Donas das ideias loucas

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O clima pesava.

Aos poucos, os convidados foram dispersando e no fim restavam apenas os moradores regulares. Sara acariciava a cabeça de Camila, e Ava segurava a mão de sua avó. A cabeça da Cabello girava, aquela terra a intrigava. Não era tão inocente quanto parecia à primeira vista e isso era instigante. Como o homem mais poderoso da cidade chorava feito criança por sua avó, qual era a história ali?

-   Dona Eduarda? – Camila chamou se levantando do colo de Sara. –   A senhora pode me contar o que aconteceu entre o Pete e minha avó?

Dona Eduarda chamou Camila com a mão para que a menina sentasse ao seu lado. E Camila foi, tentando tirar aquela impressão de que aquele homem era e ainda seria o causador de muitos problemas para os Cabello.

-   Pete é apaixonado pela sua avó.

Camila já desconfiava, mas não deixou de se impressionar.

-   Apaixonado? Ele não estava aqui com a esposa?

-    Sim. – a senhora suspirou pesadamente. Aquela história parecia um fardo pra dona Eduarda. – Ele se casou com outra mulher, afinal a Virgínia nunca quis o Pete pra mais de amigo. Sua avó era apaixonada pelo seu avô, e o Pete nunca aceitou isso.

Camila gostava do que ouvia. Mesmo desacreditado de que aquele homem pudesse se apaixonar daquela forma, gostava de ouvir sobre a vida de sua avó.

-    Ele tentou de tudo, tudo o que você possa imaginar pra tentar separar os dois e fazer com que ela gostasse o mínimo dele.

-   E conseguiu? Separar os dois pelo menos.

-   Conseguiu. Mas isso é história pra outra hora. – ela se levantou e puxou sua neta consigo. – Ava pode me acompanhar? Eu quero deitar.

Ava assentiu e acompanhou a avó até a lateral da escada onde ficavam os quartos das duas. Camila suspirou, sua cabeça parecia pesar mil quilos.

-      Vamos andar um pouco? – Sara chamou depois de dar um minuto para a amiga digerir aquela conversa toda.

-   Vamos. Eu só vou lá em cima buscar um boné e uma camisa.

Camila desceu as escadas em dez minutos vestindo uma calça jeans, uma camisa xadrez, um boné, e uma camiseta de uma banda, o que destoava de todo o visual. Sara sorriu da espontaneidade.

As duas saíram pelo campo como fizeram algumas vezes desde que chegaram. Andavam em silêncio, com os sentimentos confusos no peito. Camila continuava intrigada com as histórias e Sara tinha um sentimento estranho no peito. Tinha uma afeição por aquela terra que não conseguia compreender direito.

Sempre fora mulher de cidade grande. De várias pessoas, de várias coisas pra fazer, de saídas na madrugada. Parecia sair completamente do esquadro de uma cidade pequena, pacata e que dormia antes das 21 horas, mas estar ali era diferente. Ver aquelas pessoas se amando e brigando o tempo todo parecia ter tocado seu sentimento. Era diferente. Era bom.

Camila interrompeu bruscamente seu caminho, assustando Sara.  A morena apenas apontou pra longe, onde um cavalo pastava pacificamente.

-   O cavalo.

-   Não sabia que ainda tinha cavalos por aqui.

-   Não tem. É o cavalo da Hailee.

Sara ergueu as sobrancelhas e sorriu.

-   Cavalo da Hailee, hein? Pensei que ela já tivesse recuperado.

-   Eu também achei.

Camila ficou um tempo apenas observando enquanto Sara ria em deboche ao seu lado.

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