Cartas para Alice

12

 Explicar para as garotas o motivo pelo qual fui embora naquela noite havia sido a parte mais difícil do final de semana, visto que todas não paravam de fazer perguntas e questionar se haviam feito algo de errado. Falar com meus pais acabou sendo mais fácil, Ethan me ajudou a domá-los e Eleanor acabou nos ajudando também, apesar de brigar conosco depois.

- Alice Elliot! – A voz de Amber soou entre as paredes do apartamento, me fazendo pular na cama pelo susto. Segundos depois a mulher estava dentro do quarto, com cara de poucos amigos.

- O que eu fiz?

- White me ligou – Suspirou, suas feições começaram a se tornar amigáveis. – O que está acontecendo meu amor? Você adorava jogar e agora nem participa dos treinos mais.

- Eu... Não consigo dormir direito a noite e isso está prejudicando meus treinos.

- Os pesadelos de novo?

- Sim.

A verdade por traz dos pesadelos eram meus pais biológicos, conhecer mais sobre eles me fez – inicialmente – sentir-me rejeitada, saber que ambos havia partidos me destruiu e com isso meus pesadelos começaram. Amber não mostrou fotos de Loren e Dylan quando me contou a primeira vez, então eu mesma criei uma imagem deles, e era essa imagem que me atormentava nos dias de hoje. Os sonhos sempre vinham diferentes cada noite, no entanto, o final sempre foi o mesmo: minha morte. A imagem que eu havia feito dos meus pais biológicos sempre criava uma maneira de me torturar dentro dos sonhos.

- Oh meu amor, por que não me contou antes?

- Eu não queria preocupar vocês de novo, principalmente agora que vocês parecem tão cansados.

- Estamos realmente precisando de uma folga, todos nós – Suspirou, seus braços me puxaram para perto. – O que acha de um final de semana na praia? Ou então a casa de campo?

- Uma votação é muito bem-vinda.

- Tem toda a razão, fazemos isso no jantar.

- Como o papai está? Ele parece cada dia mais cansado.

- A Stewart é um peso grande demais para ele.

- Sei que é repetitivo, porém... Não quiseram ter outro bebê? Digo, um de vocês, completamente seus.

- Não, Log trabalha demais e Emily estava cansada demais para nos ajudar com outra criança.

- Nunca teve vontade?

- Algumas vezes sim, porém o tempo foi passando, você e Ethan foram crescendo e a ideia de ter mais crianças nesta casa desapareceu.

Aproveitei-me dos braços de minha mãe para relaxar, gostava dos nossos momentos, eu me sentia em paz neles.

- Você terminou de ler?

- Ainda não.

- E está bem com isso?

- Sim, eu acho que sim – Mordi o lábio inferior. – Você leu? Todas?

- Não, apenas as três primeiras.

- Ela se arrependeu... Não totalmente, é... Ela queria ter me conhecido, e se arrependeu de ter sido tão ao extremo como foi.

- Eu não sabia disso.

Estalei a língua no céu da boca, saindo de seus braços e puxando a caixa com as cartas de Loren, coloquei entre nós. Observei-a abrir e ler todas que eu já havia lido, sua expressão era neutra, o que me impediu de lê-la.

- Eu deveria ter lido antes, desculpa.

- Tudo bem, agora sei quase tudo o que precisava saber sobre meu passado, ou parte dele, será o suficiente quando eu terminar.