Capítulo 18

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Já em casa

- Minha filha. Já arrumou as malas? - meu pai diz calmo e cansado. Eu chego e o encontro sentado de pernas cruzada no sofá suede preto na sala.

- Eu acabei de chegar. E eu não vou sair daqui! - firmo meu pé.

- Você faz o que EU mando quando EU mando.

- Farei dezoito em pouco tempo.

- Mas até lá, você está de baixo do meu teto, comendo as minhas custas. Você não ajuda em nada aqui garota! - sua voz, mesmo em um tom baixo, estava autoritária. 

- Não é problema. Eu arranjo um emprego - ele força uma gargalhada.

- Quero ver se você consegue trabalhar um dia se quer. Você recebe tudo de mão beijada. Quer mesmo me desrespeitar, me desafiar?

- Eu não te desrespeito... - minha frase morreu, pelo simples fato de escutar meu pai bater raivosamente na almofada do sofá. Um gesto que muito me assustou.

- Não altere a voz para falar com o seu pai! - eu o olho com desprezo. 

Como um homem assim podia ser meu pai? Não faz sentido!

- Hipócrita! - grito antes de subir para o meu quarto.

Enfiei minha face em meio ao edredom e comecei a soltar minhas lágrimas.

Eu estava, naquele momento, com muito ódio de Theo França. Eu não entendo, como ele quer o meu bem, se me faz infeliz. O papel de um pai é fazer com que seu filho se sinta seguro e amado. Mas tudo que ele me fazia ter era insegurança e medo. Tudo o que eu queria era sumir, desaparecer.

Talvez seja bom eu ir fazer o intercâmbio, mas... Eu estaria desistindo. E uma palavra que desapareceu de meu dicionário é, DESISTÊNCIA.

Cansei de fazer tudo o que ele me manda. Cansei de ser a filha perfeita, porque isso, eu deixei de ser a tempos.

Está na hora de parar com as promessas e começar a realizá-las. Não adianta eu dizer e não cumprir. Começando com a mulher misteriosa.

Theo sempre fez questão de eu ser a mais inteligente. Não só na questão da escola, como também em outros aspectos. Por exemplo, informática.

Eu posso muito bem invadir e descobrir quem estava no show da Pitty. É errado? É. Mas não vou desrespeitar a privacidade de ninguém. Apenas da mulher.

Então, peguei meu notebook e abri...

- Não! - droga! Estava sem Internet. E conhecendo o dono da casa como eu conheço, sei muito bem que ele mudou a senha - Pai! - desço batendo os pés no mármore travertino das escadas com força, de propósito, para fazer barulho.

- Vitória! - minha mãe me repreende.

- Eu preciso da Internet... - Não preciso explicar mais nada, pois o Senhor França invadiu o ambiente com sua ilustre presença.

- Você não disse que queria ser independente?

- Vai me deixar sem estudar? - cruzo os braços e jogo todo o meu peso na perna esquerda.

- Eu não te sustento mais. Se vira! - Theo diz - aliás, quero seu celular, sei que Malala te entregou, seu notebook e o Tablet. Você não come mais aqui, a não ser que mereça. E só não pego suas roupas por consideração. E a luz e água que você gasta, vai ter que pagar.

- Te odeio!

- Também te amo filhinha - ele sorri forçado, sarcástico, e some.

- Ahhhh! - grito em desabafo.

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