Noa foi o último a chegar ao telhado. Ele vira as nuvens carregadas se formando sobre sua cabeça condizendo com a atmosfera tenebrosa em que se encontravam.
Ele fechou o alçapão de acesso assim que passou, trancando-os do lado de fora com um cadeado enferrujado que não duraria muito.
Os baques da porta de metal começaram logo.
- Estamos encurralados, cacete! - Lodi gritou, chutando um pedaço de tijolo largado aos seus pés.
Eles olharam para todos os lados a procura de ajuda, desesperados por encontrar qualquer luz no fim do túnel enquanto as batidas na porta os apressavam.
Beto chorou abraçado à Sabrina. Aquilo era demais para a criança, ainda mais distante dos pais que ele nem sabia onde estavam ou se ainda viviam.
Nina sentiu o coração saltar pela boca junto com suas lágrimas que travavam-lhe a fala de maneira inexprimível. Ela não olhou em volta, ela olhou em frente, para a fábrica abandonada distante demais para pular e próxima demais para desistir.
Noa aproximou-se dela a passos largos, mas Nina não o olhou.
- Eles foram embora. - A garota sussurrou, deixando um soluço escapar. - É cada um por si nessa merda.
Ela levou as mãos à cabeça, puxando os cabelos claros do couro cabeludo.
- Não podem ter ido sem nós... - Noa segurou a mão da garota, que aceitou a tentativa de consolo, agarrando-se ao breve conhecido como se aquele fosse ser seu último contato humano.
- Caia na real, Noa. - Nina sussurrou olhando para cima, para o dia funesto que se formava. - Estão sobrevivendo.
Nina deu um passo à frente. Ela olhou lá para baixo, para a queda que a seduzia. Nunca pensou na morte como algo que ela mesma fosse trazer a si, mas aquela parecia uma boa maneira de morrer. O cadeado não aguentaria muito tempo.
Pensou que não teria coragem, mas a mão de Noa apertou a sua com força.
- Espere!
Nina olhou em frente. Daquele prédio escuro rodeado pelo horizonte cinza que brevemente se formara ela viu uma movimentação. Não eram seus inimigos subindo ali. Não eram os soldados e nem mesmo as criaturas.
Ela deixou os soluços de alívio escaparem quando viu o rosto de Thiago surgir, com um sorriso esperançoso.
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Corpos Ébrios (Pausada)
TerrorComo qualquer outra noite de novembro, a Sra. Moon preparou um chá de camomila levemente adoçado com mel e fechou as janelas da cozinha assim que as primeiras gotas de chuva caíram do céu. Como qualquer outra noite de novembro, Sr. Moon a esperava c...