No fim das aulas
- Nós precisamos fazer alguma coisa - Marlene propõe.
As aulas passaram, como sempre, lentamente. Fiquei muito ansiosa para saber sobre a minha posição no time, queria ver meu pai logo e ainda tinha Fábio.
Sinto alguma coisa por ele, mas não consigo explicar. A última coisa que eu queria era estar "fugindo" dele. Porém, nosso último encontro - antes d'eu viajar - foi bem estranho. Além dele parecer ser bipolar. Uma hora de boa e na outra...
Resumindo, eu precisava falar com ele, mas não queria.
Entretanto, acho que hoje estou livre. Não voltei a vê-lo depois e sua tenativa de falar comigo no intervalo.
- Verdade! - Guilherme concorda.
- Não sei não... - coço a minha nuca meio incerta.
- Por quê? - Guilherme arregala os olhos.
- A gente entende - Marlene põe a mão em meu ombro. Guilherme apenas assiste sem entender nada. Eu começo a rir - o que? É por causa do seu pai, né? - eu e Guilherme gargalhamos - aff. Estava na cara - ela cruza os braços.
- Fazemos chamada de vídeo mais tarde - abraço eles e me viro.
- Tchau - eles dizem em uníssono.
Por mais que eu quisesse ver meu pai rápido, precisava de um tempo para pensar. E caminhando é um perfeito jeito de pôr as ideias no lugar.
De todas as coisas que eu pensei que não iam me deixar em paz, não imaginava que Safira seria uma delas. Contei para Marlene e Guilherme o que aconteceu na aula de educação física hoje. Eles ficaram de boca aberta, pois me disseram que ela não é assim.
Safira seria, para todos menos eu, um doce de pessoa. E isso não se encaixava, pois achei-a bem escrota, pra falar a verdade.
Um ataque de riso veio a mim. Comecei a rir de nervoso. O povo que por mim passavam, deviam me achar uma louca por estar rindo assim. Mas não consegui segurar após uma lembrança me invadir a mente.
Entrei nesse colégio junto com um garoto, estávamos no 3° ano. Ele era um chato comigo, quer dizer, insuportável. Fazia questão de sentar atrás de mim só pra ficar puxando meu cabelo. E ainda tinha a deia brilhante de pegar minhas coisas para eu ter que pedir de volta. Só pra mim conversar com ele. E quando me devolvia, estava destruído.
Eu o odiava, achava super infantil para a idade. Mas logo descobri que ele tinha uma queda por mim. Mas eu o rejeitei, nem pensava nisso.
Paro de gargalhar ao ver a mulher misteriosa, Melinda Solis, entrando na loja de roupas.
Essa é a minha chance! Acho que meu pai não vai se importar se eu der um desvio rapidinho.
Resolvo começar a descobrir os mistérios pelo mundo físico, ao invés de ficar só no virtual, pois assim, posso descobrir BEM mais.
Entro na loja e a observo de longe. Não estava perto o suficiente, mas pude ver e sentir tristeza em seu olhar. Aquilo me apertou o coração.
É agora ou nunca!
Caminho até ela e esbarro de propósito.
- Opa. Desculpa. Sou muito distraída - lhe ofereço um sorriso amigável. Seus olhos brilham ao me ver.
- Tudo bem - ela pisca várias vezes para afastar as lágrimas que eu consegui ver e me retribui o sorriso. Procuro alguma coisa para puxar assunto, mas só vejo um vestido rosa na sua mão.
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A Descoberta De Quem Sou
Teen Fiction🏅 Menção Honrosa - Deuses Literários 🏅 Vitória França é uma garota de 17 anos, filha de Theo França e Malala, tem duas amigas, Ágata e Miranda, e um namorado, Thomas. Uma vida perfeita, amigas para todos os desafios, um namorado dos sonhos e uma f...