Culpa e dor

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quem tava com os panos prontos pra passar pra camila?


Sara, Ava e Camila conversavam na sala quando Alejandro e Celeste saíram do escritório.

- Ouvi falar que recuperou seu cavalo. – ele falou para a filha.

- Não graças a você. – Camila murmurou sem erguer a cabeça, ainda com os olhos fixos no papel a sua frente.

Alejandro sorriu sem graça. Estava acostumado ao jeito da filha, mas não esperava que ela fosse rude com ele o tempo todo.

- Eu só queria avisar que estamos indo embora. Vamos hoje ainda.

Isso fez Camila erguer os olhos do papel, mas ela tinha um sorriso tão aberto que Alejandro preferiu que ela ficasse abaixada. Camila se levantou animada, como uma criança que ganha um presente.

- Hoje mesmo? Nossa, bem que meu horóscopo disse que hoje seria um dia bom.

Sara engasgou com a água e ria tentando disfarçar. Alejandro revirou os olhos.

- Bom, já que está avisada, vou arrumar minhas coisas.

- Vá, não perca tempo! Quanto mais cedo arrumar, mais cedo vão embora.

Alejandro pareceu magoado, mas se Camila percebeu, não se importou. A menina apenas se virou para as amigas novamente e voltaria à reunião se não tivesse percebido dona Eduarda a encarando da cozinha. Mesmo sem a senhora dizer nada, Camila sabia que deveria ir até lá.

- Ele vendeu meu cavalo! – a Cabello já entrou na cozinha argumentando.

- Não estou aqui pra defender seu pai. – ela disse. – Mas ele ainda é teu pai, é isso que não pode esquecer.

- Não me importo com isso. Ele não se importou.

- Seu pai errou muito contigo. Mas você não pode deixar que isso defina como você se relaciona com ele. Você é maior do que isso, Camila, lembre-se da sua avó.

Camila puxou uma cadeira e sentou. Não queria ir contra dona Eduarda, mas não concordava com nenhuma palavra. Alejandro a deixara, não merecia nada da sua simpatia, muito menos do seu afeto.

- Por que o meu pai foi embora daqui, dona Eduarda? – ela perguntou de repente.

Os olhos da senhora se tornaram misteriosos, e Camila soube que tinha entrado em um assunto não tão agradável.

- Eu não sei, minha menina. Talvez você devesse perguntar a ele.

Camila negou. – Minha avó faleceu sozinha. Aqui, largada pelo próprio filho, se enterrando em dívidas com o Pete. Não consigo entender.

- Eu entendo a mágoa que guarda, menina, mas sua avó não morreu sozinha. Todo mundo nessas terras gostava da sua avó, e eu e Ava sempre estivemos ao lado dela.

- Eu sei, me desculpa. – Camila suspirou. – Eu não quero ver meu pai pelas costas, claro que não. Mas cada vez que eu tento me aproximar, ele faz isso comigo. Vira as costas pra mim, tenta vender as terras da minha avó, vende meu cavalo. Eu não sou mais importante do que dinheiro pra ele. E eu valho mais do que isso.

Camila limpou algumas lágrimas que tinha escorrido em seu rosto e se levantou para voltar à sala. Sara e Ava não estavam mais ali, e quando Camila saiu para procurar as duas, encontrou Celeste no caminho. Ela levava algumas malas para o carro e sorriu quando viu a enteada.

- Oi. – ela cumprimentou.

- Oi. Vai mesmo ir embora?

Camila perguntou. Percebeu como saíra a pergunta quando Celeste sorriu pretensiosa.

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