Doces para Yoongi

Sacarose - Prólogo

Diria que mais cinco minutos (ou meia hora, vamos ser sinceros) teriam sido o necessário para uma manhã com o humor lá em cima.

Olha, podemos dizer que eu não era uma pessoa matinal, desde minha infância em que minha mãe chegava no meu quarto me chacoalhando e falando com a voz sem paciência dela "vamos, Yoongi, a creche é daqui a uma hora e as professoras já acham que eu te deixo ajoelhado no milho a noite toda pra você ter tanto sono", eu sabia que manhãs não eram para mim.

Com a faculdade de cinema, meu sonho materializado, minha vida ficou muito mais fácil de aceitar sua rotina e eu havia me acostumado! Acordava perfeitamente às 7:20 em ponto, tomava banho, café, me arrumava e as 8:10, exatamente 20 minutos antes das aulas começarem, eu já estava no campus.

Não era da minha rotina muito bem estabelecida várias batidas na porta. Ignorei, pensando que quem quer que fosse desistiria logo logo da inconveniência, eram 6:30 da manhã e não era POSSÍVEL que fossem me incomodar assim. Com cinco minutos escutando um UFC contra a minha porta, levantei grogue e irritado, atravessando a kitnet humilde de um universitário comum e abrindo a porta lentamente após deschaveá-la.

- Bom dia, sr. Min Yoongi? - Um homem de terno segurando uma caixa de papelão que cabia entre suas mãos. Estranho, não era vizinho, não era carteiro, não era amigo... aquilo só podia ser uma coisa, golpe.

- Não tenho dinheiro, senhor. Tá pedindo pro universitário errado - por mérito de curiosidade, não fechei a porta na cara dele, investido no novo golpe que o homem teria para me dar. Achei a tática dele muito pouco inteligente, afinal, não sei se a clientela de pessoas burras está acordada essa hora da manhã. Puxa, o malandro nem esperou o otário sair de casa! Parece que, dessa vez, o ditado errou.

- Receio que não vim atrás do seu dinheiro. Sou de uma agência privada de entregas e fui instruído para entregar este pacote - ele estendeu a caixa que estava em sua mão - em mãos para o Sr. Min Yoongi. O remetente foi firme ao falar que a caixa não poderia virar nem chacoalhar, muito menos ser posta no chão, então peço desculpas pelo incomodo. Bom dia, senhor Min.

Lembra quando eu disse que eu não era uma pessoa matinal? Isso também conta que eu fico extremamente lento nos dias de manhã, funciono muito pouco. Ou talvez isso seja uma desculpa para o pacote ser empurrado para as minhas mãos e o homem sumido da minha frente.

Ótimo! Era tudo que eu queria! Um pacote estranho que não pode virar, nem ficar no chão e nem tremer. Suspirei, pensando o que eu faria com a provável bomba que agora estava repousada em minhas mãos sem chances de devolução. Eu não correria atrás de alguém com um explosivo em mim, era suicídio!

Suspirei fundo, resmungando alguns palavrões enquanto fechava a porta com meu pé e segurava a caixa com toda a delicadeza que eu nunca tive. Coloquei-a em cima da mesa, pensando no que faria. O mais prudente era chamar a polícia, mas como eu explicaria aquela situação? Eu tinha muita maconha nas minhas mãos para ser investigado, então eu resolvi que talvez eu devesse seguir os caminhos dos meus ídolos, super heróis da Marvel, e ser um pouco corajoso.

Peguei um estilete e um pegador de macarrão, que seriam minhas armas mortíferas para aquela situação tão complexa. Eu poderia ter sido mais inteligente, talvez chamado um vizinho ou ligado para algum amigo para ser testemunha do que aconteceria, mas minhas decisões ainda estavam nubladas pela burrice natural.

Segurando a caixa com o pegador, abri toda a lâmina do estilete e tentei manter meu corpo longe enquanto cortava a fita, quando finalmente consegui cortar de todos os lados, que eu admito que precisou de muita da minha coordenação motora, que já é bem confusa, respirei fundo. Pensei no que meu namorado, Peter Parker, havia falado em seus filmes. Com grandes poderes, vinham grandes responsabilidades, se comigo realmente tivesse uma bomba, eu teria que ser responsável por ela e cuidá-la como se fosse meu próprio plano de terrorismo.