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 Todos sabem que um furacão tem um momento bonito, que chamam de olho do furacão. Esse famoso fenômeno é a calmaria do furacão, a doce ilusão de que ele já passou, entretanto, ele dura apenas alguns minutos até tudo voltar ainda mais forte. Por que estou citando isso? Bom, eu havia passado pelo olho do furacão durante a madrugada com Brook, e agora teria que enfrentar o resto do furacão, mais conhecido como meus pais.

Acabamos cochilando no banco do parque, o que nos atrasou para voltar a casa Martin, esse foi o primeiro dos nossos erros. O segundo erro cometido foi termos deixado a porta do escritório de Robert entreaberta, ou alguma coisa assim, Cohen nervoso é péssimo em explicar qualquer coisa. E por último, chegamos juntamente com alguns pais na casa Martin e acredite, não foi nada agradável ver meus pais e a mãe de Brook ali.

Agora nos encontrávamos sentados no sofá da minha casa, Brook estava ao meu lado, enquanto nossos pais se encontravam em pé de frente para nós. Eleanor se manteve encostada no balcão junto a Ethan e Amélia.

- O que vocês têm na cabeça para sair de madrugada? – Marie questionou, sua voz era serena, porém, seus olhos poderiam me queimar viva se eu continuasse a encará-los.

- Mãe – Brook tentou falar, entretanto se calou com o olhar da Zafón.

- Vocês ao menos imaginaram no que isso poderia dar? – Novamente ela olhou furiosa para nós, fazendo-nos permanecer calados. Marie Zafón estava nervosa, muito nervosa, no entanto, sua voz continuava serena, o que de certa forma era terrível para mim, preferia que ela berrasse e soltasse de uma vez sua raiva sobre nós. – Brook, olhe para mim – O rapaz acatou seu pedido. – Sabe o quanto isso que vocês fizeram vai me prejudicar? Em algum momento se passou em sua mente as consequências desta escolha?

- Eu... não – suspirou. – Não pensei nas consequências.

- O que você queria lá? – Questionou.

- Desculpa senhora Zafón – Murmurei, ganhando a atenção para mim. Não deixaria que ele se ferrasse por minha causa, tudo aquilo era graças a mim, ao menos isso eu deveria admitir. – Brook me ajudou a entrar lá, eu estava procurando por algum retrato de minha mãe.

Amber levou as mãos ao rosto, Logan desviou o olhar, enquanto Marie se manteve firme a nós. Seus olhos me analisavam, e permiti-a que me lê-se sem dificuldade.

- E encontrou?

- Encontramos uma caixa mãe, com diversas fotos de Loren e Alice.

- Alice? – Logan perguntou surpreso.

- Sim senhor Stewart.

- Eram fotos dela em diversos lugares – abaixei o olhar, tendo minha mente tomada por lembranças. – E depois minhas, até os dez anos.

- Alice passou mal depois de ver as fotos e saiu correndo do escritório, mas eu continuei lá – Brook focou-se em sua mãe. – Eu guardei a caixa no lugar, sai do escritório e segui para a cozinha depois de fechar a porta. Tudo estava no lugar, apenas nós não estávamos lá, saímos porque ela não conseguia mais ficar lá, as fotos... É estranho achar uma caixa lotada de imagens sua em momentos que você se quê imaginava.

- Poderiam ter ligado Brook, vocês poderiam ter feito tantas coisas e escolheram a pior delas – Suspirou. – Vocês sempre tomam a decisão errada quando estão juntos.

A fala de Marie me atingiu, meu corpo pesou sobre o sofá. Joguei-me para trás, encostando-me no encosto. Não estava certa no caminho que aquilo poderia seguir, de qualquer forma, não seria nada agradável.

- Pedi para que ficasse longe de Robert Martin, Alice – Amber virou-se para mim, sua voz soou dura. – Isso inclui o escritório dele.

- Eu não consegui evitar.

Cartas para AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora