Capítulo 20

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- M-mas... O que? Como? - Uma lágrima teimosa escorreu pela minha bochecha.

- Ele está em coma no hospital Boa Vida...

- Em coma!? - começo a me arrepender das palavras que eu havia dito a ele.

Não podia acreditar que as minhas últimas palavras a ele fossem "eu te odeio".

- Pode vim aqui?

- Já estou a caminho - encerro a chamada antes mesmo de receber uma resposta.

- O que aconteceu? - Cristal me lança um olhar de preocupação.

- Tenho que ir agora...

- Mas já? - ela joga os bracinhos pro alto.

- Infelizmente. Mas a gente se fala depois - sorrio.

- Promete?

- Prometo - eu tentava ao máximo segurar meu choro. Tentei impedir que mais lágrimas caíssem. Porém, ficou impossível com o olhar que ela me jogava.

- Não fica assim - ela sorri e passa seu polegar direito na minha bochecha, na tentativa de secar minha lágrima. Me fazendo rir de seu ato.

- Vou te deixar com sua mãe - apago meu registro de pesquisa, guardo as imagens em minha mochila e me levanto. Cristal me dá a mão e me guia até sua mãe.

- Já vai? - Sofia diz ao me ver na porta.

- T-tenho que ir - minha garganta dói com o meu esforço em falar.

- Então, tchau querida. Depois nos falamos - ela sorri. Eu me agacho para ficar na altura de Cristal e poder abraçá-la.

- Tchau princesa – digo.

- Tchau Vi - ela diz e depois corre para os braços da mãe.

Saio rapidamente do estabelecimento, antes que meu rosto se afundasse aos prantos. Tentei pedir o Uber pelo meu celular, para poder chegar mais rápido, no entanto, meu pai bloqueou tudo que seria útil agora. Então, vou a pé mesmo. Não é TÃO perto, mas consigo ir sem precisar de 4 rodas ao meu favor. Pois, não consigo nem me equilibrar no skate.

No hospital

- Que bom que chegou! - minha mãe corre ao me ver na porta da recepção.

- Desculpa a demora - a abracei forte - e então? - interrompo o abraço e a olho nos olhos.

- Ele lesionou apenas a área de ativação cerebral, localizada no tronco. E foi causada por causa da hemorragia - minha mãe se interessa por esses termos científicos. Ficando assim, mais fácil para ela compreender o que está acontecendo com o meu pai.

- Ele vai ficar bem? - a única coisa que eu pensava. Eu precisava falar com ele, pedir desculpas pela minha atitude. Que não soube me portar diante de um "não" como resposta.

- Ele está na cirurgia agora. Com o objetivo de retirar o sangue e o coágulo para diminuir a pressão dentro do cérebro causada pelo sangramento.

- Mãe - ela agia como se não quisesse responder a minha pergunta especificamente.

- Tudo depende de quanto tempo ele ficar assim - ela me leva até uma cadeira - você precisa comer. Sei que nem almoçou ainda - só ela tocar no assunto, que minha barriga começa a roncar.

Nem me lembrava mais que um ser humano precisa se alimentar.

- Tô sem fome - não queria sair dali enquanto eu não visse meu pai.

A Descoberta De Quem SouOnde histórias criam vida. Descubra agora