Capítulo 9

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Laura

Passei os últimos dias ignorando totalmente a presença de Ian, minhas palavras na nossa última conversa foram decisivas e assim seria de agora em diante.

Ao entrar na sala em que meu irmão estava avistei minha cunhada sentada na poltrona ao lado dele.

- E então, alguma novidade? - perguntei me aproximando e sentando sobre o braço da poltrona. Eu observei meu irmão de relance e sabia que a reposta para a minha pergunta seria a mesma de sempre.

- Nada. - suspirou ela - As meninas não vieram?

- Nat, você sabe que elas não gostam de ver o pai nessa situação. Elas preferiram ficar em casa com o Vini e a babá.

- Eu entendo, se já é difícil pra gente imagina para elas então.

- Vai dá tudo certo, confia. - abracei a mesma de lado.

Meu irmão estava naquela cama de hospital a semanas e sem apresentar qualquer sinal. A cada dia que passava minha angústia aumentava mais, vê-lo daquele jeito era torturante. Não tínhamos como saber que dia ele acordaria ou se um dia acordaria, mas por enquanto, essa opção não é aceitável. Ele precisava acordar... Eu precisava do meu irmão.

- Ei, me diz o que acha disso. - comentei com minha cunhada evitando assim meu choro - Vamos fazer algo diferente hoje? Um programinha em família, precisamos nos distrair um pouco.

- Não sei Laura, acho que vou passar o dia com ele.

- Meu amor. - segurei em suas mãos - Iremos receber qualquer notícia sobre ele, fica tranquila. Natasha eu te vi passar noites e noites seguidas nesse hospital, você merece um descanso, não acha? As meninas comentam que sentem sua falta...

Ela intercalava seu olhar entre mim e meu irmão como se estivesse na dúvida do que fazer, mas logo um sorriso surgiu em seu rosto.

- Você tem razão. Eu topo.

Me despedi dela alguns minutos depois e dirigi de volta para casa. Na verdade a casa era do meu irmão, mas devido as circunstâncias eu decidi ficar. A parte dolorida de entrar naquele local é ver que tudo lembrava ele, as fotos, os objetos, até o cheiro dele pairava no ar.

- Mamãe! Tia! - os três disseram assim que me viram entrar pela sala.

- E então, se comportaram? - deixei minha bolsa e chaves sobre a mesa e fui até eles, ambos os três estavam no sofá.

- Claro! Eu tomei conta das duas. - disse meu filho.

- Nossa, isso é verdade? - abracei o pequeno e o coloquei sobre meu colo - Que grande homem da casa você é!

- Que nada, Tia. - riu Emily - Ele dormiu a tarde inteira.

- Fica queita, não era pra ter contado. - colocou as mãozinhas sobre o rosto e se escondeu na curvatura do meu pescoço, tanto eu quanto as meninas rimos da cena.

- Bom, hoje vamos ter uma noite especial, então vamos começar os preparativos!

(...)



Assim que tínhamos chegado, estacionei o carro em frente ao local e logo todos nós descemos do veículo, as crianças corriam desenfreadas para entrar no parque. Decidimos de última hora que iríamos fazer um piquenique naquele local, já que era conhecido por ter vários brinquedos para menores e ser bem tranquilo, todos tinham concordado que aquele seria um bom lugar para relaxar.

Eu e Natasha arrumamos a toalha no chão enquanto os pequenos estavam espalhados pela gangorra e também os balanços, rindo e se divertindo. Esse tempo era necessário para a saúde mental deles e a nossa, por isso resolvi insistir tanto e sabia que deixar a Natasha sozinha lá não seria o certo, ela precisava disso tanto quanto qualquer um. Quando tínhamos acabado o trabalho, sentamos perto um da outra e observamos as crianças.

- Laura, eu sei que não tocamos nesse assunto porque você não gosta, mas... Como foi todo esse tempo sem o Ian?

Sua pergunta me deixou completamente surpresa, na verdade, eu nunca tinha parado para pensar nisso, mesmo que tenha doído muito no começo, eu me ocupei tanto que nem ao menos deixei que pensamentos assim me invadissem. Olhei para a mulher ao meu lado, tentando transparecer normalidade, mas quem eu queria enganar? Essa pergunta mexia muito comigo.

- Não sei, Nat. Eu nunca parei para pensar em algo assim, até agora. - respondi sendo sincera, não adiantaria esconder nada - Mas, eu não quero pensar nele e acabar estragando nosso passeio tão maravilhoso.

- Tem razão, devemos esquecer pelo menos um pouco o que nos tormenta!

- É assim que se fala!

Sorrimos uma para outra, cada uma com seu tipo de pensamento, mas tentando lutar contra os demônios para que conseguisse seguir a vida, dar o melhor para os filhos. Eu ainda continuava vinculada com Ian por causa de Vinícius, mas o garoto foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo, eu me sentia tão completa com um filho igual a ele e não mudaria nada. Quando o vi correndo em minha direção, abri bem os braços para que ele pudesse me dar o seu famoso abraço apertado.

- Meninas, venham, vamos comer! - gritou Natasha, elas vieram quase na mesma hora.

Assim que as gêmeas chegaram, atacamos as delícias que fizemos em casa para trazer até aqui, algumas coisas foram compradas, mas a maioria fomos nós que cozinhamos. Eu nem ao menos percebi que estava com fome, eram tantas coisas na cabeça que me esqueci até mesmo de comer. Porém, era bom ver todo mundo reunido e com sorrisos nos rostos, eu me senti feliz pela primeira vez desde que cheguei aqui e isso era muito bom.

(...)

Ian.

O dia se passou tranquilamente, pela manhã eu fechei uma reunião de negócios com alguns acionistas, os contratos pareciam surgir a cada cinco minutos. Não que eu esteja reclamando, o trabalho afastava meus pensamentos de irem muito além. No final do dia o cansaço realmente veio, fechei minha sala e parti em direção ao meu carro no estacionamento. Pelo horário o trânsito estaria calmo, liguei o rádio pelo painel do carro e coloquei em alguma estação qualquer. Reconheci a música de imediato, me lembrei perfeitamente da viagem que fiz com Laura...

Estávamos indo em direção ao litoral, ela me contava sobre algo engraçado que ocorreu no trabalho. A música era baixa e seu riso se encaixava perfeitamente na melodia. Eu não lembro o que era o assunto, muito menos prestei atenção no que ela falava, só conseguia reparar no seu sorriso e na forma como ela transmitia paz num único olhar...

Meus pensamentos sempre retornavam para Laura, involuntariamente, como um hábito. Eu me sentia mal por estar com Marcela e pensando em outra mulher, afinal isso não era justo com ela. Marcela merecia ser feliz, e com certeza eu não seria a pessoa capaz de fazer isso por ela.
Assim que cheguei em casa deixei meu carro na garagem e entrei pelo corredor dos fundos. Pelo horário Marcela já deveria estar em casa, então se algo deve ser feito iria ser agora.

- Amor! Você demorou. - veio até mim assim que me viu entrar no quarto - Eu estava com saudades.

Ela tentou me beijar mas desviei - Precisamos conversar. É sobre a gente.

- Tá, mas depois. Eu preparei um jantar especial para nós dois e...

- Não, eu quero conversar agora.- a interrompi.

- Tá bom Ian, sobre o que você quer falar? - bufou e se sentou sobre a cama.

- Eu quero terminar. Não dá mais. - a encarei seriamente.

Notas finais:
Olá amores! Comentem e votem caso tenham gostado❤ queremos agradecer pelas mais de 100 leituras em menos de dez capítulos, vcs são incríveis!!

Aviso: o capítulo dez (o próximo) vai ser revelador... aguardem!

Bjs até o próximo.

Como eu era antes de você - 2°TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora