prólogo ✰ coco chanel no inverno

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Eu nunca vim à praia

Ou fiquei no oceano

Eu nunca me sentei no litoral

Sob o sol, com os pés na areia

Em algum momento de um Inverno qualquer, Kim Taehyung decidiu que não queria mais ser modelo.

Coco Chanel uma vez disse que uma mulher precisa de apenas duas coisas: um vestido preto clássico e um homem.

Taehyung estava sentado em uma banqueta desconfortável de um bar qualquer. Ele tinha óculos escuros cobrindo boa parte do rosto e uma echarpe enrolada em volta de toda a cabeça, escondendo seus cabelos tingidos de vermelho. Segurava um copo de gin em uma mão, uma piteira com um cigarro aceso na outra e sarcasmo para dar e vender em um sorriso cansado que estava presente desde mais cedo, quando seu mentor acertou um tapa ardido em sua bochecha esquerda, deixando a marca perfeita dos cinco dedos em sua pele que já estava levemente corada de álcool.

O bar era ruim. Fedia a cachimbo de péssima qualidade, cerveja barata, mijo e perfumes que prostitutas francesas costumavam usar. Taehyung estava se perguntando se conseguiria terminar de beber seu gin antes de desmaiar bem ali, aos pés de pessoas que nunca o reconheceriam nem se tentassem muito, porque estavam tão acostumadas a ignorar o resto do mundo quando bebiam que nem mesmo um modelo internacionalmente famoso faria diferença.

E ainda tinha o adicional: ele estava bêbado, tentando cruzar as pernas para manter sua pose típica, o que daria uma ótima matéria para um jornal faminto na manhã seguinte, mas os trabalhadores só queriam continuar estufando os estômagos e as moças só queriam ganhar dinheiro com qualquer um deles, o que fazia de Taehyung um homem completamente invisível de um jeito que não costumava ser.

Deu mais um gole no gin, rolando o líquido pela língua adormecida. Ele desceu suave pela garganta no mesmo instante em que Taehyung levou a piteira de ouro aos lábios fartos pintados de um batom vermelho todo borrado. Tragou o cigarro, segurou a fumaça dentro da boca até começar a enxergar dobrado e puxou-a para os pulmões, soprando-a vagarosamente pelo nariz em direção ao rosto do barman, que sequer piscou.

— Coco Chanel era uma nazista de merda — disse à prostituta sentada ao seu lado. O sorriso dela desapareceu, mas Taehyung brindou o ar, levantando as duas sobrancelhas. — Ela não deve ser exemplo para ninguém.

— Eu não falei com você, idiota. — A prostituta cuspiu, voltando a atenção ao cliente embriagado.

— Saúde — murmurou, brindando o ar outra vez.

Efeito Gucci | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora