Capítulo 6 - Peter!

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Peter a narrar...

Fiquei em choque com o que aconteceu. Acabei por ir para uma casa que não era a minha, sem querer.

Também não havia ninguém cá dentro. Isto leva-me a querer que fiquei mesmo sozinho no meio da cidade.

Estarei mesmo sozinho? Isso poderia ser bom por um lado, já que podia ir pilhando as casas e nunca me faltaria água nem comida.

Mas, por outro lado, eu poderei ficar louco aqui. Sem falar daquelas luzes, que se poderem, fritam-me os olhos.

Estava assim, perdido nos meus pensamentos, quando ouvi um monte de barulho. Era loiça e madeira? Talvez mobília...

O barulho vinha de umas casas ao meu lado.

Por uns momentos, não senti medo. Não sei se era a adrenalina causada pelo que aconteceu com aquela luz, mas eu não senti medo.

Pelo contrário, eu até senti vontade de ir ver o que era.

Peguei na mochila, abri a porta e comecei a correr em direção do barulho.

Fui saltando as cercas que rodeavam cada casa. A certa altura, ouvi um barulho de vidro a partir.

Já estava perto.

Quando fiquei de frente à casa, peguei no meu telemóvel e liguei a lanterna.

Eu reconheci a casa. Era a casa do John, da Alice e da sua filha Bethany.

Eu lembro que em criança, eu brincava com a Bethany num parque a uns quarteirões daqui.

A janela da frente estava partida. Foi por lá que entrei, pois a porta estava trancada.

Apontei a lanterna para todos os lados, com medo, até ouvir um estrondo no andar de cima e um grito feminino de seguida.

Subi as escadas a correr e havia pedaços da porta por todo o lado.

Apontei a lanterna para dentro do quarto e havia uma criatura negra, mesmo em frente do John e da Bethany.

Ela pareceu queimar ao lhe apontar a luz.

Quase que imediatamente, aquilo saltou para fora do alcance da minha luz, partiu a janela e saiu, soltando um grito ensurdecedor que eu apenas imaginaria ouvir num filme de terror.

O grito fez eco por todo aquele mundo escuro lá fora.

O senhor John olhou para mim e pareceu surpreendido.

- Peter? - ele perguntou.

- Está bem, senhor John? - perguntei.

- Estou ótimo. Obrigado por apareceres... - ele disse.

A Bethany correu para mim e abraçou-me.

- PETER! - ela gritou enquanto me abraçava.

Eu abracei-a de volta.

- Peter. Tu por acaso não viste a minha mulher? - perguntou o John preocupado.

- Não. Eu também não sei dos meus pais. Também fui a casa dos Gibson, mas não havia lá ninguém. - respondi.

John colocou-se de pé.

- Ao que parece andam pessoas a desaparecer. - ele disse - Sem falar do Sol.

Depois ele olhou-me nos olhos.

- Peter? Estás bem? - ele perguntou.

Eu não tinha percebido a pergunta.

- Sim, porquê? - perguntei.

- Os teus olhos... Estão muito vermelhos.

Já me tinha esquecido da luz vermelha por causa daquela criatura.

Eu expliquei-lhe detalhadamente o que me aconteceu e ele pareceu assustado.

Ele encostou-se à parede e passou as mãos pela cara.

- O que se está a passar? - perguntou ele.


O Dia em que o Sol não voltou [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora