Como qualquer outra noite de novembro, a Sra. Moon preparou um chá de camomila levemente adoçado com mel e fechou as janelas da cozinha assim que as primeiras gotas de chuva caíram do céu.
Como qualquer outra noite de novembro, Sr. Moon a esperava c...
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Carla sentiu uma imensa vontade de regurgitar a comida naquele momento.
Seu primeiro pensamento foi que estavam salvos, que os homens fardados viriam resgatá-los, mas ela lembrou do que Lúcio dissera. Ela leu em seus olhos, agora arregalados de um pavor indescritível.
- São eles? - Perguntou, colocando o prato pela metade ao lado do corpo.
Lúcio não respondeu. Ele levantou-se de supetão, fazendo a filha reclamar baixinho, e adentrou a chuva, aproveitando da escuridão que os encobria para aproximar-se da beirada do prédio.
Caubi não esperou um segundo para ir atrás dele, junto de um e outro curioso.
- É o exército? - Ele perguntou, tentando manter a voz calma.
- É. - Lúcio tensionou os ombros. - Como se já não tivéssemos problemas o suficiente.
Caubi procurou no horizonte a origem dos tiros, mas só ouviu quando eles se misturaram aos grunhidos das criaturas.
- Ok, novo plano. - Lúcio saiu de seu posto e puxou Caubi consigo, voltando para a parte coberta onde todos os olhavam com um paralisador espanto. - Vamos sair daqui agora. Escondam dentro dos carros tudo que indicar que estivemos aqui e vamos dar no pé.
- O quê? - Sabrina perguntou, mais à procura de explicações do que indignada.
- Você disse que eles saem à noite. - Nina complementou.
- E daí?
- E daí que está de noite!
- Não foi você mesma quem disse que eles já sabem onde estamos? - Pela primeira vez, Pitt ficou ao lado de Lúcio na discussão.
- Lúcio. - Mário tentou evitar os confrontos daquele grupo. - Por que estamos fugindo dos iguais a nós? Eles são mais, são treinados, têm armamento...
Lúcio levou as mãos à cabeça. Não queria ter que explicar tudo de novo. Noa o salvou.
- Pense que você esconde um segredo. Um puta segredo, do tipo que se vazar pro mundo pode causar até uma guerra mundial. - Noa comentou, com sua voz ao mesmo tempo doce e incisiva. - Não caçaria e mataria até o último que soubesse do seu segredo?
Sua metáfora calou à todos.
- Isso significa que... - Mori coçou a cabeça, engasgando com a verdade. - Ouro Cinza foi um massacre.
Ali onde estavam, dispostos em círculo, um demorado minuto de silêncio foi feito. Um minuto de luto que não deixou de carregar esperança em cada suspiro de cada indivíduo. Esperança de que os familiares estivessem a salvo de algum modo. Esperança de que os que decidiram não segui-los percebessem que estavam errados e ajudassem a abrir os olhos das pessoas.
- Qual o novo plano? - Com os olhos marejados de quem tentava se manter forte, Sabrina perguntou.
- Vamos deixar que eles se matem lá e vamos continuar nas sombras. Se não souberem que estamos aqui, não seremos caçados. Se à noite está tão perigoso quanto de dia, vamos andar à noite e aproveitar o sol para descansar. O sol nos denuncia, a noite nos encobre.