Nostalgia ➟ taekook

02:00 (reescrito)

                         
Capítulo 2 [2020]

"Depois que a gente buscar o Jeongguk, eu posso postar uma foto com a máquina no meu instagram?"

Sem noção. Meu melhor amigo é sem noção. Se a máquina for descoberta, eu com certeza serei preso por mexer com coisas delicadas como o tempo, e pior ainda, meu projeto será enviado para as autoridades, que obviamente o usarão para própria diversão e para as próprias vontades. Se isso cair em mãos erradas, eu não tenho dúvidas de que a humanidade irá sofrer.

Olho para Jimin, que está sentado em uma carteira bem na minha diagonal. A expressão que faço já é o suficiente para ele entender que não está batendo bem da cabeça, mas mesmo assim, ainda dou um leve tapa na minha testa em um movimento rápido, só para ter certeza de que ele entendeu o recado. Não.

O choque tinha sido momentâneo. Enquanto saíamos da construção escura no dia anterior e voltávamos para casa, ele não parava de surtar, gritar e pular, me chamando de gênio e fazendo milhares de planos para viajar no tempo e descobrir quando as ruas seriam trocadas por esteiras, fazendo com que a humanidade não precisasse mais utilizar carros.

Pelo menos ele topou me ajudar. Agora minhas esperanças estão gigantes. Duas cabeças pensando juntas é algo sempre melhor. Vou mostrar tudo o que já fiz para ele assim que as aulas acabarem.

Termino de escrever o recado. Embrulho o papel em formato de bolinha e levanto o braço para arremessá-lo. Meu coração trava quando sinto meu pulso ser segurado e o papel arrancado da minha mão. Pego no pulo.

Poderia ter feito isso outra hora, mas a empolgação de Jimin não conseguiu esperar até a aula de química acabar. Seunghee é uma professora extremamente rigorosa e gosta de ver os alunos em situações vergonhosas ou desesperadoras, por isso, ela não pensa duas vezes antes de tirar a bolinha da minha mão e abrir o papel.

— Podemos nos encontrar na casa à tarde? Ou prefere que eu te busque pra não ficar com medo? Se for sozinho, vá escondido e em segredo— a corna lê em voz alta o que eu tinha escrito para Jimin, não se importando com qualquer privacidade que os alunos possam ter.

— O que é isso? Algum tipo de romance secreto?— a turma inteira ri— Se querem viver um filme clichê, certifiquem-se de que não vão atrapalhar a aula dos outros alunos— ela corta a voz de todos enquanto rasga o papel e salpica os destroços na lixeira, deixando cair pedaço por pedaço, bem dramaticamente, como se estivesse rasgando uma carta de alguém que a traiu.

Mulherzinha perturbada.

[ ...⏳⌛️...]

A intenção era buscar Starbucks, mas, depois do discurso da adorável professora de química, a última coisa que quero é ser visto com Jimin em um lugar considerado romântico, então pegamos um café normal numa panificadora perto de casa antes de seguir nosso caminho.

Óbvio que tive que ir buscá-lo. Jimin não viria neste bairro sozinho, muito menos nesta casa, provavelmente entraria em desespero, então viemos juntos para evitar um segundo desmaio.

Para mim, é o mesmo caminho de sempre. O som dos degraus rangendo e a falta de iluminação da casa já fazem parte do meu dia a dia. Mas para Jimin tudo ainda é muito novo e assustador.

— Não, mudei de ideia— ele diz e sai correndo assim que chegamos perto das escadas que levam ao subsolo.

— Jimin, por favor. Eu venho aqui todos o dias, não tem fantasmas, eu prometo— garanto.

Não acredito nessas coisas mesmo.

Ele respira fundo. Seu medo ainda é tão evidente que, se eu chegar mais perto, conseguirei ouvir seu coração batendo freneticamente. Começamos a descer os lances de escada até chegar no mesmo armário cinza. Desencosto-o da parede com apenas um braço, até porque o outro está sendo totalmente esmagado por Jimin.