Will.

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[23 de Dezembro de 2020 - 15h06, New York]

Se eu estava surtando? Não, imagina. 

Apenas achava que poderia morrer a qualquer segundo. Normal. 

Minhas mãos tremiam e suavam, minha mente rodava como se eu estivesse bêbado e o olhar preocupado que Hazel, Reyna e Rachel lançavam não era nada reconfortante. 

 O caderno pesava na minha mão direita. 

 O único pensamento que vinha na minha cabeça era: Nico Di Angelo. Nico Di Angelo é o garoto emo. 

Ok, talvez eu estivesse surtando sim. Só um pouquinho.

E talvez seja melhor se eu contar o que aconteceu poucos minutos antes disso tudo começar. 

Bom, estranhei quando vi Rachel na loja dizendo que não tinha ido lá pra me ver e sim para conversar com Hazel e Reyna. Era um "assunto importantíssimo". Tentei deixar minha curiosidade de lado porque elas eram amigas e isso era comum. Depois de uma meia hora -enquanto eu tentava descansar depois de passar a manhã inteira correndo de uma ponta a outra da loja, atendendo clientes e consertando roupas -, Nico chegou. Ele se sacudia levemente seguindo o balanço da música que ouvia nos fones de ouvido e carregava uma bolsa de couro pendurada no ombro. As vezes ele saía e voltava todo feliz, parecendo mais jovem e sem aquela aura melancólica que o perseguia. Eu me perguntava quem era a pessoa que fazia aquilo e como eu poderia lhe dar um prêmio. 

 - Ei, Will. - a voz de Nico me chamou e eu corei ao perceber que o encarava. - Está tudo bem? 

Pirragueei. 

- Claro. Estou ótimo. E você?  

Ele abriu um sorriso.

- Estou bem também. 

Olhei ao redor, procurando alguma coisa que me ajudasse a puxar assunto. Normalmente eu falava demais e sempre sabia sobre o que conversar mas com Nico tudo era diferente. 

- Hm, eu estava indo fazer um chá para mim. - improvisei. - Quer também? 

Nico fez uma careta adorável. 

- Não curto muito chá. Ah não ser que seja de morango. 

Eu ri. 

- Você parece ter o paladar de uma criança. - brinquei e isso soou familiar nos meus ouvidos mas no momento não soube porquê. - Sorte sua que morango é o preferido da Hazel também.

 Fui até os fundos da loja e enchi duas canecas de água quente, depois coloquei os sachês de chá. 

- Peguei uma caneca de caveira pra você. - falei quando estava voltando. Nico havia posto sua bolsa no balcão e mexia distraidamente no celular. Quando me viu, guardou o aparelho no bolso do casaco e se aproximou. 

- Obrigado. - disse. - Eu gosto bastante de caveiras. 

Sorri. 

- É, eu meio que percebi. - e indiquei sua blusa preta com uma caveira prateada. - É bem trevosa

Nico riu. Eu adorava o som rouco de sua risada. 

- Essa palavra é hilária. 

Olhei bem para Nico e vi um floco de neve ainda não derretido e preso na ponta de seu nariz. 

- O que foi? Tem alguma coisa na minha cara? 

Meu sorriso aumentou. 

- Na verdade, tem sim. - e estiquei a mão para tirar. Ele se afastou automaticamente e eu recuei, arrependido. - Desculpa! Eu... Desculpa

Do you dare?Onde histórias criam vida. Descubra agora