Presente

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P. O . V Alice

Finalmente estou em casa, não aguentava mais ficar naquele hospital. Ainda consigo sentir o gosto da gelatina na ponta da língua.

— Eu consigo andar, sabia? — Digo irônica para meu pai que estava me carregando no colo até meu quarto.

Ele revirou os olhos e logo depois suspirou cansado. Me senti um pouco culpada, não parei um segundo de reclamar e isso está enchendo a paciência do meu pai.

— Desculpa. — Peço após ele me deitar na cama. — Eu estou aqui reclamando e nem sequer agradeci vocês por cuidarem de mim.

— Esquenta com isso não. — Meu pai faz um gesto com a mão como se não fosse nada de mais.

— Obrigada. — Agradeci sincera para ele.

— Alice... — Ele disse meio receoso. — Eu vou precisar voltar.

— Já?! — Acabo deixando escapar um suspiro decepcionado.

Eu sabia que meu pai e meu tio tinham que continuar com o negócio da família. No entanto, é inevitável não sentir falta deles todos os dias e a preocupação deles acabarem sendo mortos por algum ser sobrenatural. Espanto esses pensamentos rapidamente, eles vão ficar bem, eles sempre ficam e afinal eles são os Winchesters.

— Tudo bem. — Sorrio compassiva. — Só não demorem para vir me visitar. Eu sinto bastante falta de você e do tio Sam.

Meu pai me deu um abraço apertado, algumas lágrimas rolaram pela minha face, tentei não demostrar que estava triste, não quero que eles se preocupem comigo.

Depois de uma longa despedida de muitas lágrimas e abraços senti uma grande necessidade de dizer para meu pai uma coisa.

— Pai? — Chamo ele antes do mesmo entrar no carro.

Ele virou um pouco o corpo na minha direção e esperou eu dizer algo.

— Eu amo você. — Dean abriu um enorme sorriso para minha frase e se aproximou para deixar um beijo rápido em minha testa.

— Eu sei. — Sorrio e aceno para eles.

O impala sumiu do meu canto de vista. Jody me abraçou e me ajudou a ir para o quarto, eu ainda sinto algumas dores e não posso fazer movimentos bruscos. Alex e Claire não estão em casa, a morena conseguiu a vaga de enfermeira no hospital e a loira está em um acampamento e isso é estranho, tenho suspeitas de quê ela está caçando sozinha sem a Jody saber. É bem a cara dela.

O programa de televisão estava me causando um grande tédio, ficar sentada o dia todo na minha cama sem fazer é exaustivo. Mudo mais uma vez de canal e batidas na porta me deixam animada .

— Entra. — Desligo a TV rapidamente.

É a Jody, ela está com uma bandeja que em cima está uma tigela de sopa. Seu sorriso materno aquece meu coração.

— Trouxe seu jantar. Não é seu precioso bacon ou uma torta de cereja, mas eu tenho certeza que você vai gostar. — Ela colocou a bandeja em cima das minhas pernas.

O cheiro delicioso da sopa fez meu estômago roncar. A mesma estava um delícia.

— Obrigada. — Agradeço após comer tudo.

— Você tem visita. — Ela abriu um sorriso travesso.

— Quem? — Franzi as sobrancelhas.

Pedro aparece no quarto trajando um moletom preto e em suas mãos continha uma caixinha de presente.

— Mauricinho. — Ele me abraça e Jody deixa o quarto.

— Como você está? — Perguntou preocupado.

— Um pouco dolorida. — Sorrio para ele.

— Tenho uma surpresa para você. — Pedro anuncia animado. — Fecha os olhos.

Contra vontade fecho minhas pálpebras enquanto meu coração batia descompassado em meu peito. Senti quando ele colocou alguma coisa em minhas mãos, parecia um colar.

— Pode abrir. — Abro rapidamente e minhas suspeitas que eram um colar estavam certas.

Um sorriso emocionado preencheu meus lábios. O colar é todo prata e o pingente é a letra A e ao lado tem um pequeno coração com algumas pedrinhas brilhantes.

— Pedro... — Minha voz falhou. — É lindo... Obrigada.

— É a inicial do seu nome. — Ele explicou.

— Coloca em mim?

— Claro.

Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e tento não me mexer muito por causa do machucado. Quando Pedro terminou de colocar o colar puxo ele para mais um abraço. 

— Obrigada, Obrigada e muito obrigada. — Repito várias vezes ainda abraçada nele.

Solto ele e o mesmo estava com as bochechas levemente vermelhas e para disfarçar ele coça a nuca.

— Posso assistir com você? — Perguntou um pouco constrangido.

Olho para seu moletom e uma brilhante idéia passa pela minha mente.

— Eu deixo se você me deixar usar a sua blusa. — Coloco minhas condições em um tom divertido.

— Que audácia! — Ele fingiu indignação mas logo cedeu.

O moletom ficou até meus joelhos, parece um vestido mas é bastante confortável. Deito minha cabeça no ombro dele e um filme de ação começou a passar. Seus dedos faziam um carinho em minha bochecha e sua outra mão estava entrelaçada com a minha.

Meu lado pessimista gritava que isso era uma péssima escolha e que no futuro isso traria grandes e dolorosas consequências, não ouvi esse lado, apenas aproveito o momento. As borboletas em meu estômago parece que estão dando uma festa e meu corpo parece que vai dançar a qualquer instante de tamanha felicidade.

Tudo está bem. Carlos está preso, encontrei meu pai, tenho uma família que me ama e agora eu também tenho o Pedro. Tudo está na mais perfeita e incrível ordem, posso relaxar e fechar os olhos sem ter medo de tudo e de todos. Felicidade não é um sentimento que fazia parte da minha vida antiga mas agora eu tenho ela e muito mais.

Eu estou muito feliz com tudo isso.

A filha de Dean Winchester | Em Pausa Onde histórias criam vida. Descubra agora