Di Angelo

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[30 de Dezembro de 2020 - 18h21, New York]

O voo estava demorando mais do que o normal. 

Ou seria só coisa da minha cabeça? 

As pessoas no aeroporto falavam tão alto ao ponto de que eu, mesmo usando fones de ouvido, entendesse suas histórias irritantes. 

Meu deus, eu precisava me acalmar. 

Fazia quanto tempo que estávamos esperando aquele avião? 

Não conseguia ficar sentado e um velhinho não parava de me encarar e resmungar coisas como "adolescentes querendo chamar atenção" - acho que Reyna chamou ele de "neurotípico de merda" depois disso. Nem assim consegui rir. 

A verdade é que tudo que eu pensava era sobre ele. Eu fechava os olhos e via seu sorriso, seus malditos olhos azuis e suas sardas salpicando a pele bronzeada. Eu podia ouvir sua voz e me virava para trás, meio que esperando encontrá-lo. Era frustrante. Sério, que explicação científica existe pra denominar essa droga que eu estava sentindo? Irritado, aumentei ao máximo o volume da minha música. 

Meus sentimentos eram tão contraditórios que eu considerava me dar um tapa na cara pra parar de ser idiota. Eu queria vê-lo? Sim. Eu sentia saudades? Mais do que gostaria de admitir. Queria beijá-lo? Até perder o folego. Eu o odiava? Com certeza. Talvez se o visse nesse exato momento, daria um soco naquele rosto bonito e sairia correndo. Patético, Nico Di Angelo, você é patético

Reyna, Hazel e Jason estavam do meu lado e as vezes lançavam olhares conspiratórios para a minha mala e em seguida para mim. Fazia um total de 0 sentido, mas eu não estava no clima para discutir ou tentar entender as maluquices deles. Não queria ter que me despedir também, porque no fundo eu não queria ir embora. 

 Hazel estava irritada comigo e talvez ela tivesse razão, mas eu precisava parar de sentir toda essa confusão de coisas que eu sentia sobre Will e não funcionaria ignorar ele morando a menos de 4 quadras da casa de sua casa. 

 Voltar a morar com Hades era tudo o que eu menos queria. Dane-se  a vontade dele de "recuperar o tempo perdido". Ele nem ao menos havia chorado no enterro da própria filha! Ah, deuses, como eu o odiava. Mas seria só por um ano. Eu sobreviveria por um ano, não é? E, de qualquer forma, Perséfone estaria junto; tudo melhora consideravelmente quando ela está por perto. 

- Não querem mesmo ficar só até a virada do ano? - ouvi Marie perguntar. 

 Pérsefone negou suavemente. 

- Eu prometi a Plutão que passaríamos o Ano-Novo juntos, mas quem sabe no próximo ano? 

Dava para notar o desgosto da Sra.Levesque de longe e eu a entendia: não via a hora da minha madrasta arrumar uma pessoa melhor que meu pai e sair dessa vida cinza que ele a colocou. 

- Atenção: embarque liberado para os passageiros do voo 32317512, da companhia Monte Olimpo, com destino a Los Angeles. - a voz metálica fez eco pelo saguão do aeroporto. 

 Me virei para os meus amigos e tirei um dos lados do fone. 

- Bom, é isso. - suspirei, dando de ombros. - Obrigada por esse Natal e, é... Até daqui alguns meses. 

 Jason foi o primeiro que me abraçou, quase quebrando minhas costelas. 

- Ai. - reclamei, apenas para ser rabugento mesmo. 

Ele me olhou tentando fazer uma careta de raiva, mas seu olhar era mais triste e preocupado do que irritado. 

- Se cuida, tá? - Jason pediu, segurando meus ombros. - Eu, Reyna e Piper vamos te ver assim que as férias da faculdade chegarem, ok? 

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