As mulheres foram as primeiras a manifestar horror perante o corpo morto de Benjair caído pelo palco, logo agarraram-se aos braços dos homens e eles juntaram-se a elas no choque coletivo. Gritos histéricos começaram a vir de todos os lados e outros corpos caiam também com facas alojados na cabeça. Todos olhavam procurando de onde vinham aquelas facas, principalmente a que ainda estava instalada na garganta do homem morto, cujo sangue já escorria até chegar aos pés de Lantis que permanecia com as mãos erguidas penduradas pelo cabo. Olhos azuis procuraram pela mulher, pela capitã, mas ele não a encontrava em nenhum canto, talvez um pequeno sorriso houvesse surgido em seus lábios lustrosos, mas foi embora tão rápido quanto apareceu.
Markus terminou de beber o líquido de sua taça, como se já esperasse que algo assim fosse acontecer naquela noite.
— Um a menos no meu caminho. – Ele levantou-se e ajeitou a roupa, caminhou em passos lentos em direção ao palco com uma arma apontada em direção a cabeça de Lantis. — Não se mexa ou dessa vez ela vai encontrar só os seus miolos espalhados pelo chão.
— Não sei quem está esperando. – Lantis disse para a surpresa dos convidados. — Ela não virá, ela escolheu o navio e não a mim, ela...
Ele foi interrompido por uma risada alta e estranha vinda da porta de entrada. O dono dela segurava outras facas iguais aquela que ainda estava na garganta do velho morto.
— Vocês devem estar brincando comigo! – Ele disse. — Calem-se por favor, antes que eu me mije de tanto rir!
Markus o olhava, assim como os outros, o rapaz aparentava ser bem mais novo do que realmente devia ser, os olhos eram puxados como os de Mizuki, no entanto sua pele era mais morena e seus cabelos não eram nada lisos, eram enroladinhos fazendo cachos negros brilharem sob a luz e ele usava uma bandana preta.
Os homens de Markus finalmente tomaram posição de ataque, pelo menos aqueles que estavam do lado de dentro do navio, os que estavam lá fora podia-se presumir que estivessem mortos, mas alguns ainda estavam lutando ou agonizando.
— Deixe-me esclarecer uma coisa, – O rapaz disse. — Eu vim cumprir um favor a um amigo meu, pagar uma dívida, não levem para o pessoal. – Ele tinha um sorriso travesso no rosto e falava com um ar brincalhão. — Vou cumprir a minha parte na tarefa e vou embora.
— Do que você está falando? – Markus perguntou sem tirar a mira de Lantis.
— Na outra festa eu não consegui comparecer, tive uns probleminhas pra resolver, mas agora estou aqui e — Ouviu-se então um estrondo do lado de fora, algo atentava contra o navio, os presentes arregalaram seus olhos e um cheiro estranho subiu no ar junto com o balanço do navio desequilibrando a todos. — Ora, eles já chegaram! – O rapaz disse colocando as mãos na cintura.
Foi então que tudo aconteceu de uma vez.
O som alto veio de fora, como a vocalização de um animal feroz e muito grande, o ranger da madeira e o trepidar destacados entre os gritos e gemidos de assombro. Pelas janelas sombras movimentavam-se de um lado para o outro como acontece em bambuzais quando o vento sopra e num instante o vidro estava estilhaçado no chão. Alguns sofreram pequenos cortes, outros tiveram ferimentos mais profundos, o que na verdade não faria muito diferença quando chegasse a hora do resultado final.
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Ellysium - Impérios sob a água.
FantasiO que se sabia sobre os piratas era o que realmente eram: ladrões, mercenários impiedosos. Mas, o que pouco falava-se sobre os piratas, era que eles abominavam qualquer tipo de escravização. Quando Jane juntou-se ao Alma Negra, ela sabia disso, e po...