Peter a narrar...
Não vou mentir... Depois de saber que os meus pais não estavam aqui, eu acabei por chorar.
Eles faziam tudo para mim. Era totalmente dependente deles.
Tenho apenas catorze anos e estou sozinho. Quanto tempo vou durar aqui? Provavelmente vou morrer depois da comida e água acabar.
Tenho pouca água engarrafada e a água canalizada está a sair com uma cor estranha.
Ainda bem que tive a ideia de apontar a lanterna do meu telemóvel para ali antes de beber.
A água está a sair meio negra... Nem quero saber o que a torna negra.
Ok, chega de choradeira. Eu tenho pouca água engarrafada, mas eu sempre me dei bem com os meus vizinhos. De certeza que eles me vão dar, nem que seja uma garrafa pequena.
Esvaziei a minha mochila da escola e coloquei-a às costas. Seria ali que iria meter as garrafas que os meus vizinhos iam dar. Pelo menos eu espero...
Fui até à porta, rodei a maçaneta e quando abri a porta, veio um ar gelado que me surpreendeu.
Estava mesmo frio. Eu lembro-me de ver ontem, nas notícias, que hoje iriam estar trinta graus. E agora estava mesmo frio, como se fosse inverno.
Entrei em casa novamente e vesti o meu casaco de inverno, que estava no fundo do meu armário.
Não esperava que o fosse usar tão cedo.
Voltei para a porta principal e saí para a rua, fechando a porta atrás de mim. Não queria que aquele frio entrasse para dentro de casa.
Liguei a lanterna do meu telemóvel e comecei a andar pela rua escura até à casa do meu vizinho da frente.
Cheguei lá e bati à porta.
— Olá? Senhor e Senhora Gibson? - perguntei.
Voltei a bater à porta e não aconteceu nada.
Tentei abrir a porta, mas estava trancada. Olhei para o chão e peguei numa pedra.
Atirei-a à janela, que se partiu sem dificuldade. Com aquele silêncio todo, qualquer mínimo barulho já parecia alto, então imaginem um vidro a partir.
De qualquer maneira, entrei dentro da casa, tentando não me cortar nos cacos de vidro.
Ao entrar, a casa parecia usada, como se estivesse alguém lá a viver. Porém, não vi, nem o Senhor Gibson, nem a mulher dele.
Estaria todas as casas da vizinhança vazias? Isso explicaria todo aquele silêncio nesta situação.
Peguei na água e enlatados deles e saí da casa.
Ia agora à casa do lado, quando aconteceu algo estranho.
Olhei para o fundo da rua e estava uma luz vermelha a piscar. A minha casa fica quase ao fundo de um dos lados da rua, então aquela luz ainda estava a uma boa distância de mim.
Ficou a piscar por uns segundos e acabou por se apagar.
Mal se apagou, os meus olhos começaram a arder se uma maneira horrível. Corri para casa, com a vista desfocada, apenas com a luz da lanterna do meu telemóvel acesa.
Liguei a torneira, mas lembrei-me a tempo que a água que lá saía era meio negra.
Nesta altura os olhos começaram a arder ainda mais. Parecia que tinha metido picante neles.
Procurei desesperadamente uma garrafa de água e encontrei na mochila.
Tirei a tampa e coloquei a água na minha mão. Esfreguei a mão molhada nos olhos, colocando água diretamente nos olhos de seguida.
Pareceu melhorar ao fim de uns segundos. Abri os olhos e ainda via as coisas ligeiramente desfocadas.
Apontei a lanterna do telemóvel para a quantidade de água espalhada no chão... Mas... A água estava meio avermelhada. Era como se eu tivesse sangrado dos olhos.
Afastei-me da água assustado e corri para a casa de banho.
Ao chegar lá, apontei a lanterna para o espelho para poder ver o meu reflexo.
Os meus olhos... A parte branca do meu olho estava totalmente vermelha.
Ainda escorriam pela minha cara umas pingas de sangue.
A minha aparência assustava. O que aquela luz me fez? Ela conseguiu me atingir desta maneira a uma rua de distância. Era assustador pensar nisso. Peguei em papel higiénico e limpei o resto de pingas que me caiam pelo rosto.
Imaginem só... Aquela coisa atingiu-me a uma rua de distância... O que me teria acontecido se ela estivesse mais perto?
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O Dia em que o Sol não voltou [CONCLUÍDO]
Science Fiction(Livro de Ficção Científica e Paranormal) LIVRO ANTIGO! A ESCRITA PODE NÃO ESTAR TÃO BOA! "O Dia em que o Sol não voltou" conta a história de várias personagens que testemunharam o dia em que o Sol não se levantou de manhã. Com medo, tentam encont...