Will

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[15 de Dezembro de 2020 - 18h36 p.m., New York]

Eu estava atrasado. Tipo muito atrasado.

Rachel ia fazer picadinho de mim e depois colar meus restos mortais em um quadro e fazer uma exposição de "Como Matar Seu Amigo&Vizinho".

Eca, que horror. Por favor ignore essa última parte, minha mente tem o poder de viajar pela minha criatividade sombria quando eu enfrento situações desesperadoras. E essa, com toda certeza, era uma dessas situações.

Fazia basicamente um mês que Rachel Elizabeth Dare (a.k.a minha melhor amiga e parceira de crime) tinha conseguido convencer o pai dela a investir em arte. Então ela faria uma exposição de seus melhores quadros e estava muito animada. Eu, Leo e Percy tínhamos sido chamados (lê-se aqui: ameaçados de morte) por ela para ajudar no que fosse preciso.

Nesse dia em específico, Rachel tinha pedido para buscar a roupa que eu tinha feito para ela usar na inauguração da galeria de arte, que seria no dia seguinte. Acontece que: o relógio me odeia.

Não, sério. Não ria! Eu estou sempre atrasado, por mais cedo que saia de casa. Minha única conclusão é que o tempo não vai muito com a minha cara - vamos deixar de lado os vários estudos que comprovam que isso é culpa do déficit de atenção, sim? Pra mim é a vingança dos astros.

Dessa vez foi o metrô que deu problema e eu tive que descer em uma estação que não era a minha para depois pegar um ônibus. E então me distrai com a decoração natalina das ruas, com a cantoria do coral, com as árvores... É acho que você entendeu.

Dezembro é o melhor mês do ano!

A esperança, a compaixão e a solidariedade transbordam no olhar das pessoas. Tem luzes brilhantes e coloridas aonde quer que você esteja; as comidas são simplesmente impecáveis e ainda há famílias se juntando depois de tanto tempo brigadas. O amor está no ar! Há milagres de Natal! Sem contar os corais maravilhosos: as pessoas que se dispõe a cantar na rua, no frio, mesmo sem saber cantar, apenas para fazer o dia de outras ser um pouco melhor.

Só que esse Natal seria diferente para mim e eu estava tentando não deixar que isso me afetasse tanto. Porque nesses feriados de fim de ano minha família fica junta e tem doces pela casa, e presentes, e risadas e... Esse ano não teria nada assim. Eu estaria sozinho pela primeira vez.

Desde que meu pai, Apolo, reencontrou o amor de sua vida que perdera na adolescência, Jacinto, os dois se casaram e viviam numa eterna lua de mel. Depois de tanto tempo triste pela morte precoce da mamãe, ele merecia mesmo felicidade. Eles dois decidiram viajar para curtir o feriado na Grécia e eu nem consegui demonstrar minha tristeza porque eles estavam felizes e isso era tudo que importava. Austin, meu irmão mais velho, estava namorando uma garota chamada Valentina Diaz e fora passar o Natal com ela, no interior.

Só quem sobrou comigo era minha irmã mais nova, Kayla, pelo menos até o dia 20 - porque, depois disso, ela viajaria até a casa do outro pai, Sr. Knowles, e só voltaria no Ano-Novo. Então eu estaria completamente sozinho. Pois é. Entende meu desespero agora?

Mas não quero me alongar nesse assunto.

Sorri para alguns comerciantes ambulantes e olhei algumas decorações que eles vendiam, pensando que ficariam ótimas na árvore lá do trabalho.

Quando eu percebi, já estava duas horas atrasado.

- Aonde raios você está, William Andrew Solace? - a voz irritada de Rachel praticamente gritou do outro lado da linha. - Eu preciso da sua ajuda!

Estremeci.

- Desculpe, juro que estou chegando. - comecei a correr, saindo de outra estação de metrô que eu tinha entrado e me perdido. - O Leo não estava com você?

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