sua pergunta e confesso que isso tirou parte do meu sono. Pela manhã resolvi questões burocráticas do trabalho e fui surpreendida com o pedido do meu filho para ir ver o tio no hospital. Eu levei ele poucas vezes para ver Bryan pois é difícil explicar para uma criança o que era uma pessoa em coma, e também Vinícius não poupava as perguntas em relação ao mesmo.

Assim que entramos na sala meu filho foi em direção ao tio, seus olhinhos curiosos corriam pelos fios ligados ao corpo do meu irmão.

- Mamãe, por que ele não acorda? - O pequeno virou em minha direção.

- Eu já te expliquei sobre isso. - meu celular começou a tocar no mesmo instante. Ao pegar o aparelho notei que se tratava de trabalho - Eu preciso atender, não saia da sala, está me ouvindo?

Ele concordou e eu saí em seguida. O sinal estava horrível naquele corredor então caminhei até que conseguir entender a ligação. Passei cerca de quinze minutos na chamada, confesso que se eu estivesse lá seria mais fácil. Suspirei aliviada quando finalmente a mulher do outro lado da ligação desligou.

- Voltei, querido. - disse ao entrar pela porta, porém ao olhar em volta não avistei nenhuma criança de cinco anos - É sério isso?

Chamei pelo mesmo porém ele claramente não estava na sala. Sai e olhei no corredor, mas como imaginei ele não estava. Eu não gostava nem um pouco quando meu filho me desobedecia, principalmente nessa ocasião onde estamos em um hospital enorme. A preocupação de mãe logo se apossou de mim e imaginei que algo poderia acontecer com ele.

- Com licença, você viu um garotinho passar por aqui? - perguntei a um médico que estava no corredor.

Ele apenas balançou a cabeça negativamente, continuei a rodar pelos corredores a procura do meu filho. Minha cabeça começou a doer quando se passou mais de dez minutos de procura e nada do mesmo.

- Mamãe!! - escutei um grito conhecido atrás de mim.

Assim que me virei vi meu filho sentado sobre os ombros de Ian e com as mãos para o alto, ele sorria com a brincadeira é claro.

- O papai é meu cavalinho! - exclamou ele sorridente.

- Vinícius Oliver, o que eu te disse sobre ficar na sala? - cruzei os braços irritada e vi os dois se aproximarem.

- Foi o papai que deu a idéia. - ele se escondeu atrás de Ian que me olhou incrédulo.

- Vini, você me entrega na cara dura! - disse Ian tirando o garoto de cima de seus ombros.

Não consegui segurar o riso diante a cena. Ambos pareciam duas crianças que foram pegas no flagra.

- Desculpe Laura eu deveria ter te avisado. Eu fui até a sala do seu irmão pois queria falar com você, mas aí eu e o garotão aqui começamos uma conversa sobre comida e bom... fomos parar na lanchonete. - ele riu sem jeito.

- Está tudo bem, só da próxima vez me avisa. Eu rodei esse hospital inteiro. - ele assentiu - Sobre o que queria falar?

- Nada, não era nada de importante. - disse ele. Fingi acreditar em suas palavras pois eu sabia que ele queria dizer algo.

- Certo. Bom, vamos indo pequeno?

- A não, fica mais um pouquinho. - pediu ele - Eu gosto de ver vocês dois juntos, sinto falta.

Seu tom foi doce e extremamente meigo, mas no fundo eu sabia que havia tristeza em sua fala. Vinícius sempre que podia tocava nesse assunto, e bom, eu entendia que não era fácil pra ele entender o porquê dos pais não estarem mais juntos. Ian se abaixou e ficou na altura do pequeno.

- Filho, eu e sua mãe não estamos mais juntos como um casal, mas nunca vamos deixar de ser seus pais e amar você. Entendeu? - o mais novo concordou e fez um biquinho - Você é o bem mais precioso que temos.

Sem que eu esperasse meu filho abraçou o pai e deitou com a cabeça sobre seu ombro. Logo Ian passou seus braços por ele e o aconchegou em seu corpo. Eu apenas olhava a cena com amor, sabia que os sentimentos de Ian por Vinícius eram verdadeiros e não houve um só dia que duvidei disso. Agora olhando para ambos eu tive a certeza de que mesmo que o mundo caísse aos meus pés eu teria esse amor como força.


[...]




Mesmo eu ainda não perdoando o que Ian fez quando foi até a minha casa daquela maneira, não podia deixar de fazer a vontade do meu pequeno que queria ficar mais um tempo com seu pai. Então, nós decidimos sair juntos para almoçar, não queria ter que dividir aquele mesmo espaço com o mesmo, mas era necessário para o bem do meu filho.

Quando nós chegamos no lugar que Ian disse, descemos do carro e eu peguei o Vini no colo, seguindo o homem até para dentro. Era um lugar muito bonito, porém eu temia que fosse caro demais, a vida de Ian Oliver sempre foi chique. Escolhemos uma das várias mesas presentes, era encostada perto da janela, eu coloquei o garotinho ao meu lado vendo-o observar ao redor.

- Você não precisava nos trazer em um lugar assim, tudo parece tão caro!

- Não se preocupe, eu vou pagar tudo. - disse ele, logo levantando a mão para chamar alguém.

Eu fiquei surpresa, mas não falei mais nada, queria aproveitar que estávamos juntos sem começar discussões, tive que me controlar muito. Era bom ver que Vinicius estava gostando de nos ver juntos, em todo o momento ele dizia que estava adorando o passeio e que seu pai estava ali conosco, me senti péssima por tê-los deixado separado todo esse tempo. Mas, não foi minha culpa, por mim teria estado com Ian pelo resto de minha vida.

- Coma tudo, filhão! - disse o mesmo, acariciando a cabeça do garoto.

Ele sorriu e balançou a cabeça, levando colheradas até sua boca, eu sorri quando vi que Ian limpou as bochechas sujas dele, arrancando pequenos risos. Meu coração se encheu de ternura, eu estava tão absorta naquele momento que tinha me esquecido até mesmo de comer. Saí do transe ao perceber um garçom com um carrinho cheio de doces parado ao nosso lado, eu olhei confusa para o homem que sorria aberto na nossa frente.

- Vini, olha só o que o papai comprou para você!

No mesmo instante, o garoto olhou para trás de si e abriu a boca, seus olhinhos se arregalaram e eu me segurei para não rir alto.

- Papai, tudo isso é pra mim? - perguntou, ainda muito espantado.

- É claro! Hoje você vai poder comer tudo isso.

Eu não gostava muito de dar doces para o garoto porque sabia como ficava elétrico depois, mas iria abrir uma excessão dessa vez, vê-lo tão alegre daquele jeito me deixou muito feliz, meu coração também acelerava mais rápido em ver o sorriso brilhante de Ian. Lancei um olhar para ele que me correspondeu na mesma hora e sibilei com os lábios a palavra “obrigada”, ele entendeu e balançou a cabeça, levando seu belo sorriso para mim.

Notas finais:
Capítulo de hj totalmente focado na família que a gente ama❤beijos até o próximo!

Como eu era antes de você - 2°TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora