Como qualquer outra noite de novembro, a Sra. Moon preparou um chá de camomila levemente adoçado com mel e fechou as janelas da cozinha assim que as primeiras gotas de chuva caíram do céu.
Como qualquer outra noite de novembro, Sr. Moon a esperava c...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Sem dúvidas, o momento mais difícil depois do salto de Mendes foi jogar as crianças. Luana caiu perfeitamente nos braços de Lúcio e Beto se agarrou ao pai com todas as suas forças. Uma por uma, as garotas passaram, vendo que o salto não era nem um bicho de sete cabeças e que o pior ainda estaria por vir.
Saltar para outros prédios nunca parecera tão fácil. Eles agradeceram mentalmente ao arquiteto de Gerânio pela proximidade de cada edificação.
- Se eu soubesse que ia ser assim, teria feito algumas aulas de parkour. - Thiago cochichou. Sabrina riu enquanto revirava os olhos, percebendo que até mesmo no cenário mais apocalíptico possível ele conseguia brincar com a situação.
Nádja esboçou um sorriso com a piada. Enquanto eles seguiam Lúcio sem questionar, ainda mergulhados na severa chuva, Thiago voltou-se para ela.
- Ei, menina inteligente, - Ele chamou. - tenho algumas dúvidas sobre esse negócio de apocalipse zumbi e tal.
Nádja deu uma risada.
- Por que acha que eu vou saber responder?
- Porque você é mais inteligente que boa parte da galera aqui, incluindo eu, já que eu não sei nem como passei no vestibular e muito menos me formei.
A garota riu, sabendo que era uma piada. Thiago era inteligente, assim como todos ali. Nádja só tinha uma coletânea maior de conhecimentos aleatórios que vieram a calhar perfeitamente na situação.
- E que dúvidas seriam? - Ela sussurrou, mesmo sabendo que a chuva forte encobriria qualquer som.
- Se eles estão doentes, acha que têm uma cura?
Nádja ergueu as sobrancelhas.
- É capaz que tenha, sim. Não que tenha, mas que possa vir a ter.
- Pois é, eu lembro da pandemia do corona há alguns anos. Tipo, as pessoas adoeciam e melhoravam, o vírus saía do corpo delas e tal. A vacina veio um tempo depois e aí... a pandemia foi erradicando, mas...
- Mas o que?
- Se me permite, - Mori entrou no assunto, quieto ao lado deles até então. - acho que o que quer dizer é que apesar de muitas pessoas precisarem de leitos de hospital com o covid, muitas se curavam sozinhas em casa. Mas aquelas coisas que estão andando na rua não se curam sozinhas. Você viu os que estavam atrás da gente, não sei como ainda não desintegraram de tão magros e... devem estar aqui há muito tempo, comendo ratos e baratas.
- Vinte anos. - Nádja completou. - Isso porque eu não acho que seja um vírus.
- E por que não?
- Lúcio comentou sobre complicações com código genético em laboratório. E que vírus consegue viver por mais de vinte anos parasitando alguém?
- O HIV. - Mori falou. - Se você tem Aids, tem Aids até morrer. Não acharam a cura pra isso ainda.
Os três mantiveram-se em silêncio por longos segundos, tirando suas próprias conclusões.
