My fake girlfriend

Party

— Camila, não esquece que hoje temos um jantar na casa dos Grande. —  

Meu pai me avisa, abrindo uma brecha na porta do quarto apenas para que enfie sua cabeça para dentro do quarto para falar. — Esteja pronta às 19:00. 

— Tudo bem. — Respondo me espreguiçando. 

Os Grande eram amigos de longa data dos meus pais. Eles haviam se mudado para Los Angeles anos atrás e voltaram no começo do mês. Eu fiquei sabendo que a filha deles havia voltado um tempo atrás pra cursar a faculdade, mas eu não falava com ela desde que nós éramos crianças, então não imagino como ela ou eles sejam hoje em dia. 

Lauren não poderia me acompanhar porque seus irmãos chegavam hoje e eu sei que ela estava morrendo de saudades deles e eu não ia insistir, mas confesso que não sei como vai ser esse jantar sem alguém para que eu possa conversar. 

Daqui a três dias fará um mês desde que eu e Lauren “oficializamos” nosso namoro, ou seja, quando contamos aos meus pais e, claro, nós iríamos sair porque seria muito estranho um casal fazer um mês e não comemorar. Não seria nenhum sacrifício sair sozinha com Lauren, já que eu adorava passar o tempo com ela por ela ser uma ótima companhia e, bom, ótima em outra coisa também. 

Levantei da minha cama e fui tomar meu banho, Dinah viria para minha casa mais tarde e nós passaríamos o tempo conversando ou fazer qualquer coisa. Liguei no chuveiro e passei um tempo embaixo da água que caia forte e gelada, me refrescando. O clima em Miami estava quente e insuportável, então uma água gelada nessas horas era ótimo. 

Como eu havia acordado tarde, eu apenas tomei café, não almocei. Fui para o meu quarto ouvir música e alguns minutos depois escuto a campainha soar suave pela casa. Meus pais haviam saído com Sofia para irem ao parque aquático, mas eu recusei, novamente, e eles saíram me deixando sozinha em casa. Hoje era sexta-feira, mas os colégios estavam fechados por conta de uma verificação de alguma coisa que eu ninguém quer saber, o que importava mesmo era que não tínhamos aula. 

Desci as escadas e a campainha soou novamente, dessa vez mais insistente, repetindo o som várias vezes me fazendo ficar levemente irritada. 

— Você é uma idiota ou só tá querendo usar os dedos em alguma coisa? — Encaro Dinah, assim que abro a porta, com os dedos na campainha e um sorriso no rosto como de quem havia conseguido o que queria. 

— A lésbica aqui é você, Chancho, não eu. — Ela diz, dando uma piscadela e entrando na minha casa sem rodeios. Ela anda em direção à cozinha, fazendo um leve barulho por contra do salto das botas no chão e abre a geladeira. 

— Claro, como se eu não conhecesse o seu passado, Chee. — Falo com ironia seu apelido enquanto observo ela parar de mexer na geladeira e me encarar. 

— Não sei do que você está falando. — Eu estou pronta para começar a responder quando ela estreita os olhos e repete entredentes. — Não sei do que você está falando. — Minha gargalhada soa alta pela cozinha, apesar de eu estar morrendo de medo do tom de voz dela. 

Dinah e Normani haviam ficado alguns anos atrás, nada sério, elas estavam bêbadas, mas elas se beijavam na nossa frente, com muitas mãos bobas e falavam várias coisas uma para a outra. A gente não conseguia entender muito bem porque elas falavam muito enrolado, mas elas se beijavam e eu conseguia entender “eu te amo” várias vezes, foi uma cena engraçada e embaraçosa. Eu até cheguei a achar fofo as duas. Se fosse pra frente, eu com certeza apoiaria esse relacionamento. Só estávamos eu e Lauren nesse dia, então nenhuma das outras pessoas sabe disso, mas eu nunca perco a oportunidade de fazer piadinhas com nenhuma das duas quando elas me provocam quando estão sozinhas.