The 1975

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Camila e eu não tocamos no assunto da música. Assim que saímos do carro, ela se recompôs e parecia que nada havia realmente acontecido. Se eu não estivesse lá, juraria que tudo que aconteceu foi apenas uma conversa entre amigas durante todo o trajeto.

Ela sorriu pra mim quando saiu do carro, pegou minha mão e me puxou pra dentro da arena. O show só iria começar uns 20 minutos depois, então nós conversamos até chegar em nossos lugares e nos sentarmos.

— Você quer beber alguma coisa? Só não vou liberar álcool porque você está na minha responsabilidade e você bêbada é imprevisível. — Perguntei me levantando e dando uma risada quando ela me deu língua e revirou seus olhos.

— Eu aceito uma limonada, obrigada.

Assenti para seu pedido e fui em direção ao local que vendia bebidas e alguns salgados na arena. Comprei duas limonadas e dois salgados que me pareceram ser bons.

Quando eu voltei para nossos lugares, encontrei um garoto com cara de ser aqueles pegadores totalmente babacas dando em cima de Camila na maior cara de pau.

— Aqui amor, desculpa a demora. — Falei dando um beijo na bochecha de Camila e a vendo corar levemente. O garoto olhou de mim para Camila algumas vezes e pediu desculpas para mim e para ela e depois foi se sentar em seu lugar. Pelo menos não fez nenhuma piadinha machista.

— Por que fez isso? — Perguntou me encarando com uma curiosidade genuína.

— Porque você é lésbica, eu sou sua namorada...

— Falsa namorada. — Me interrompeu, mas eu fingi não ouvir.

— E ele é um cara babaca. — Pontuei como se não me incomodasse e virei para frente depois de entregar a limonada e o salgado a ela.

O que se seguiu depois foi um silêncio totalmente carregado e tenso. Eu queria pedir desculpas por ter interrompido o flerte daquele cara, mas não tinha motivos até porque Camila não gostava de garotos. Será que ela queria ser amiga dele? Antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, ela quebrou o silêncio.

— Desculpa. Eu realmente sinto muito. Eu não sei por que eu te pedi satisfações, você está certa, ele era um idiota e obrigada por ter tirado ele daqui. Você me fez um favor e eu fui mal agradecida. — Ela falou rápido e balançando as mãos de forma nervosa. Segurei suas mãos entre as minhas e sorri sinceramente para ela.

— Tudo bem, Camz. Eu nem pensei que talvez você quisesse ser amiga ou sei lá. Eu fui precipitada, me desculpe.

Depois de nós discutirmos de quem era a culpa e não chegarmos à solução alguma, o show finalmente começou. Eles se apresentaram e então todo mundo se levantou. A primeira música a tocar foi Girls, Camila e eu dançávamos uma do lado da outra. Levantávamos os braços e cantávamos juntas como se só tivéssemos nós duas ali.

O show seguiu e, pelo fato de eu e Camila sermos grandes fãs, sabíamos todas as musicas e cantávamos todas elas. Estar em um show da minha banda favorita com minha garota favorita era uma das melhores coisas do mundo, com certeza.

Quando começou a tocar a introdução de Chocolate – minha música favorita e de Camila também – nós nos entreolhamos e sorrimos.

Eu me mexia conforme a música e Camila fazia o mesmo com os braços levantados acima de sua cabeça. Assim que começou o refrão eu peguei sua mão que estava levantada e a girei. Ela riu do meu ato e nós começamos a dançar realmente juntas. As pessoas nos olhavam, mas eu realmente não poderia me importar menos.

Em certo momento, Camila jogou seus braços ao redor do meu pescoço, mas não parou de se mexer conforme a música. O sorriso em seu rosto era tão genuíno que tudo que estava ao nosso redor havia sumido. Sorri de volta pra ela e segurei com carinho em sua cintura. Apesar de a música ser relativamente rápida, nós dançávamos devagar, aproveitando o momento. Aproveitando o contato.

My fake girlfriendOnde histórias criam vida. Descubra agora