Crepúsculo

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Sabe aqueles dias em que nenhum abraço parece o suficiente, você deseja algo em específico, mas mal sabe o que esse algo seria?

Eu sempre senti uma espécie de vazio, como se minha alma desesperadamente precisasse de algo para se apoiar e conseguir tirar um descanso de sua intensa curiosidade sobre a vida e seus fenômenos.

Por muito tempo, eu tentei suprir esse vazio de várias formas. Fumando, bebendo, transando, indo de ficada para ficada como quem troca de roupa, e por um miserável momento, a sensação costumava a ir embora, entretanto quando ela voltava, eu me sentia mais sozinho do que antes. Era como se eu estivesse constantemente perdendo tempo, como se todo o potencial que eu tinha de ser interessante estivesse periodicamente desaparecendo enquanto eu me via preso no ciclo bobo de ridículos, burros, altos e baixos sentimentais que eu nem ao menos conseguia evitar ter.

Foi quando eu pensei que eu deveria tentar ser meu próprio suporte, tentar encher meu vazio sozinho e sem achar que ele só sumiria com a ajuda de algo externo. Não demorou muito para eu entender que aquele sentimento não iria embora, então fiz um esforço, que eu admito que demorou um pouco, para me sentir confortável daquela forma, me aceitando do jeito que eu era.

O bom de ser adulto é que, apesar de ser na marra, você aprende a lidar consigo mesmo.

Eu sempre idealizei muitas coisas, idealizei romances, carreiras, pessoas, toques e momentos. Mas nunca havia sentido na pele o conforto de um futuro confortável, o carinho de um abraço que tinha mais significado que todas as palavras do dicionário.

Tentei me colocar no lugar de Jimin. Pensei o que eu gostaria de sentir quando admitisse algo que significava muito para mim, então agi da forma que achei que faria sentido, apesar de achar que eu nunca iria completamente entender o que minhas ações significavam para os outros.

Devagar, sai do abraço quentinho, de forma desajeitada, pois seu constrangimento era adorável ao mesmo tempo que ele tentava esconder seu rosto no meu peito. Levei meus dedos para sua bochecha, dedilhei-a com carinho e me deixei olhar mais afundo para ele.

Suas bochechas eram tão fofinhas, macias, eu sentia vontade de mordê-las, principalmente quando ficavam rosinhas e faziam uma composição maravilhosa com as sardinhas tão sutis que eu mal havia notado quando o vi pela primeira vez. Mas agora conseguia perceber, e algo em mim parecia transbordar quando notei que seu rosto inteiro parecia fazer uma constelação entre as sardas, pintinhas e manchinhas. Os olhos dele pareciam de boneca, tão vividos e cheios de um sentimento místico e tão complexo que minha descrição chula iria parecer uma piada.

Passei a ponta de meu dedo por suas sobrancelhas, cheinhas e bem desenhadas, que lhe davam um olhar sério se você visse rápido, mas que com um pouco mais de atenção, era facilmente notável uma expressão gentil e inocente. Agora, era impossível falar da aparência de Park Jimin sem falar de seus perfeitos e entorpecentes lábios. Eles eram cheinhos, encorpados. Ele parecia sempre estar com eles cobertos por uma camadinha de hidratante, pois eram brilhantes e rosados, charmosos o suficiente para parecerem delicados e frágeis demais para encostar, como se o mísero toque fosse ser o suficiente para rompê-los.

- Hyung...

Ah, é. Ele havia feito uma pergunta.

- Acho que ninguém no mundo inteiro teria tanta coragem e delicadeza de escrever cartinhas como você. Admito, foi meio complicado descobrir, mas quando fiquei entre Jungkook e você, notei que ninguém teria o cuidado que você tem. Acho que é alguma coisa na sua risada, no seu jeito de falar, que parece um feitiço.

- Você tá me deixando sem jeito falando dessa forma - ele encostou mais o rosto onde minha palma estava, como se quisesse se esconder em minha mão. Acariciei-o, vendo sua franja cobrir os olhos fechados apreciando o toque. Usei minha outra mão para tirar o cabelo de sua testa, colocando para o lado.

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⏰ Última atualização: Jul 06 ⏰

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