Kate parou de andar e sentou-se numa raiz de uma árvore.
- O que estás a fazer? - perguntou Tommy.
- O que te parece? A descansar. - respondeu Kate.
- Sim, realmente parece uma boa ideia... Sentar-me no meio de uma floresta, no escuro, onde mãos saiem do chão. Parece-me mesmo um plano inteligente - disse ele ironicamente.
- A não ser que me queiras levar às cavalitas, podes ficar calado - respondeu Kate.
- Não queres mais nada? Um café? - sorriu Tommy.
- Agradecia - riu-se Kate.
- Deixa-te lá disso e levanta-te - disse Tommy.
- Deixa-me descansar... - ela disse - A não ser que claro, me queiras levar às cavalitas.
Tommy riu-se.
— É mesmo a única maneira para não te deixar aqui e morreres? - perguntou ele.
— Parece que sim - ela respondeu.
Então, Tommy colocou-se na posição para ela se colocar.
— Não acredito... - ela disse saltando-lhe para as costas - Parece que não vou ter que andar durante um bom tempo.
— Durante um bom tempo? - perguntou Tommy começando a andar.
— Sim, porque vou fazer isto sempre que me disseres para andar - ela disse.
— Talvez para a próxima não te leve - respondeu ele.
— Por alguma razão, eu acho que não serias capaz de fazer isso... Tu não me deixarias para trás. - disse Kate.
— Talvez não te deixe para trás, mas não te levo às cavalitas - respondeu Tommy.
— A sério? - ela disse curiosa - E como farias isso?
— Agarrava-te por uma perna e arrastava-te até parar de novo - respondeu ele rindo.
Kate riu e deu uma pequena chapada na nuca de Tommy, como vingança.
— Fazes isso de novo, começo a arrastar-te agora - disse Tommy.
— Pronto, como queiras - respondeu Kate - Tu é que começaste.
Tommy olhou em volta.
— Normalmente é nesta altura que algo desconhecido nos ataca e nos tenta comer vivos. - disse ele.
— Nem digas isso, acabámos de sair de uma situação dessas - disse Kate - Estou desejosa por encontrar um portal qualquer e sair deste sítio.
— Não me parece que vá ser assim tão simples - respondeu Tommy.
Kate ajeitou-se nas costas de Tommy e olhou para o relógio.
— Sabias que... Hoje eu faço anos? - perguntou Kate.
— Tu fazes anos? - perguntou Tommy parando de andar - Fazes quantos?
— Faço dezoito - disse ela - E ao que parece a minha prenda foi perder uma amiga.
Depois ficou com uma cara triste.
— Tu não sabes isso. Se calhar quando voltarmos para o mundo real ela lá esteja - disse Tommy retornando a andar.
— Como podes ter a certeza que isto não é o mundo real? Se calhar o Sol desapareceu mesmo. - respondeu Kate negativamente.
— Se fosse o mundo real já estaríamos congelados. Pode estar frio, mas não tanto como se o Sol tivesse desaparecido. - ele disse seguramente.
— Espero que tenhas razão - disse Kate - Ela era a minha melhor amiga.
— Não penses muito nisso - disse Tommy - De certeza que vai encontrá-la quando voltares ao mundo real.
— Se voltarmos para lá... - respondeu Kate.
— Podes, por favor, parar de ser tão pessimista? - perguntou Tommy.
Kate não respondeu.
— Esquecendo esse assunto. Parabéns. - ele disse - Bem-vinda à maioridade.
Kate riu-se quando ouviu aquilo.
— Obrigada - respondeu.
— Talvez quando encontrares emprego e começares a trabalhar tenhas saudades deste sítio. - ele disse rindo.
Kate voltou a rir.
— Espero que não seja assim tão mau. - ela respondeu.
— Não é. Quer dizer, depende. Se encontrares algo de que gostas realmente de fazer, não é assim tão mau. Mas vais continuar a ter que aturar chefes mal-humorados, colegas de trabalho sempre a querer colocar-te para baixo e se calhar não terás o melhor salário de sempre - disse ele.
— Existem trabalhos que não têm essas coisas - disse Kate.
— Sim, mas precisas de ser mesmo bom no que fazes - respondeu ele.
— Pois, mas acredita que prefiro sobreviver a isso, do que sobreviver a isto - disse Kate.
— Nisso não tenho dúvida - disse Tommy - Num trabalho de escritório não tens muita probabilidade de morreres. No máximo ficas com uma aparência de idoso aos quarenta anos.
Kate sorriu.
— Pode ser que não - ela disse - Tu trabalhas no quê? Pareces saber muito desse mundo.
Tommy congelou um pouco nesse momento.
— Bem... Eu passei por muitos empregos de escritório - ele disse.
— Sim, mas no momento em que vieste para aqui, trabalhava em quê? - ela perguntou interessada.
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O Dia em que o Sol não voltou [CONCLUÍDO]
Ciencia Ficción(Livro de Ficção Científica e Paranormal) LIVRO ANTIGO! A ESCRITA PODE NÃO ESTAR TÃO BOA! "O Dia em que o Sol não voltou" conta a história de várias personagens que testemunharam o dia em que o Sol não se levantou de manhã. Com medo, tentam encont...