Capítulo 13 - Desabafo

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Eu fui tranquilão comprar meu lanche na praça perto do prédio e enquanto estava escolhendo, ouvi uma gritaria e até estranhei. Resolvi olhar e tomei um susto quando vi que era a Helena, acompanhada de um cara. Mas, aquilo não parecia um encontro amigável e muito menos que eles estavam se dando bem. Eu me aproximei e prestei atenção brevemente. Helena claramente o estava rejeitando, tanto verbal quanto fisicamente e mesmo assim o cara não soltava o braço dela. Pensei comigo: Será que é aquele ex que ela contou?

Só que não tive tempo de montar muitas suposições, pois ele agarrou o outro braço dela e iria beijá-la a força. O que mais me impressionava era a quantidade de gente olhando e simplesmente não tentando sequer intervir. Eu tive que fazer alguma coisa. Falei alto, chamando atenção dele que veio me confrontar. Foi querer até se meter a brigar comigo. Não vou mentir que o cara é forte, mas com certeza não sabe usar os músculos que tem, ou melhor, ele não luta. Montou uma guarda torta e que me deu o buraco que eu precisava para derrubá-lo de uma vez. E foi exatamente o que fiz! Um soco certeiro no rosto e ele caiu nocauteado. Deixamos os intrometidos, que decidiram só se meter quando dois homens iam brigar, cuidando do coitado desmaiado.

Logo eu e Helena compramos nossos lanches e voltamos para o condomínio. Ela foi dirigindo só porque não queria deixar o carro na rua. Apesar dela ter dito que estava bem e conversando comigo normalmente, dava para perceber que o ocorrido mexera com ela de alguma forma. Eu já tinha visto algumas amigas e até primas que passaram pela mesma situação. Queria perguntar e saber mais para poder ajudar, mas não o fiz porque não quis que ela remexesse as feridas que pareciam reabertas levemente.

Estacionamos, pegamos o elevador e subimos. Era para nos despedirmos e cada um rumar para seu apartamento, mas, ela puxou minha camisa e pediu:

- Gustavo, vem comigo.

Entramos em seu apartamento, ela colocou a sacola do cachorro-quente na mesa, se jogou no sofá e desabou a chorar, copiosamente. Fechei a porta atrás de mim e me sentei ao lado dela, oferecendo um ombro amigo. Depois de poucos minutos, ela se acalmou e falou:

- Desculpe por isso. Eu só sei que não ia aguentar chorar por causa disso sozinha outra vez. – bufou – Que inferno!

- Não precisa se desculpar. Está tudo bem! Se quiser conversar sobre, serei todo ouvidos.

- Acho que eu finalmente preciso contar isso para alguém.

- Podemos comer primeiro? – disse após minha barriga emitir um som relativamente alto

- Claro! – respondeu sorrindo

Enquanto comíamos, Helena tomou forças e foi contar brevemente a história toda.

- Bom, eu e o Pedro nos conhecemos desde a infância. Ele é o melhor amigo do meu irmão, como já deve saber. Acabou que quando ficamos adolescentes, nos apaixonamos e começamos a namorar. Era tudo maravilhoso no começo, até ela começar a querer me controlar. Queria saber com quem saia e para onde; olhava todas as roupas que eu vestia e mandava descartar as que não gostava; mal podia ver meus amigos e até alguns parentes; sem contar quando tinha algum homem perto e que interagia comigo, ele ficava uma fera. Eu, na minha inocência da idade, achava que era a forma dele de ciúmes e de demonstrar, mas não! Dois episódios me revelaram a verdade. Um foi quando a gente brigou e ele me pegou pelo braço e por muito pouco não me deu um tapa. Mas fiquei com uma marca no braço exatamente onde segurou. E, quando ele descobriu o que eu escrevia, quando ainda fazia as fanfics eróticas. Ele praticamente jogou meu computador pela janela e levei bastante tempo para comprar outro. Chegamos até a morar juntos por um tempo, porém depois desses acontecimentos eu fui embora e terminei o relacionamento. Para ele, é claro que nunca acabou. Na cabeça dele ainda não percebi que sou a mulher da vida dele. Mas, para mim, é esse inferno de ficar fugindo.

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