09:50 (reescrito)

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Capítulo 8                                      [2020]

Acordo antes mesmo de ouvir o despertador tocar. Ainda não passa das 5:30 da manhã. O motivo? Desespero.

Sento no colchão e olho para o lado. Jeongguk ainda está dormindo profundamente na outra berada da cama. Tão tranquilo, penso.

— O que eu faço com você agora?— sussuro para mim mesmo, com medo de acordá-lo.

Ainda tenho pouco mais de uma hora para chegar a uma conclusão de onde deixar Jeongguk enquanto eu estiver na aula.

Não posso simplesmente trancar meu quarto e deixar ele aqui. Minha mãe é enxerida e perceberia facilmente. Depois ela começaria a investigar o que eu estou escondendo no quarto e não tardaria até descobrir sobre ele.

Jeongguk sabe que precisa se esconder, mas, ao mesmo tempo, não acho que ele entenda o motivo. Afinal... eu ainda não contei sobre a máquina do tempo e nem sobre como ele veio parar aqui.

Preciso conversar com Jimin antes de dizer qualquer coisa. Primeiramente, porque ele é mais sensível do que eu. Em segundo lugar, porque ainda tenho uma dúvida para esclarecer— referente à minha última viagem.

De qualquer forma, preciso encontrar algum outro lugar para Jeongguk, que seja mais escondido e mais seguro para ele. Mas, por enquanto, ele fica aqui no quarto.

Observo o seu rosto sereno enquanto ele dorme. As pálpebras fechadas escondendo aquele olhar brilhante que eu tanto admiro, a boquinha semiaberta, a cabeleira negra espatifada no travesseiro, o peito subindo e descendo lentamente por causa da respiração tranquila. Observo também que ele está usando uma das mãos para apertar levemente a borda do edredom, enquanto a outra descansa debaixo do travesseiro.

Percebi essa mania nele de estar sempre apertando algum tecido, como ele fazia com as mangas do moletom roxo ontem, enquanto o vestia. Lembro que o tecido cobria praticamente metade da sua palma, e ele fechava as mãos em punho, apertando-o levemente.

E é uma mania nova, ou pelo menos mais recente. Não lembro de prestar atenção nisso quando ele era criança, o que me faz pensar que ele a tenha adquirido depois de ter sumido. Faço uma nota mental para lembrar de perguntar sobre isso quando ele acordar, mas duvido muito que ele saberá responder.

Talvez o problema nas memórias dele seja mais sério do que eu pensava que fosse. Tive essa conclusão depois do acontecimento inesperado da noite passada. Ele parece não entender várias coisas comuns do dia a dia, como se não fizessem sentido.

"Explicar para Jeongguk o motivo de seres humanos terem que se vestir."

Isso definitivamente não estava na minha lista de afazeres do dia de ontem. Por sorte, já era quase noite quando ele saiu do banho despido, então não fui capaz de observar muito bem, graças à baixa luminosidade do quarto. Apenas me virei de costas e busquei uma muda de roupas limpas— pijamas, no caso— e joguei em sua direção. Depois que ele já estava completamente vestido, resolvi explicar o motivo das roupas.

Levanto e vou lentamente até o banheiro, sem fazer barulho para que ele não acorde. Está um pouco escuro ainda pelo horário, mas isso não me incomoda, já que odeio claridade. Fecho a porta atrás de mim e me deparo com a muda de roupas de Jeongguk em cima da tampa da privada, completamente amarrotadas. Dobro o moletom roxo e as calças dele e escondo em algum lugar dentro do armário que fica debaixo da pia.

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