Chuva e borboletas estúpidas

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P. O. V Alice

Fecho o armário com toda força. Meu mau humor de manhã era nítido, para piorar, Claire comeu meu cereal. Isso só contribuiu ainda mais para a minha irritação.

- Claire! - Puxo seus fones de ouvido para a mesma me escutar.

- O que foi? - Perguntou irritada pela minha ação.

- Eu não acredito que você fez isso. - Fecho os olhos.

- Eu não fiz nada. - Levantou do sofá ficando na minha frente.

- Você comeu o meu cereal. - Aponto o dedo indicador para ela.

- Não estava escrito seu nome na caixa. - Cruzou os braços.

- Eu tinha deixado para comer depois.

- Você demorou para comer e então eu comi. - Deu de ombros. - Não seja dramática. É só você ir no mercado e comprar mais.

- Você me paga. - Murmuro raivosa.

A loira não deu muita bola para minha ameaça, colocou os fones de ouvido e não dirigiu mais nenhuma palavra.

Visto meu tênis resmungando ameaças assassinas para Claire.

Agradeço mentalmente pelo mercadinho não estar lotado de gente. Compro meu cereal e coloco o mesmo na sacola, tinha apenas duas pessoas na vila, uma era uma senhora e a outra parecia uma adolescente, provavelmente teve ser a neta dessa senhora. Bato o pé freneticamente no piso do azulejo, estava impaciente, acordei com um péssimo humor e pra piorar não tinha comido café da manhã por culpa da Claire.

- Anda logo... - Murmuro irritada ao ver a senhora com a mulher do caixa conservando.

As duas continuaram por alguns minutos. Suspiro de alívio quando chega minha vez, infelizmente a mulher passou o meu cereal com a maior paciência do mundo enquanto ainda conversava com a senhora. Mordo meu lábio inferior para tentar não ser mau educada.

- Moça. - Chamo ela. - Será que você poderia ir mais rápido? Eu estou com pressa.

A moça me olhou como se eu estivesse ofendido ela, reviro os olhos para sua expressão. Ela pegou meu dinheiro com uma cara não muito boa.

O que eu fiz de errado hoje?

Quando coloco um pé para fora do estabelecimento pingos de chuvas começam a cair.

Hoje é um dia daqueles.

- Qual é? - Olho para o céu nublado com uma expressão irritada. - Não podia esperar eu chegar em casa.

- Você fala sozinha? - Uma voz conhecida falou atrás de mim.

- Pedro. - Reviro os olhos. - Guarde suas gracinhas para você mesmo.

- Você está nervosa hoje. - Riu debochado, viro meu corpo para trás para encará-lo.

- Não é o meu melhor dia. - suspiro.

A chuva começo a piorar mais ainda, provavelmente eu teria que esperar. Maldita hora que sai para comprar cereal.

- Vem, vamos entrar. - Mordo o lábio inferior ao lembrar da moça do caixa.

- Eu não posso. - Dei de ombros. - A moça do caixa não vai gostar muito da minha presença.

- Ela supera. - Sorrio igual uma boba para seu sorriso.

Um trovão cortou o céu. Uma idéia maluca passou pela minha mente.

- Quer saber. - Coloco a sacola com o cereal em cima de um banco. - Vou tomar um banho de chuva.

- Ficou louca? - Perguntou espantado. - Você pode ficar resfriada.

- Talvez sim, talvez não. - Dei de ombros. - Vou aproveitar esse tempo maravilhoso. É meu sonho dançar na chuva.

Corri em direção ao um campo aberto, escuto o sapato molhado do Pedro fazer barulho na grama. Paro bem no meio do campo e invento uma dança maluca.

- O que você está dançado? - Balançou sua cabeça para os lados, sua roupa estava ensopada assim como a minha.

- Não sei. Acabei de inventar. - Sorrio.

Sinto seus olhos castanhos me analisarem, acabo coroando. Pedro abriu um sorriso que fez as borboletas estúpidas do meu estômago alcançarem o vôo.

- Você fica linda com vergonha. - Seu elogio me pegou de surpresa.

- Bobo. - Fecho meu punho dando um soco de leve em seu ombro.

Ele segurou minha mão no seu ombro, não sabia o que fazer, parecia que minha mente tinha entrado em um curto circuito. O mesmo me trouxe para mais perto, acabei batendo com a mão livre em seu peito.

- O que você... - Não consegui terminar a frase porque seus lábios nos meus me calam totalmente.

Nunca tinha beijado antes, sempre achei algo desnecessário, nunca passou pela minha mente gostar de alguém. Até que o mauricinho chegou, trouxe com ele sentimento desconhecidos por mim, também trouxe borboletas e sorrisos involuntários.

Seus lábios eram macios, sua mão direita estava envolvida em meus cabelos loiros. As borboletas estúpidas pareciam que estavam em festa.

Quando o beijo cessou eu fiquei com medo do que viria a seguir.

- Eu gosto muito de você, Alice. - Confessou com a testa colada na minha. - Eu não quero estragar tudo, você é a única coisa boa na minha vida e eu sinto que vou acabar estragando tudo. Você é a minha felicidade e eu não quero ficar longe de você, eu não suportaria que você me odiasse.

Franzi as sobrancelhas não entendendo do quê ele se referia.

- Eu não te odeio. - Digo seriamente. - Você me irrita, mas não é o bastante para te odiar.

Seus olhos castanhos tinham um brilho diferente e sua expressão triste era visível.

- Eu também gosto muito de você. - Faço um carinho com as costas dos dedos em sua bochecha. - Eu tenho certeza que você não vai estragar tudo.

- Seu pai vai me matar. - Seu tom de voz era um pouco trêmulo, ele tinha um pouco de medo do meu pai.

- Ele é Dean Winchester. É claro que vai te matar. - Digo rindo.

- Então antes dele me matar, eu vou aproveitar. - Depois dessa fala ele deu uma sequência de três beijos rápidos em mim.

Deixo minha mão infiltrar em seus cabelos molhados, era incrível a sensação da chuva caído sobre nós naquele momento tão importante. Meu coração batia rápido dentro do peito, parecia que iria explodir à qualquer instante.

- Eu acho melhor, eu ir para casa.

- Eu te acompanho. - Sua mão entrelaçou a minha que ainda estava em seus cabelos.

Encosto minha cabeça em seu ombro enquanto andávamos, peguei meu cereal que estava no banco. A chuva tinha aliviado um pouco mas ainda assim caia alguns pingos.

Talvez eu devesse me preocupar em pegar um resfriado se eu não trocasse minhas roupas molhadas, mas minha mente atenta desligou totalmente e só restou meu coração batendo força a cada minuto.

Meu primeiro beijo ficou marcado na minha memória.


A filha de Dean Winchester | Em Pausa Onde histórias criam vida. Descubra agora