Capítulo 11 - Trabalho e distância

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O almoço com a família da Helena foi bem divertido, acho que mais para mim do que para ela. Eu entendi agora tudo o que ela chegou a comentar comigo sobre as críticas dos pais e os motivos de ela manter a identidade dela como Echii em segredo praticamente de estado. Eu percebi o quanto ela ficou desconfortável e até com raiva dos comentários dos familiares.

Eu nem consigo me imaginar no lugar dela, que tanto se esforça e trabalha no blog dela e tem que ficar ouvindo esses tipos de coisas de quem mais devia dar apoio. Meus pais sempre me animaram a seguir com o que eu queria fazer e mesmo estando um pouco fodido de dinheiro, eles sabem que faz parte da vida, pois muitas vezes nós ficamos com o orçamento apertado. Hoje eles vivem bem com aposentadoria e eu não quero ficar incomodando-os com meus perrengues e meus próprios problemas, já sou grandinho e sei me cuidar. Mas, de alguma forma, sei que para qualquer coisa eles estarão lá comigo para me segurar de uma possível queda.

Uma pena que a família da Helena talvez a jogasse direto no abismo pelo jeito que são. Acho as duas únicas pessoas que dariam a mão para ela são a irmã e a prima, que elogiaram o trabalho da Echii. Só que por um ponto faz sentido, elas tem a idade e ideias muito parecidas com as que o blog traz.

Eu fiquei nesse devaneio enquanto voltávamos para o condomínio, distraído, olhando a paisagem pela janela, até porque a Helena estava quieta desde que saímos. Senti que estava estranha e não deixei de pensar se era eu quem tinha feito alguma coisa ou se era por toda a situação que passamos durante o almoço.

Deixei que a gente chegasse ao estacionamento para perguntar, assim que desci do carro:

- Helena, aconteceu alguma coisa?

- Nada. – disse cabisbaixa

Tentei me aproximar para talvez abraçá-la e tentar oferecer um ombro amigo. Porém, ela me rejeitou.

- Gustavo, não. – reclamou

- Eu fiz alguma coisa? Se sim, me desculpe.

- Não foi você. Eu só estou chateada. Só isso!

- Até posso imaginar o que seja.

- Eu só preciso de um tempo sozinha.

- Tudo bem! Vamos subir então.

E no mesmo silêncio do carro, pegamos o elevador e descemos no nosso andar. Antes de nos separarmos disse:

- Se precisar, pode me chamar, manda mensagem ou eu vou ao seu apartamento.

- Obrigada, Gustavo, – sorriu, sem graça – especialmente por ser tão compreensivo.

- Não custa ter empatia. Fica bem tá? O que sua família disse lá no almoço não tem nada a ver com você. Eu sei que você sabe disso.

- Não é sobre o Contemporânea, é também uma série de outras coisas que não quero falar agora.

- Tudo bem! Até logo, H.

- Até logo, G. – disse tentando se animar

Então, cada um de nós caminhou em direção a seu respectivo apartamento. Entrei e logo sentir meu telefone tocar, era o meu amigo Mateus.

- Fala ai, Gustavo.

- Diga, cara.

- Acabei de ver a postagem das fotos lá no Contemporânea Erótica. Eu nem sabia que você conhecia a Echii e muito menos que tinha feito fotos dela. Por que não me contou?

- Era segredo esse trabalho, até porque você sabe que ela esconde quem é de todo mundo. – fui sincero

- Ela deve ser ainda mais gostosa pessoalmente né?

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