Do you dare?

Reyna

[26 de Dezembro de 2020 - 10h30, New York]

Nico estava bem... destruído.

Acho que essa palavra resume toda a situação sem eu precisar citar suas olheiras enormes ou seus olhos inchados de tanto chorar.

No dia anterior, eu e Hazel estávamos saindo da mansão Dare muito felizes com nós mesmas pela nossa "missão cupido". Hazel dizia que seria um Natal perfeito para Nico depois de tanto sofrimento e eu estava contente por ele. Recentemente eu mesma tinha me deixado levar por uma paixão imprudente e só assim conheci meu verdadeiro amor: Thalia. Esperava que ele estivesse tão feliz quanto eu.

Já tínhamos andado um quarteirão quando vimos um carro passar ao nosso lado. Hazel reconheceu o passageiro no banco de trás mais rápido que eu. Vimos a cabeleira loira bagunçada de Will mas estranhamos ao perceber que ele chorava.

Nós nos entreolhamos. Um pensamento único e preocupado passando nas nossas cabeças:

- Nico.

Pegamos o primeiro táxi que passou e corremos até a casa dela. Jason atendeu na minha 5° ligação pra ele, dizendo que Nico tinha voltado até a cada de Marie Levesque em um táxi.

A visão quando chegamos lá foi de partir o coração.

Nico estava jogado no chão segurando um pedaço de porcelana na mão (até hoje não entendi o significado daquilo). Seus ombros tremiam violentamente enquanto ele chorava e sua respiração estava rasa, como se seus pulmões se recusassem a pegar ar.

Corri para abraçá-lo, tentando passar algum tipo de força pra ele. Isso funcionava tanto no passado que Nico brincava que era meu superpoder. Ele me abraçou de volta, molhando minha camiseta de lágrimas e eu não pude me importar menos.

- Maninho? - Hazel se aproximou também, afagando os cabelos dele. - Quer nos contar o que aconteceu?

Um soluço miserável escapou dos lábios dele e Nico balançou a cabeça veementemente.

- Não. - sussurrou e sua voz estava embargada. Soava como um animal ferido. - Agora não.

Então apenas o abraçamos mais forte. Jason chegou alguns minutos depois e não fez perguntas, só se juntou ao abraço.

Não sei quanto tempo demorou para que a respiração de Nico voltasse ao normal. Podem ter sido minutos ou horas. O certo é que ele se afastou de nós e enxugou as lágrimas, olhando melancolicamente para o tapete do chão.

- Não deu certo. - murmurou. Ele mordeu os lábios numa tentativa de evitar o choro. - Eu e o Will. - uma lágrima teimosa rolou por sua bochecha. - Não vai dar certo.

Hazel, Jason e eu trocamos um olhar preocupado.

Sabíamos que fazer Nico falar só ia piorar tudo então tentamos fazer ele ficar melhor de outro jeito. Era Natal mas Marie ainda estava com a Sr.Zhang e pelo que Frank avisara, elas iam demorar. Hazel ficou encarregada de preparar a ceia e nós íamos ajudar.

Feriados de fim de ano não eram os meus preferidos também. Me traziam lembranças demais de meu pai em Porto Rico. Era complicado lidar com isso e Hylla entendia, então ela não ficou chateada quando avisei que passaria esse Natal com meus amigos.

Thalia chegou depois de quase uma hora - ela veio diretamente de um dos ensaios da banda e ainda segurava as baquetas da bateria. Nos juntamos na cozinha e ficamos ouvindo Frank (por chamada de vídeo) nos ensinar a fazer pavê. Nico ficou quieto no canto e as vezes olhava o celular com uma melancolia dolorosa nos olhos castanhos. Pelo menos, conseguimos distraí-lo ao ponto dele dar algumas risadinhas. A curiosidade me consumia para descobrir o que tinha acontecido, mas eu deixaria que ele me contasse no tempo dele.