Capítulo 13 - Os Humanos do Escuro

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Após ouvirem os sussurros à sua volta, Peter e John correram para a floresta.

À medida que entravam mais na floresta, os sussurros iam ficando mais baixos, até se tornarem inexistentes.

Ambos pararam para recuperar o fôlego. Olharam um para o outro e ambos tiveram a mesma questão:

- O que se passou ali atrás? - falaram os dois ao mesmo tempo.

Ambos se entreolharam sem resposta.

- BETHANY! - John voltou a gritar.

Peter deu-lhe um pequeno empurrão.

- Mas tu não aprendes nada? - perguntou ele indignado - Acabamos de sair a correr dali para uma floresta que nem devia estar aqui, porque tu começaste com isso. Por isso faz pouco barulho desta vez.

- A minha filha anda por aí sozinha! - respondeu John.

- OK! Vamos encontrá-la à mesma. Não se preocupe. - respondeu Peter.

- Espero que tenhas razão. - respondeu John mais calmo.

Continuaram a andar aleatoriamente pela floresta até se depararem com uma parede branca, ligeiramente suja.

Olharam para um placa que estava ao lado e viram que estava escrito: " Escola Primária..." e algo ilegível devido à sujidade à frente.

John olhou mais atento para a escola.

- É a escola da Bethany. Está no meio da floresta. - ele disse.

- Descobrimos a escola... Só falta saber como cresceu uma floresta aqui - respondeu Peter.

*

Após correr de Peter e de seu próprio pai para descobrir onde tinha ido o que havia visto, Bethany acabou por se meter na floresta sozinha, correndo até chegar ao ponto que tudo o que ela via lhe parecia igual.

As árvores e até mesmo o espaço entre elas parecia repetir-se à medida que ela ia avançando.

De um momento para o outro, saiu um homem de cabelos brancos e vestido à explorador de trás da árvore.

- Um humano... - ele disse - Um pequeno humano.

Bethany olhou para ele assustada.

- Quem és tu? - ela perguntou.

- Eu... Eu... Também sou um humano. - ele disse com uma voz não muito convincente - Prazer em te conhecer criança.

Ele estendeu a mão para dar um aperto de mão à menina.

A menina, porém, estava demasiado assustada para confiar imediatamente no homem.

- Sabes, eu estou com fome... Também tens fome? - perguntou o velho.

A menina queria responder que não, mas a verdade é que estava faminta.

Acabou por responder que sim com a cabeça.

O homem estendeu a mão de novo.

— Então, vem comigo e vamos ter a certeza que matamos essa fome. - ele disse.

A menina deu a mão ao homem que lentamente a levava para algum sítio misterioso.

                                   *

Peter e John dirigiram-se ao portão da escola.

O portão estava ferrugento e apenas após de um grande esforço de ambos, o conseguiram abrir.

A escola parecia que estava há mais de, no mínimo, cinquenta anos sem ninguém ir para lá.

Estava completamente degradada e com trepadeiras nas paredes, sem contar nas inúmeras árvores que iam nascendo lá dentro.

Foram andando pelo pátio da escola até chegarem ao edifício onde estavam as salas de aula.

Lá dentro foram andando pelos corredores vazios até chegarem a uma zona onde começaram a ouvir umas vozes baixinhas.

John e Peter pararam. As vozes vinham de uma sala no fundo do corredor.

Ambos olharam um para o outro com medo que fossem as criaturas, que lhes tinham sussurado antes de entrarem na floresta.

— Por mim íamos embora daqui - disse John.

— E se aquelas criaturas não forem perigosas? E se forem inofensivas? Se calhar nem são criaturas... Se calhar são pessoas. - respondeu Peter.

— Se são pessoas, por que raio não falaram como pessoas normais? Vieram sussurrar aos montes à nossa volta. Não sabemos o que nos podia ter acontecido se tivéssemos lá ficado. - disse John.

— Tens razão nalguns aspetos, mas tal como tu disseste, não sabemos o que teria acontecido se lá tivéssemos ficado. - disse Peter - Eles podiam ter vindo falar connosco ou até ajudar-nos e dar-nos respostas do que aconteceu.

— Peter, tu por acaso estás a ouvir-te dizer isso? Não faz qualquer sentido aquelas criaturas quererem falar connosco e muito menos ajudar-nos. - respondeu John impressionado pelo que Peter lhe havia dito.

— Não perdemos nada em ir espreitar. - disse Peter num encolher de ombros.

— Estás louco? - perguntou John - Não perdemos nada? Se calhar ainda perdemos a vida!

Mas Peter ignorou-o e andou. John sem palavras acabou por o seguir também.

Não poderam acreditar no que viam. Eram humanos, mas com uma particularidade bastante diferente. A parte do rosto onde costumavam ser os olhos, estavam agora tapados por uma camada de pele...

O Dia em que o Sol não voltou [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora