A porta do apartamento se abriu, revelando a escuridão conhecida do corredor que carregava o cheiro de podridão, como se algo tivesse morrido ali há muito tempo.
Com a postura do militar que um dia fora, Lúcio adentrou o espaço a passos largos e silenciosos. Seu coração batia forte.
Ele sentia a presença das crianças atrás dele, confiando a vida da própria filha à uma menor e um inexperiente assustado com uma arma em mãos. Sentiu medo.
Em todo o tempo que passou servindo, sua única preocupação era com a própria pele. Agora, sentia o peso da responsabilidade de manter a todos que lhe seguiam seguros.
Seus devaneios foram interrompidos por um som familiar que já lhe perturba há anos - a criatura gritou. O som vindo do andar de cima cortou a todos como uma lâmina de gelo na espinha. Luana começou a chorar.
- Shiu, shiu! - Nádja cochichou para a pequena em seu colo, balançando-a.
- Eu tô com medo. - A doce voz da garota era uma mistura de choro com súplica.
Lúcio Valmir tomou novamente a filha nos braços e pôs-se a correr escadas abaixo.
- Pra onde estamos indo? - Nádja perguntou.
- Silêncio. - Foi o que Lúcio conseguiu pedir antes de pararem para ouvir. Os passos desciam velozmente a escada atrás deles.
- Vão! - Lúcio desceu as escadas o mais rápido que pôde. Não conseguiu ver se Nádja e Caubi o seguiam, mas sentia a presença dos dois, ouvindo vagamente os resmungos da garota e o arfar do garoto.
Ele finalmente parou quando sentiu o cheiro de cimento e poeira do estacionamento. Pegou no antebraço de Nádja e ela no de Caubi, guiando-os até onde ele acreditava estar seu carro.
Alcançou rapidamente a chave no bolso da calça e quase a deixou cair. Acionou o alarme e viu quando as lanternas do veículo se acenderam. Luana gritou.
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Corpos Ébrios (Pausada)
HororComo qualquer outra noite de novembro, a Sra. Moon preparou um chá de camomila levemente adoçado com mel e fechou as janelas da cozinha assim que as primeiras gotas de chuva caíram do céu. Como qualquer outra noite de novembro, Sr. Moon a esperava c...