Capítulo 15 - A Mão Preta

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Kate olhou para o fumo que saía de onde a Jessie estava ainda há segundos.

- Je... Jessie? - gaguejou Kate.

Tommy olhou para Kate que agora se desfazia em lágrimas.

- Não, isto não pode estar a acontecer... - disse Kate enquanto chorava.

Tommy não sabia o que dizer.

- Acho que já não é muito seguro ficar aqui... Aquelas coisas já sabem onde estamos e... - Tommy acabou por ser interrompido.

- E VAMOS PARA ONDE? - gritou Kate enquanto chorava - Eles vão sempre encontrar-nos e vamos acabar todos por morrer.

- Teremos mais hipóteses se não ficarmos aqui. - disse Tommy.

- É assim que vai ser a minha vida? Andar a fugir com uma pessoa que eu nem conheço? - perguntou Kate.

- Não tem que ser assim. Podemos falar um com o outro sobre nós. Mas para isso é preciso ficarmos vivos. - respondeu Tommy.

- A JESSIE MORREU! Eu não sei o que fazer sem ela. Já perdi duas amigas... - disse Kate.

- Ouve... Lamento pelas tuas amigas, mas a não ser que queiras acabar como elas, sugeria-te a vir comigo. - respondeu Tommy.

- Porque é que tens de ser assim? - perguntou Kate.

Tommy não percebeu o que ela quis dizer.

- Assim como? - perguntou ele.

- Direto e agressivo - ela respondeu.

- Olha, pensa o que quiseres, mas eu não fico aqui nem mais um minuto. - respondeu ele - Vens comigo ou não?

- Óbvio que vou. - respondeu Kate - O que iria ficar aqui a fazer sozinha?

- Não sei bem, às vezes as pessoas são meio teimosas. - disse Tommy pegando numa lanterna e abrindo a porta de casa - Senhoras primeiro.

Kate saiu pela porta, seguida de Tommy.

- Não te afastes muito de mim - disse Tommy.

- Desde quando és tão protetor? - perguntou Kate.

- Desde o momento em que disse para entrarem em casa. - respondeu ele.

Continuaram a andar até chegarem perto de uma floresta.

- A floresta mais próxima da cidade não ficava a cerca de cento e oitenta quilómetros? - perguntou Tommy.

- Não sei... Só sei que não era suposto haver uma floresta aqui. - respondeu Kate.

- Achas boa ideia entrar? - perguntou Tommy.

- Não sei... Achas boa ideia voltar para trás? - perguntou Kate.

- Não. - respondeu Tommy - Parece que não temos escolha.

Tommy deu o primeiro passo na terra da floresta. Foi seguido de Kate, que mal deu o primeiro passo na terra húmida, sentiu algo estranho no pé.

Olhou para baixo e algo por debaixo das folhas a puxava para baixo.

Kate fez força para cima, mostrando o que a puxava. Era uma mão totalmente preta, que mal se distinguia por causa do escuro.

Mas a mão fez força de volta e a perna de Kate enterrou-se na terra.

Tommy interviu e segurou na mão de Kate, ajudando-a a ir para cima.

Porém aquela criatura que a puxava tinha força e Kate ia descendo lentamente, apesar da ajuda de Tommy.

Tommy usou todas as suas forças e ao ouvirem algo a partir-se, Tommy conseguiu puxar Kate para fora da terra.

Ao a tirar completamente, a mão ainda a segurava, porém sem nenhum corpo a puxar.

- Tira isso, por favor! Que nojo! - suplicou Kate.

Tommy retirou a mão e lançou para o alcatrão que estava perto deles.

- Levanta-te. Vamos sair daqui! O mais rápido possível. - disse ele.

Kate levantou-se e foi com Tommy para o meio da floresta.

— Começo a achar que devíamos ter ficado na casa - disse Kate ofegante.

— Mas lá, aquelas luzes iriam nos encontrar. - respondeu Tommy.

— Mas, ao menos, saberíamos o que esperar, aqui estamos literalmente no escuro, onde qualquer coisa que não conhecemos nos pode apanhar. - ripostou Kate.

— O quê, queres voltar para lá? - perguntou Tommy - Passar por aquele sítio cheio de mãos a sair da terra?

— Não, só estou a dizer que teríamos mais hipóteses de tivéssemos ficado na casa. - respondeu Kate.

— Nunca estás satisfeita. - respondeu Tommy.

— Quem és tu para dizer isso? Conheces-me de algum lado? - perguntou Kate - E como queres que eu esteja satisfeita no meio de uma floresta, com frio e toda suja de terra?

— Só disse o que tu deste a entender. E parece que acertei. Não estás satisfeita. - respondeu Tommy.

— E tu... Nunca consegues admitir que estás errado. - disse Kate.

— Nisso tu tens razão. - respondeu Tommy - Parece que já nos estamos a conhecer melhor.

Kate estava chateada, mas não pôde deixar de se rir.

— Parece que sim.

O Dia em que o Sol não voltou [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora