Capítulo 23
Bruno travava uma luta interna para conter as lágrimas. Sentia-se humilhado e traído. "Como Jonas teve coragem de fazer isso comigo?" era o que se perguntava diante da alegria de Matheus pela viagem.
_ Desejo que vocês façam uma boa viagem._ respondeu Bruno abaixando o olhar.
Matheus desviou o corpo para o lado.
_ Ops! Por pouco não me acertou.
_ O quê?_ perguntou Renata.
_ A inveja da Bruninha.
_ Deixa de ser infantil, Matheus! Olha o que a gente conversou!
_ Tudo bem, mamãe! Foi só uma brincadeirinha.
Bruno saiu da sala e foi para o quarto antes mesmo de tomar café. Trancou a porta, e mordeu os punhos para controlar a raiva e o choro.
Uma hora depois Jonas o ligou, mas Bruno se recusou a atender. O rapaz mandou uma mensagem:
"Amor, eu posso explicar td. Estou no carro, aqui na esquina. Vem me encontrar. Precisamos conversar."
Movido pela raiva, Bruno pensou em não ir. Deixar Jonas plantado o esperando, o fazer de idiota como foi feito. Em seguida, pensou em mandar uma mensagem desabafando o seu ódio em forma de xingamentos a Jonas.
Por fim, decidiu ir até o encontro com o amante e ouvir o que ele tinha a dizer.
Bruno entrou no carro sério e sem olhar para Jonas, que segurou o seu queixo para beijá-lo, mas Bruno se esquivou.
_ Fala logo! Eu tenho mais o que fazer.
_ Oh, meu amor, me perdoe? Eu não tive culpa! Eu não sabia que a Renata tinha tirado Matheus do castigo. Ele apareceu lá em casa de surpresa e viu as passagens, ficou me fazendo um monte de interrogatórios e por fim tive que dizer que as passagens eram para viajar com ele.
Bruno ouvia olhando para frente.
_ Olha pra mim. Eu juro pra você que eu não queria ir com ele...
_ Não queria?
_ Não quero.
_ E por que vai?_ perguntava sem olhar para Jonas.
_ Eu já te expliquei. O Matheus viu as passagens, eu tive que dizer que eram...
_ Já acabou? Eu posso ir?
_ Vai me tratar com essa frieza? Cara, eu não tive culpa!
Bruno permaneceu olhando para frente.
_ Meu amor, eu prometo que assim que eu voltar, vou planejar alguma viagem pra a gente. Um final de semana só nosso.
Bruno olhou para Jonas.
_ Olha, Jonas eu estou na merda. Estou desempregado, vivendo de favor na casa da minha tia e comendo o pão que o diabo amassou nas mãos do Matheus, mas eu não preciso da sua caridade!
_ Não é caridade, Bruno! Eu quero ficar contigo!
_ Comigo? Não quer não. Você com toda certeza prefere o seu namoradinho do que eu.
_ Claro que não! Eu não tenho preferência! Amo os dois por igual!
Bruno foi tomado um golpe de raiva.
_ Eu odeio te amar! Você não sabe como dói te ver aos beijos com o Matheus! De saber que é com ele que você vai viajar, que é ele que você apresenta pra todo mundo como o seu namorado, que vocês transam enquanto eu fico em casa com cara de idiota.
_ O que você queria, Bruno? A gente namorava e você sumiu sem me dizer uma palavra. Eu fiquei oito anos sem ter um relacionamento sério com ninguém, te amando e morrendo de saudades e você nada. Desapareceu do mapa!
'O Matheus entrou na minha vida e me tirou daquele sofrimento. A gente se apaixonou. Aí você volta e balança o que eu sentia por ele. Eu te aceitei, sem mesmo você me dizer o porquê foi embora.'
_ Eu sei que eu estou todo errado! Mas eu tô com ciúmes, porra! Eu não queria estar, mas estou! Eu não queria te amar, mas te amo! Mas que porra! _ Bruno disse socando a perna.
Jonas o puxou para beijá-lo, mas Bruno se esquivou. Jonas insistiu o pegando com força e Bruno continuou se debatendo. Por fim, Jonas conseguiu contê-lo e o beijou a força, em seguida o aprisionou em seus braços, enquanto Bruno chorava.
_ Oh, meu amor. Me desculpe por tudo isso. Eu sei que está difícil pra você, mas também está difícil pra mim. Eu só queria te fazer feliz e acabei falhando. O efeito foi o contrário. Eu te prometo que vou tentar te pagar por isso. Vamos ir para aonde você quiser. Você pode me pedir o que quiser. Eu compro agora mesmo.
Bruno conseguiu se libertar dos braços de Jonas.
_ Comprar!? Você acha que o meu sofrimento de saber que vocês vão ter uma lua de mel, que o Matheus vai está no meu lugar feliz pra caralho se compra?! Não precisa me dar nada.
'Só me deixa ir porque fiquei de lavar os banheiros. '
_ Eu tô me sentindo péssimo. Não gosto de te vê assim. Odeio magoar as pessoas que eu amo.
_ Tchau, Jonas! Boa viagem.
Bruno saiu do carro.
Jonas socou o volante com as duas mãos!
_ Puta que pariu!
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Borboletas sempre voltam
RomanceJonas é um adolescente que aos dezessete anos, que conhece o seu grande amor Bruno, um jovem jornalista cinco anos mais velho. Os dois se apaixonam e vivem um lindo romance, que encoraja Jonas a assumir a sua sexualidade para a família e decide s...