capítulo 29

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Capítulo 29

Bruno vagava pelas ruas sem rumo. Chorava muito devido a preocupação com a mãe. Decidiu não retornar para casa. Não queria que Jonas o visse naquele estado.
Ao amanhecer, foi direto para o trabalho.
Jonas estranhou não vê Bruno e ficou preocupado ao lê o bilhete. Ligou para o namorado para saber o que havia acontecido.
Bruno pensou em ignorar a ligação, mas se deu conta que Jonas insistiria até que ele atendesse.
_ O que aconteceu,  meu amor?
_ Tive um imprevisto aqui no trabalho. Nada demais.
_ Você me deixou preocupado. Vamos jantar hoje a noite? Eu venho pra cá depois da pizzaria.
_ Não. Eu vou lá na pizzaria e falo contigo.
_ Ok, então. Até mais tarde. Te amo.
_ Tchau.
Jonas estranhou a frieza de Bruno, mas imaginou que fosse por causa do trabalho.
Bruno passou o dia angustiado. Reunindo coragem para terminar com Jonas e encarar as suas indagações. Desta vez ele não poderia simplesmente fugir como fez antes. Ele não tinha dinheiro para ir embora, não tinha ninguém que o ajudasse e não poderia abandonar o emprego.
A noite, Bruno foi até a pizzaria. Ao vê-lo Jonas sorriu e o beijou.
_ E aí? Vamos de pizza? Vou aproveitar que o movimento está fraco e faço uma boquinha contigo.
_ Não. Eu estou sem fome. Vim mesmo conversar com você.
Betinho se aproximou fingindo está limpando a mesa com a intenção de ouvir a conversa.
_ Vamos para o seu escritório? A conversa é particular.
Jonas ficou muito preocupado.
Betinho foi atrás e ficou escondido atrás da porta.
Jonas abraçou Bruno. Sentia algo ruim no peito. Quase um presságio. Bruno se afastou.
_ Eu preciso falar com você. Andei refletindo e cheguei a conclusão que o que estamos fazendo não é certo. Eu não posso ficar com você depois de tudo que aconteceu.
_ Que porra é essa, Bruno?
_ O que fizemos foi errado. Não posso começar uma vida com erros. Eu vou te devolver o dinheiro que gastou no aluguel. Deposito todo mês na sua conta. É só você me dá o número.
_ Vai pro caralho o dinheiro do aluguel! Eu não acredito que você está terminando comigo. Isso é alguma brincadeira?
Bruno tentava conter o choro.
_ É melhor assim.
_ Melhor pra quem?
_ Pra todos nós. Eu não quero ficar mal com a minha tia e com o Matheus.
_ Pera aí,  Bruno. Eu não sou idiota. Ontem mesmo você disse que me amava, que íamos ficar juntos, até agora não se importou com o Matheus e do nada você mudou?
Bruno permaneceu em silêncio. Jonas se aproximou e tocou nos seus ombros.
_ Está acontecendo alguma coisa. Eu sei disso. Meu amor, você pode me contar. Quem sabe eu posso te ajudar?
Bruno pedia socorro com o olhar.
_ É melhor não prologarmos esse assunto. Aceite e pronto.
_ Você é meu. Você me ama. A minha mãe ou meu pai tem alguma coisa a ver com isso?
_ Claro que não!
_ A minha mãe estave  aqui no dia que Matheus nos flagrou. Com certeza, ela aprontou alguma coisa.
_ Já chega, Jonas. Não complique as coisas. Acabou. Você vai ter que aceitar isso.
_ Eu não vou aceitar nada!  Se você não me contar a verdade, eu vou investigar e vou descobrir. Eu te amo. Eu não vou te perder de novo.
Bruno tentou sair, mas o Jonas o segurou.
_ Por favor, não me abandone. Eu já perdi o Matheus,  eu não posso te perder.
_ Tchau.
Bruno o empurrou, queria fugir dali antes de começar a chorar. Abriu a porta e Betinho caiu no chão.
_ Eu estava limpando a porta e...
Bruno saiu correndo.
_ Bruno! Bruno, volte aqui!
Jonas saiu correndo atrás dele,  mas não o  alcançou, pois Bruno já havia pegando uma moto-taxi.
Entrou na pizzaria furioso atrás de Betinho e o encontrou no corredor.
_ Que porra é essa de você ficar escutando atrás da porta?
_ Eu..._ disse com a voz trêmula.
_ Eu não te pago para tomar conta da minha vida e sim para servir as mesas. Tá pensando o quê? Você não passa de um fofoqueiro. Daqui a pouco corre para contar pra todo mundo.
_ Eu não. Imagina...
_ Cala a boca! Você terá cinco dias de suspensão  para repensar as suas atitudes e entender onde é o seu lugar aqui.
_ Jonas, pelo amor de deus não faça isso comigo.
_ E dê graças a deus que sou bonzinho. Porque a próxima gracinha que você aprontar vai para o olho da rua!
Entrou no escritório furioso. Ele não estava disposto a aceitar o fim do relacionamento com Bruno.
_ Com certeza tem dedo da minha mãe nisso aí.
Jonas saiu da pizzaria furioso. Foi até o apartamento da mãe e chegou lá com a respiração ofegante,  invadindo a casa.
_ Jonas?! Aconteceu alguma coisa?
_ O que você fez para o Bruno? Não adianta mentir pra mim.
Lúcia sorriu, pois percebeu que finalmente estava livre de Bruno. O sorriso da mãe o deixou furioso.
_ Fala, porra!
_ Isso são modos de falar com a sua mãe?
_ Deixa de ser cínica! Eu não estou com paciência.
_ Eu não sei de nada, mas fico feliz desse  tal de Bruno terminar com você. Onde se viu um homem dormindo com o outro? Isso é pecado!
_ Vai à merda com esse papo de pecado! Você traía  o meu pai,  roubava dinheiro da empregada, vive humilhando a Olívia porque ela é gorda,  não ajuda ninguém e quer falar em pecado? Você é hipócrita! É safada!
Lúcia ergueu a mão para batê-lo, mas ele a segurou com força. Contudo, Lúcia puxou o braço,  o libertando da mão de Jonas.
_ Não se atreve a tocar em mim. Você estragou a minha vida. Aprontou com o Bruno há oito anos atrás e agora novamente. Eu sei muito bem que foi você que disse para o Matheus que eu e o Bruno estávamos no escritório.
Acabou o Jonas otário. De mim você não vai ver um centavo.
Ela arregalou os olhos surpreendida.
_O meu pai tinha razão quando disse que eu não deveria te dar nada. Que você é uma desocupada. Eu só vou continuar pagando o aluguel deste apartamento porque a Olívia ainda mora aqui, mas o resto acabou. Se quiser empregada, cabeleireiro,  roupas ou qualquer coisa vai ter que trabalhar pra isso.
_ Mas isso é um absurdo! Eu sou a sua mãe! Dediquei a minha vida a você e...
_ Foda-se! Eu não pedi pra nascer. Se você fez filho é obrigação sua cuidar. Eu não te devo nada. Eu amo o Bruno. Sim. Eu sou um homem e amo outro homem. Eu sou viado! Você aceitando ou não. E seja lá o que você fez, eu vou descobrir e vou ter o Bruno de volta. Você não vai vencer desta vez.
Jonas saiu a deixando furiosa.
Lúcia gritou arremessando um vaso na parede.

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