Capítulo 24

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Domingo - no Brasil

- Filha! - avisto a minha mãe correndo e saltitando em minha direção.

- Mãe! - falo já em meio aos seus cabelos, que agora estava sem corte e batendo nos ombros - estava morrendo de saudade! Como estão as coisas por aqui? Papai...?

- Aqui está tudo na mesma. E seu pai... Bem... Ele quer te ver - não gostei do seu tom, senti que ela escondia algo.

- Quero vê-lo - mas resolvi me fingir de boba. Por enquanto.

- Claro! Vamos - ela roda seu braço em meus ombros em um gesto carinhoso - e essa sua transformação? Você está... Diferente. Super diferente - ela repara na tatuagem do braço.

- Resolvi mudar - olho para a minha Calavera Catrina.

- Bem... Uma mudança BEM radical. E seu cabelo...

- Por favor. Não dá uma de... - tiro seu braço de mim.

- Não, não! Você está entendendo errado. Eu gostei. É só... Estranho ver você assim. Aquela menininha de vestido rosa, pele e cabelo como uma princesa, de preto, cabelo raspado e tatuagem. Entenda o meu lado..., mas você é linda de qualquer jeito – ela beija o topo de minha cabeça.

- Aí que tá. Não era eu.

- Se você está feliz assim. Também fico feliz - ela sorri amigavelmente.

- Valeu mãe - ela me abraça mais uma vez apertado.

No hospital

Viemos com o motorista de meu pai, já que, Cameron está de... digamos... "férias". Por causa da minha ida ao Canadá.

- Preciso te falar uma coisa antes... - minha mãe diz segundos antes d'eu entrar no quarto onde se encontrava meu pai. Porém, acabei a ignorando.

- Pai! - vejo ele sentado. Corro, imediatamente, para o abraço que eu deveria ter dado muitas outras vezes. E ele, assim que me vê, abre os braços em um gesto que eu pensei que ele era incapaz de fazer comigo.

- Fi...lha... - ele diz com dificuldade.

- Senti muita falta do senhor - uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto. Eu o amo, sem dúvidas, mas eu acabei esquecendo muitas vezes. E mesmo com um sentimento de preocupação, e até um pouco de medo, por causa da minha aparência, nesse momento, eu esqueci todos os momentos ruins que tivemos. E por um estante, queria que a Terra parasse de girar - me desculpe por tudo.

- A...mo... - ele novamente diz com dificuldade.

- Por que o senhor está dizendo assim? - avisto seu olhar deprimente - Mãe? - procuro o olhar dela.

- Era isso que eu queria te contar. Ele teve uma pequena lesão no lado esquerdo do cérebro, o que afetou a fala – ela diz cabisbaixa.

- M-mas... - O abraço novamente - vamos passar por isso juntos - não consegui pensar em mais nada. Fiquei sem reação, meu coração teve um batimento errado e minhas pernas vacilaram, se não fosse os braços de meu pai, eu teria caído nesse chão frio de hospital. Ficamos um bom tempo no silêncio, até minha mãe quebrá-lo.

- Ele terá alta amanhã cedo. E queria saber quando vai voltar para as aulas - eu tinha esquecido completamente da Marlene e Guilherme. Não avisei eles sobre a minha volta antecipada.

- Ahn... - eu queria ir e fazer uma surpresa. Mas também queria ficar com o meu pai.

- A...mi...gos... - meu pai faz que sim com a cabeça.

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